FARC renovam apelo ao intercâmbio humanitário

Pela paz com justiça social

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia renovaram, domingo, a sua disposição para um intercâmbio humanitário com o Governo. A organização desmente ainda que tenha em seu poder 3800 detidos por «razões económicas».

Só a ex­trema-di­reita de Uribe re­cusa o diá­logo

«Queremos reiterar-lhes que continuamos empenhados numa troca de prisioneiros de guerra e que estamos dispostos a não fazer do lugar do diálogo um obstáculo inultrapassável», afirma a carta enviada pelo Secretariado das FARC à Colombianos pela Paz (CPP), respondendo, desta forma, à missiva enviada anteriormente por aquela organização.
No documento publicado pela Agência Nova Colômbia, as FARC revelam igualmente que estão a «analisar as propostas feitas pela senadora Piedade Córdoba com o objectivo de dinamizar o caminho da paz com justiça social», e comprometem-se, «assim que as condições o permitam, a enviar às respectivas famílias provas de vida dos 20 militares e polícias que temos em nosso poder».
A guerrilha propõe também que o Governo restitua os restos mortais dos comandantes Iván Ríos e Raúl Reyes, entregando, por sua vez, os restos de Julían Guevara. Neste particular, pedem o envolvimento de observadores internacionais em todo o processo como garantia de que as provocações governamentais registadas aquando da libertação unilateral de quatro militares e dos políticos Alan Jara e Sigifredo López não se voltam a repetir, não só para que a operação seja bem sucedida, mas para que a segurança dos envolvidos não seja colocada em causa como então.
No texto, as FARC encarregam como seus porta-vozes Pablo Catatumbo, Carlos Lozada e Fabián Ramírez, e negam ainda manterem detidas 3800 pessoas por razões económicas. «As cifras oficiais insistem, através de uma campanha de intoxicação, que as FARC têm em seu poder 3800 presos por razões económicas. Consultámos todas as nossas estruturas político-militares e informamos que sob responsabilidade das FARC apenas se encontram nove detidos no âmbito da lei 002», precisam.

Go­verno in­siste na guerra

A carta enviada pelo Secretariado das FARC foi divulgada um dia depois do governo colombiano recusar qualquer possibilidade de diálogo com a organização armada prometendo «firmeza para com os terroristas» e diálogo «com os colombianos de todas as tendências políticas». A questão é que apenas a tendência política representada pelo executivo de Álvaro Uribe rejeita o diálogo com as FARC, isto é, todos valoram como positivos os passos das FARC e manifestam-se favoráveis à dinamização de conversações tendo em vista a solução pacífica do conflito no país, menos a extrema-direita.
Reagindo às propostas, o líder do Pólo Democrático Alternativo, Carlos Gavira, considerou-as um passo em frente mas lamentou os obstáculos colocados permanentemente por Uribe. No mesmo sentido pronunciou-se o director do semanário Voz, órgão central do Partido Comunista da Colômbia, Carlos Lozano, que espera que «o governo tenha a grandeza de rever as suas exigências inamovíveis e compreenda que o melhor é aproveitar a oportunidade que se abre com a possibilidade de troca de prisioneiros».
Já Ivan Cepeda, em nome da CPP, considerou que o facto das FARC colocarem como condição para se sentarem à mesa das negociações a desmilitarização dos municípios de Florida e Pradera, na região de Valle de Cauca, abre uma porta até agora fechada.


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