Sair do silêncio
Há duas semanas, o Avante! publicou um artigo onde se realçava os aspectos essenciais do conteúdo do boletim da célula do Partido no Shopping dos Olivais, em Lisboa. Hoje voltamos lá, para dar a conhecer como estes comunistas contornam as dificuldades para levarem mais longe a organização e a intervenção do Partido.
As dificuldades são grandes, mas não impedem o Partido de intervir
A célula do Partido no Shopping dos Olivais, grande bairro situado na periferia da capital, nasceu há três anos. Na sequência das decisões do XVII Congresso do PCP, realizado em finais de 2004, foi lançada pelo Comité Central a orientação de transferir para as organizações de empresa ou sector profissional os militantes com menos de 55 anos que fossem trabalhadores no activo.
Desta forma, constatou-se a existência de um núcleo de militantes, até então organizados na freguesia de Santa Maria dos Olivais, que trabalhavam naquele centro comercial. Consumada a transferência, criou-se a célula. Não de forma administrativa, mas com o objectivo de levar as posições e propostas do Partido aos trabalhadores.
Daí para cá, o recrutamento tornou-se uma prioridade da célula e esta não parou de crescer, atingindo rapidamente a dezena de membros, a maioria dos quais jovens (como o são grande parte dos trabalhadores daquele estabelecimento). Apesar da saída recente de elementos, que mudaram de local de trabalho, a célula continua activa.
O que não significa que não existam dificuldades. Como realçou ao Avante! uma militante, não é fácil reunir um organismo do Partido com estas características: o trabalho por turnos, os horários desfasados e muito longos e os segundos empregos dificultam a tarefa. «Temos um camarada que está a fazer 12 horas por dia e isto não deixa de se reflectir na célula», afirmou. A precariedade reinante naquela grande superfície obriga também a cuidados especiais na intervenção partidária.
Mas a verdade é que o Partido se vai afirmando junto dos trabalhadores do Shopping dos Olivais. Ao início, através da distribuição de documentos nacionais do PCP sobre Saúde ou Educação. A partir de Fevereiro deste ano, e de dois em dois meses, com a edição e distribuição do boletim da célula, a que o Avante! dedicou um artigo numa das suas edições recentes.
Nestas distribuições, a célula do Partido tem contado regularmente com o apoio de outros militantes que não trabalham naquele centro comercial. Mas é lá dentro que o essencial do trabalho é feito.
Ultrapassar obstáculos
O membro da célula que falou ao Avante! contou como é feita esta distribuição. «Entro dentro das lojas quando lá estão poucos clientes, digo o menos possível e entrego o boletim.» Uma outra militante assegura a distribuição nas lojas mais próximas daquela onde trabalha.
Com o Avante!, é igual. Na última venda especial do jornal, que continha um suplemento sobre as alterações ao Código do Trabalho, foram vendidas algumas dezenas de exemplares. Com os compradores já combinados de antemão, a entrega foi feita de forma discreta, mas muito eficaz.
Para além do boletim da célula e dos documentos centrais do Partido, os comunistas do Shopping dos Olivais também fazem chegar aos vigilantes o boletim específico editado pelo Sector da Portaria e Vigilância da Organização Regional de Lisboa do PCP.
Actualmente, a célula está a promover um questionário aos trabalhadores do centro comercial. O objectivo é estimular a conversa em torno das alterações que o Governo do PS pretende efectuar na legislação laboral, das propostas do PCP e da importância da participação dos trabalhadores na luta. As conversas são rápidas e os momentos escolhidos com prudência. Mas, mais uma vez, não há dificuldade que trave a determinação dos comunistas em esclarecer e mobilizar os trabalhadores.
Abrir caminhos
«Neste momento, o trabalho sindical não está desligado do trabalho do Partido», vincou o membro da célula. «Têm-se feito sindicalizações. Até já se conseguiu eleger uma delegada sindical no Shopping, no sector do comércio. Mas também se fizeram sindicalizações no sector da hotelaria e restauração.» No Pingo Doce também se estão a fazer sindicalizações e existem delegados sindicais.
A célula do Partido naquele centro comercial valoriza muito as acções que as diversas estruturas unitárias realizam junto dos trabalhadores. Em sua opinião, contribuem para o aumento da sua consciência social e política.
Foi o caso, há cerca de dois anos, da visita da União dos Sindicatos de Lisboa/ CGTP-IN ao estabelecimento. «As reacções dos trabalhadores foram interessantes», sustenta a comunista. «Até pode existir receio, devido à precariedade, mas os trabalhadores não tiveram medo de ouvir e de falar, mesmo sabendo que podiam estar a ser observados.» Nessa jornada, fizeram-se bastantes sindicalizações. Também a Frente Anti-Racista contactou com os trabalhadores estrangeiros do Shopping.
Todas estas iniciativas, confia a responsável pela célula, contribuem para «criar os caminhos para a luta» dos trabalhadores do Shopping e do Pingo Doce. Estes últimos, confia a militante comunista, têm mais consciência de classe do que os seus colegas do centro comercial. «Poderão trazer os outros para a luta. Poderá ser o acender do rastilho.»
Facto é que «as coisas estão diferentes», disse-nos. Fala-se mais abertamente dos problemas laborais e até da Festa do Avante! e do próprio Partido. «Saiu-se do silêncio.».
Desta forma, constatou-se a existência de um núcleo de militantes, até então organizados na freguesia de Santa Maria dos Olivais, que trabalhavam naquele centro comercial. Consumada a transferência, criou-se a célula. Não de forma administrativa, mas com o objectivo de levar as posições e propostas do Partido aos trabalhadores.
Daí para cá, o recrutamento tornou-se uma prioridade da célula e esta não parou de crescer, atingindo rapidamente a dezena de membros, a maioria dos quais jovens (como o são grande parte dos trabalhadores daquele estabelecimento). Apesar da saída recente de elementos, que mudaram de local de trabalho, a célula continua activa.
O que não significa que não existam dificuldades. Como realçou ao Avante! uma militante, não é fácil reunir um organismo do Partido com estas características: o trabalho por turnos, os horários desfasados e muito longos e os segundos empregos dificultam a tarefa. «Temos um camarada que está a fazer 12 horas por dia e isto não deixa de se reflectir na célula», afirmou. A precariedade reinante naquela grande superfície obriga também a cuidados especiais na intervenção partidária.
Mas a verdade é que o Partido se vai afirmando junto dos trabalhadores do Shopping dos Olivais. Ao início, através da distribuição de documentos nacionais do PCP sobre Saúde ou Educação. A partir de Fevereiro deste ano, e de dois em dois meses, com a edição e distribuição do boletim da célula, a que o Avante! dedicou um artigo numa das suas edições recentes.
Nestas distribuições, a célula do Partido tem contado regularmente com o apoio de outros militantes que não trabalham naquele centro comercial. Mas é lá dentro que o essencial do trabalho é feito.
Ultrapassar obstáculos
O membro da célula que falou ao Avante! contou como é feita esta distribuição. «Entro dentro das lojas quando lá estão poucos clientes, digo o menos possível e entrego o boletim.» Uma outra militante assegura a distribuição nas lojas mais próximas daquela onde trabalha.
Com o Avante!, é igual. Na última venda especial do jornal, que continha um suplemento sobre as alterações ao Código do Trabalho, foram vendidas algumas dezenas de exemplares. Com os compradores já combinados de antemão, a entrega foi feita de forma discreta, mas muito eficaz.
Para além do boletim da célula e dos documentos centrais do Partido, os comunistas do Shopping dos Olivais também fazem chegar aos vigilantes o boletim específico editado pelo Sector da Portaria e Vigilância da Organização Regional de Lisboa do PCP.
Actualmente, a célula está a promover um questionário aos trabalhadores do centro comercial. O objectivo é estimular a conversa em torno das alterações que o Governo do PS pretende efectuar na legislação laboral, das propostas do PCP e da importância da participação dos trabalhadores na luta. As conversas são rápidas e os momentos escolhidos com prudência. Mas, mais uma vez, não há dificuldade que trave a determinação dos comunistas em esclarecer e mobilizar os trabalhadores.
Abrir caminhos
«Neste momento, o trabalho sindical não está desligado do trabalho do Partido», vincou o membro da célula. «Têm-se feito sindicalizações. Até já se conseguiu eleger uma delegada sindical no Shopping, no sector do comércio. Mas também se fizeram sindicalizações no sector da hotelaria e restauração.» No Pingo Doce também se estão a fazer sindicalizações e existem delegados sindicais.
A célula do Partido naquele centro comercial valoriza muito as acções que as diversas estruturas unitárias realizam junto dos trabalhadores. Em sua opinião, contribuem para o aumento da sua consciência social e política.
Foi o caso, há cerca de dois anos, da visita da União dos Sindicatos de Lisboa/ CGTP-IN ao estabelecimento. «As reacções dos trabalhadores foram interessantes», sustenta a comunista. «Até pode existir receio, devido à precariedade, mas os trabalhadores não tiveram medo de ouvir e de falar, mesmo sabendo que podiam estar a ser observados.» Nessa jornada, fizeram-se bastantes sindicalizações. Também a Frente Anti-Racista contactou com os trabalhadores estrangeiros do Shopping.
Todas estas iniciativas, confia a responsável pela célula, contribuem para «criar os caminhos para a luta» dos trabalhadores do Shopping e do Pingo Doce. Estes últimos, confia a militante comunista, têm mais consciência de classe do que os seus colegas do centro comercial. «Poderão trazer os outros para a luta. Poderá ser o acender do rastilho.»
Facto é que «as coisas estão diferentes», disse-nos. Fala-se mais abertamente dos problemas laborais e até da Festa do Avante! e do próprio Partido. «Saiu-se do silêncio.».