Comício no Porto

Longa vida ao PCP!

Mil lugares sentados não chegaram para acolher todos os militantes e amigos que, no domingo passado, participaram no comício do 88.º aniversário do PCP, realizado no Porto, obrigando muitos deles a permanecer de pé e a ocupar as alas laterais do cinema Batalha.

O trabalho preparatório das eleições para o PE é um objectivo primordial

Se a participação era muito numerosa, não menor foi o entusiasmo de todos ao longo duma tarde que, mais uma vez, permitiu confirmar o ânimo e força que movem os comunistas portugueses.
As reacções vivas, enérgicas, foram uma constante desde o início, durante a actuação musical de Jorge Lomba, crescendo ao longo das quatro intervenções do comício, a primeira das quais de Filipe Costa, da Direcção Nacional da JCP. Seguiu-se-lhe Ilda Figueiredo, deputada do PCP no Parlamento Europeu e membro do CC, Jaime Toga, responsável da Direcção da Organização Regional do Porto e membro da Comissão Política, e, por fim, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
Todas as intervenções do comício acabaram por retratar um povo que exige uma ruptura urgente com as políticas de direita, com particular incidência no Norte do País, nomeadamente no distrito do Porto. Jaime Toga foi mesmo peremptório ao afirmar que «o País atravessa uma situação económica e social grave», «possivelmente a pior desde o 25 de Abril de 1974», pelo que, na região do Porto, inevitavelmente, «os trabalhadores e as famílias também sentem esses problemas na sua vida diária». A situação do distrito do Porto, pese embora «agravada», «não foi provocada pela crise internacional», afirmou aquele dirigente, dando como exemplo a «dimensão catastrófica» do encerramento de empresas no distrito, de 2004 a 2006, no período final do Governo PSD/CDS e início deste Governo PS. Então, o distrito do Porto viu desaparecer milhares de empresas no sector primário, nos têxteis, construção, metalúrgicos, entre outros sectores.
Jaime Toga referiu ainda as consequências visíveis no «empobrecimento» daquela região onde, em 15 dos 18 concelhos do distrito do Porto, o poder de compra está abaixo da média nacional, e denunciou o prosseguimento da «destruição do tecido produtivo do distrito», com os muitos encerramentos, despedimentos e recursos ao lay off, muitas vezes em empresas com viabilidade, sem que o Ministério do Trabalho intervenha, por incapacidade dos serviços inspectivos.
Considerando que a actual política «visa a destruição do que é público» para a sua posterior «entrega a privados», este responsável da DORP exemplificou com a intenção de passagem da Universidade do Porto a fundação, degradando o ensino e «tornando-o refém das direcções corporativas».

Ir até ao fim

Para Ilda Figueiredo, a «permanente destruição do nosso aparelho produtivo, das nossas empresas», trouxe o agravamento do desemprego «para níveis inadmissíveis». Considera entretanto que no Parlamento Europeu, tal como na Assembleia da República, os comunistas «têm sido a voz na luta dos trabalhadores, na defesa do emprego com direitos». A exemplificar referiu as iniciativas levadas a cabo recentemente em defesa da Qimonda, para a manutenção dos milhares de postos de trabalho em risco. «Palavras vãs» são, para Ilda Figueiredo, a tão falada «coesão económica e social» na Europa, quando se lhe contrapõe toda uma política de apoio à banca e ao sector financeiro e de abandono dos trabalhadores e das populações. Para combater esta situação, Ilda Figueiredo defendeu que «a luta tem que ir até ao voto» e que o reforço da CDU, em 7 de Junho, é fundamental na «luta que se impõe para defender os interesses do nosso País e a Europa dos Trabalhadores e dos Povos".
Foi com enorme entusiasmo e visível determinação que os militantes e simpatizantes que enchiam a sala ouviram Jerónimo de Sousa saudar os «milhares de trabalhadores e outros portugueses» que, do distrito do Porto, do Norte e de todo o País participaram «num acto livre e consciente em luta contra este Governo», que foi a manifestação de 13 de Março convocada pela CGTP.
Para o secretário-geral do PCP, os últimos quatro anos traduziram-se «num agravamento dos problemas sociais» e no «aumento galopante do desemprego e da precariedade». Assim, para Jerónimo de Sousa, o que o Governo PS «tem para apresentar na hora do balanço é um país em regressão económica e social, mais empobrecido, mais deficitário» e «particularmente mais injusto», situação bem explícita, «na situação em que o distrito do Porto se encontra».
Relativamente às eleições europeias de 7 de Junho, Jerónimo de Sousa considera que um bom resultado da CDU «não só se justifica pelo trabalho meritório» dos deputados comunistas no Parlamento Europeu mas, também, porque é «o momento de mostrar um cartão de aviso a este Governo e às suas políticas». Para si, o trabalho preparatório das eleições para o Parlamento Europeu é mesmo um objectivo primordial, não devendo, porém, deixar esmorecer o esforço no prosseguimento do restante trabalho partidário e eleitoral deste ano. Ou seja, um grande desafio para os comunistas portugueses, a quem Jerónimo de Sousa diz ser exigido «inventar a forma de dar o passo maior que a perna». Por fim, encerrou este comício de aniversário «de punho bem levantado à longa vida e mais futuro ao PCP, uma vida, uma história e uma luta em que o povo pode confiar!».
Muitas dezenas de bandeiras vermelhas esvoaçaram dentro do «Batalha» ao som do «Avante», da «Internacional» e da «Portuguesa, por um PCP mais forte.


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