A mais vasta e profunda do pós-guerra

Crise sem fim

«A economia europeia atravessa a recessão mais profunda e mais vasta desde o pós-guerra», reconhece a Comissão Europeia nas suas previsões para 2009-2010, divulgadas segunda-feira, dia 4.

Comissão Europeia admite recessão longa

Revendo em baixa as anteriores previsões, a Comissão Europeia calcula uma queda do PIB de quatro por cento na Zona Euro e a continuação da recessão em 2010, com uma contracção da actividade em 0,1 por cento.
Os mercados de trabalho serão severamente atingidos, prevendo-se que a taxa de desemprego na UE atinja os 11 por cento em 2010. Em dois anos, afirma o executivo comunitário, perder-se-ão cerca de 8,5 milhões de postos de trabalho. Os défices públicos vão agravar-se podendo representar 7,25 por cento do PIB da UE em 2010.
Para Portugal, a Comissão prevê uma queda este ano de 3,7 por cento do PIB, que continuará a contrair-se em mais 0,8 por cento em 2010. O desemprego atingirá cada vez mais trabalhadores, prevendo os serviços de Bruxelas que represente 9,1 por cento da população activa este ano e «quase os dez por cento em 2010». Também o défice público deverá disparar já este ano para 6,5 por cento do PIB, podendo atingir os 6,7 por cento em 2010.
Todavia, as previsões da Comissão Europeia, que significam um retrocesso económico de vários anos nos diferentes países e uma degradação dos rendimentos reais da esmagadora maioria da população, são consideradas como «optimistas» face aos números recentemente publicados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Ambos os organismos traçam um quadro ainda mais negro da crise, com particularidade de reverem regularmente em baixa as suas previsões.

Capital concentra-se

Mas enquanto a crise devasta a economia e faz uma razia nos postos de trabalho, o grande capital continua o seu processo de concentração, firmando acordos milionários de fusões e aquisições. É o caso do construtor automóvel italiano Fiat que, depois de na passada semana ter deitado mão ao americano Chrysler à beira da falência, acaba de anunciar, dia 4, a sua intenção de adquirir as marcas europeias do grupo General Motors. Em causa estão designadamente, a Opel e a sueca Saab.
Segundo declarou um dos administradores do construtor transalpino, Sergio Marchionne, o novo grupo resultantes destas fusões passaria a ser o segundo maior mundial, atrás do japonês Toyota, gerando receitas no valor de 80 mil milhões de euros anuais e vendas entre seis e sete milhões de viaturas.
Para além disso, garantiu Marchionne, a aquisição das dez fábricas da Opel pela Fiat «do ponto de vista técnico e industrial, é um casamento perfeito» que permitirá uma economia de mil milhões de euros anuais. Boa parte desta «poupança», acrescentou o Financial Times, resultará da destruição de cerca de nove mil postos de trabalho.


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