Jerónimo de Sousa sobre a Qimonda, no debate quinzenal

Solução tem de defender os postos de trabalho

O primeiro-ministro diz que continua apostado na procura de uma solução para a Qimonda, mas não dá sinais de incómodo ou indignação pelo facto de a multinacional ter sacado do País 150 milhões de euros.

Multinacional retira dinheiro à beira da declaração de insolvência

A questão foi suscitada na passada semana pelo Secretário-geral do PCP no debate quinzenal com o primeiro-ministro no mesmo dia em que o Jornal de Negócios noticiava que a Quimonda da Alemanha retirara aquela verba à sua filial de Vila do Conde, pouco antes da declaração de insolvência.
«Levou para a Alemanha os lucros acumulados em Portugal, quando é preciso encontrar uma solução para defender os postos de trabalho», criticou Jerónimo de Sousa, que pediu a Sócrates para confirmar se é verdade, como se fala, que o esforço do Estado português na Qimonda foi na ordem dos 500 milhões de euros.
«Teve conhecimento desta operação?», foi a pergunta directa colocada ao chefe do Governo pelo dirigente comunista, antes de indagar sobre as medidas que o Governo pensa adoptar para «defender os interesses dos portugueses e dos trabalhadores, na perspectiva da retoma da laboração da empresa e do regresso desse dinheiro expatriado».
Sócrates, na resposta, repetiu o consabido discurso de que «o Governo está empenhado numa solução» para a empresa, que está «a fazer tudo», recordando os contactos com o governo regional da Saxónia e o governo federal alemão. E que já «fez várias propostas», estando a «agir em duas frentes, com os investidores e com os governos» para garantir uma solução para as suas fábricas. Repetiu ainda outras generalidades e frases feitas, como por exemplo a de que «não prescinde da Qimonda» nem «atira a toalha ao chão», asseverando que «enquanto à vida à esperança». Sobre as questões concretas colocadas pelo Secretário-geral do PCP: zero. O que levou este a insistir nas perguntas fazendo notar a Sócrates, com ironia, que «podendo todos ser ingénuos, todos já perdemos a inocência». É que, observou, não é compreensível que a multinacional à beira da declaração de insolvência decida retirar aquela quantia fabulosa e o primeiro-ministro nada diga, vindo agora repetir o discurso de «boas intenções» na busca de uma solução para a Qimonda de Vila do Conde.

Bónus principescos

O Secretário-geral do PCP questionou ainda José Sócrates sobre o pagamento de uma verba «superior a meio milhão de euros» ao então presidente e dois administradores da Caixa Geral de Depósitos – Carlos Santos Ferreira, Armando Vara e Vítor Fernandes - que «trocaram o banco público pelo BCP» no final de 2007.
«Ó senhor primeiro-ministro, isto está tudo ao contrário. Não pode fazer aqui declarações de combate aos privilégios e mordomias e depois assistirmos a estas situações», afirmou o dirigente comunista, pondo em evidência a contradição entre a realidade dos factos e as boas intenções do discurso governamental. «Qual a justificação para este bónus? É um prémio pela mudança? É assim que defende o interesse público?», inquiriu, considerando que «isto não dignifica o Governo nem a política».
Respondendo, o primeiro-ministro considerou que não houve qualquer indemnização. «O que se passou foi que os administradores acabaram os seus mandatos e receberam apenas aquilo a que tinham direito», afirmou, achando o procedimento como normal.



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