Governo neoliberal gere tensão

O governo sérvio rejeita entrar para a União Europeia se a contrapartida for o reconhecimento da independência do Kosovo, província que declarou unilateralmente a sua soberania em Fevereiro desde ano com o apoio de Bruxelas e dos EUA.

A dívida externa da Sérvia é já de 75 por cento do PIB

«Se o Kosovo se tornar uma condição, a Sérvia não terá outra alternativa que dizer 'não' [à UE]», disse o ministro dos Negócios Estrangeiros sérvio, Vuk Jeremic. O responsável diplomático de Belgrado, citado pela Lusa, frisou ainda que se estados-membros como a Espanha, a Grécia, a Eslováquia, a Roménia e o Chipre não o fizeram, então um candidato à adesão também não terá que fazê-lo, acrescentando, no entanto, que a Sérvia não espera que o reconhecimento da independência do Kosovo seja uma condição absoluta a ser considerado.
Já no que toca ao reconhecimento do Tribunal Penal Internacional (TPI) e à entrega a esta instância supranacional de alegados envolvidos em crimes de guerra durante o conflito nos Balcãs – como aconteceu com o ex-presidente do país, Slobodan Milosevic, morto nos calabouços de Haia em circunstâncias ainda por apurar cabalmente -, o executivo sérvio não se apresenta tão intransigente.
Ainda a semana passada, a agência noticiosa sérvia informava que a polícia local realizava operações de captura contra o antigo chefe militar dos sérvios da Bósnia, Ratko Mladic. As buscas decorreram nos primeiros dias de Dezembro na cidade de Arandjelovac e as autoridades anunciaram o incremento das buscas até ao final do mês.

Gestão habilidosa

Quer o reconhecimento do Kosovo quer a colaboração com o TPI são exigências da UE para acolher a Sérvia no seu seio, mas o governo de Belgrado vê-se obrigado a administrar a oposição interna a ambas as orientações, embora no que à independência da antiga província kosovar goze de maior folga, dadas as divergências internacionais sobre a matéria, e, por isso, mantenha uma posição aparentemente mais dura.
Nesta gestão habilidosa para evitar convulsões sociais e protestos populares, o governo tem ainda que equacionar a difícil situação social dos trabalhadores sérvios.
Segundo um comunicado do Novo Partido Comunista da Jugoslávia (NPCJ), datado de 10 de Dezembro, o aviso do executivo de Belgrado para que o povo «aperte o cinto» expressa com clareza a orientação que está a ser seguida e, dizem, vai continuar: baixos salários, desemprego e inflação crescente, desmobilização da resistência às suas políticas.
«Cerca de 40 mil empresas abriram falência. Metade da população activa está desempregada. 60 por cento da capacidade industrial foi delapidada. Os novos oligarcas exploram os trabalhadores a quem chamam de “preguiçosos”. Os governos sucederam-se nos últimos anos, mas todos são responsáveis pelo neoliberalismo que empurrou os trabalhadores sérvios para a pobreza», sublinha o NPCJ.
Os políticos que alternam no poder, referem os comunistas, têm milhões de euros nas respectivas contas bancárias, fruto dos serviços que têm feito ao capital nacional e estrangeiro, como a privatização ao desbarato das empresas estatais entretanto modernizadas para posteriormente serem entregues à gula privada, ou do estrangulamento da produção agrícola e da propriedade social no sector primário e da sua entrega à agroindústria.
Assim, não é de estranhar que a dívida externa do país atinja já 75 por cento do Produto Interno Bruto, deixando-o mais dependente económica e politicamente.


Mais artigos de: Internacional

Bush contestado no Iraque

Na última visita ao Iraque antes de abandonar a Casa Branca, o presidente dos EUA foi insultado por um jornalista durante uma conferência de imprensa na capital iraquiana, reflexo do repúdio popular contra a ocupação.

A luta dos trabalhadores vai continuar

Os trabalhadores colombianos vão prosseguir as mobilizações contra o regime neoliberal capitalista na Colômbia, por melhores salários e pensões, e em defesa de direitos sociais e laborais, fazendo do ano de 2009 mais um ano de muitas e grandes lutas no país. A garantia é das centrais sindicais CUT, CTC e CGT, e da...