Índia

Reviravolta eleitoral

Depois da vitória eleitoral na Índia, cuja última fase terminou a semana passada, o Partido do Congresso encetou negociações com formações de menor representação parlamentar com o objectivo de constituir um governo de coligação. A Aliança liderada pelo Partido do Congresso não conseguiu a maioria absoluta, tendo obtido 262 dos 543 lugares no parlamento, e necessita de outras 10 cadeiras para formar um executivo maioritário.
A vitória do primeiro-ministro Manmohan Singh no sufrágio bateu todas as projecções, que indicavam uma dispersão dos votos pela Aliança Unida Progressista, liderada pelo Partido do Congresso, pela Aliança Nacional Democrática, tendo à cabeça os nacionalistas hindus do Bharatiya Janata Party (BJP), e pela Terceira Frente, integrada pelos comunistas e outras forças progressistas e de cariz não confessional.
Numa primeira apreciação aos resultados, o Bureau Político do Partido Comunista da Índia (marxista) considerou que o triunfo e crescimento do Partido do Congresso, com mais 61 deputados do que em 2004, foi construído fundamentalmente à custa do BJP e aliados, que só à sua conta perdeu 22 lugares. Na base da confiança depositada pelos eleitores no actual governo estão igualmente medidas só aprovadas por pressão das forças progressistas e de esquerda, e a adesão popular a um projecto secular por oposição ao nacionalismo hindu protagonizado pelo BJP, acrescentaram os comunistas.
Para o PCI(m), a perda de 25 deputados em Bengala Ocidental e Kerala, regiões governadas há anos pelos comunistas, carecem de uma análise cuidada. Pelo contrário, em Tripura, o PCI(m) congratula-se com a votação maciça em todas as secções eleitorais.

Vi­o­lência e in­ti­mi­dação

Para pressionar a liberdade de escolha e a consequente reviravolta eleitoral no Estado de Bengala Ocidental contribuiu decisivamente o apoio do Partido do Congresso ao seu aliado local, o Congresso Trinamool (TMC), que ao longo do período de campanha promoveu diversos ataques contra candidatos, dirigentes e militantes do PCI(m).
Somente entre 7 de Março e 13 de Maio, 26 camaradas morreram, milhares de pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram atacadas e centenas de casas foram incendiadas. Já depois da consulta popular, outros dois activistas de esquerda foram assassinados, nota um comunicado do Bureau Político datado de 18 de Maio.
«O objectivo do TMC [nos meses que antecederam o sufrágio] foi aterrorizar os apoiantes do PCI(m) e legitimar uma campanha policial de contornos antidemocráticos que destabilizou a região e impediu o governo de implementar políticas favoráveis às camadas populares», refere o texto.
O documento conclui, mais adiante, que «estes actos antidemocráticos altamente condenáveis têm que cessar. Os eleitos do TMC e do Partido do Congresso em Bengala Ocidental vão ser membros de um governo. Nesse sentido, têm a obrigação de garantir que a democracia e os direitos constitucionais não voltarão a ser espezinhados em Bengala Ocidental».


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