Lutar por uma vida melhor
As políticas de direita dos sucessivos governos acumularam no Vale do Ave graves problemas estruturais, verdadeiras «bombas» económicas e sociais que o Executivo PS despoletou e, agora, agrava. Para melhor compreender este contexto, Jerónimo de Sousa visitou, domingo, diversas localidades dos concelhos de Famalicão e Guimarães e, num comício realizado a meio da tarde, criticou as propostas do Governo de alteração do Código de Trabalho. Manifestou ainda uma mensagem de confiança aos trabalhadores e às populações em geral: «Quando se luta nem sempre se ganha, mas quando não se luta perde-se sempre».
Como é possível que um Governo esteja a prejudicar tanto aqueles que menos têm e menos podem?
A população de Serzedelo, concelho de Guimarães, acordou, domingo, com o anúncio da iniciativa que iria ali se realizar: «O Vale do Ave tem futuro. Não faltes, dá mais força ao PCP». Por entre as palavras de ordem, que ecoavam pelo altifalante de um veículo que percorria a vila, ouvia-se: «Dia a dia amanhece uma nova esperança», «para a frente na luta até à vitória», «não fiques para trás que o teu destino é o mesmo da gente».
A concentração, à hora marcada, situava-se, exactamente, entre o Largo do Calvário e a Rua 25 de Abril. Aos poucos, o verde, predominante daquela região, misturava-se com as alegres cores das bandeiras, que esvoaçavam no pulso firme de, já, algumas dezenas de camaradas e amigos do PCP.
À medida que os minutos passavam a inquietação dos presentes aumentava. «Jerónimo de Sousa deve estar por ai a chegar», dizia um, enquanto se testava o som da aparelhagem.
Mas porquê esta iniciativa? «Temos uma das maiores taxas de desemprego do País, o emprego é precário e os salários baixos. Queremos aprofundar, por um lado, o conhecimento desta situação e, por outro, animar os trabalhadores e a população para a luta em defesa dos seus direitos», afirmou, ao Avante!, Paulo Raimundo, responsável pela Organização Regional de Braga do PCP.
Começaram-se, então, a ouvir bater as palmas. Jerónimo de Sousa, acompanhado por Agostinho Lopes, deputado do PCP na Assembleia da República, havia chegado. «A vossa participação, nesta iniciativa, têm um significado muito importante. Há sempre quem não desiste de procurar resolver os problemas, de lutar por uma vida melhor», afirmou, alertando, de imediato, para as consequências, nefastas, da política do PS.
«Há três anos, Sócrates apelava aos sacrifícios dos portugueses para endireitar as contas públicas. Queixava-se que a direita tinha deixado o País mal. Hoje, assistimos que os sacrifícios não eram para todos, mas sim para os trabalhadores, para os reformados, para os pequenos e médios empresários, para os pequenos e médios agricultores e comerciantes», alertou.
Do outro lado, acusou, «as grandes fortunas, os banqueiros, os grandes grupos económicos, nunca ganharam tanto dinheiro como agora».
Depois da denúncia, era pois tempo, que corria contra a vontade de todos aqueles que queriam cumprimentar o secretário-geral do PCP, de seguir viagem. O próximo destino foi Oliveira de S. Mateus, que acolheu a caravana comunista com uma pequena multidão de pessoas.
«É com orgulho que recebemos, entre nós, pela primeira vez, Jerónimo de Sousa, o único líder de um partido que não engana, que está sempre com o povo e com os trabalhadores», afirmou Adão Coelho, eleito do PCP na Junta de Freguesia.
Na sua intervenção, que foi antecedida por um momento musical proporcionado por uma criança, o secretário-geral do PCP lamentou os elevados níveis de desemprego da região e alertou para a cada vez maior necessidade dos trabalhadores saírem do país à procura de uma vida melhor. «As pessoas já não têm alternativas e são obrigados a partir à procura de um trabalho, noutro país, para governar a sua vida», afirmou, interrogando: «Como é possível que um Governo, que conseguiu uma maioria absoluta com promessas, esteja a prejudicar tanto aqueles que menos têm e menos podem?».
A resposta estava na ponta da língua: «Em vez de ter investido no desenvolvimento, no crescimento económico, na protecção do aparelho produtivo, na produção nacional, beneficiou, antes, os grandes grupos económicos».
«O que vem ai não é bom»
A comitiva do PCP crescia à medida que caminhava para o próximo destino: Pedome. Nesta freguesia, situada em pleno Vale do Ave, concelho de Famalicão, Jerónimo de Sousa alertou para a precariedade no trabalho, que atinge mais de um milhão e 200 mil portugueses, e para o facto de existirem, em Portugal, cerca de dois milhões de pessoas a viver no limiar da pobreza.
Falou ainda dos problemas dos reformados, que se vão agravar com as novas fórmulas de cálculo da segurança social, e do aumento do custo de vida. «Quando disseram (o Governo) que a inflação era de 2,1 por cento, sabiam que estavam enganados. Hoje, o trabalhador recebe menos porque o seu salário está desactualizado», denunciou.
«O que vem ai não é bom. Se não for alterada esta política económica, tal como está a acontecer nas pescas, na agricultura, com as pequenas indústrias, podemos ter uma situação social dramática no país», avisou o secretário-geral do PCP.
A próxima paragem fez-se em Gondar. Naquilo que podemos chamar de «bairro social», da responsabilidade da autarquia e do Governo, muitos foram aqueles que saíram à rua para ver Jerónimo de Sousa. Outros, famílias inteiras, «acamparam» nas suas varandas e escutaram o que os comunistas tinham para lhes dizer.
«Eles querem que vocês desistam, que se sintam atingidos pela fatalidade, que pensem que só vocês é que tiveram azar, que, afinal, a vida está tão boa como o PS diz», afirmou o secretário-geral do PCP, sublinhando: «Não terão aqui outro partido assim, porque nós juntamos a palavra aos actos».
Jerónimo de Sousa falou ainda da crise dos combustíveis. «É difícil explicar porque é que a Galp, teve em 2007, um lucro extraordinário de 68,7 milhões de euros, num total de 777 milhões de euros de lucro», informou, dando ainda o exemplo da EDP, «cujos os lucros crescem à custa da penalização dos outros sectores produtivos e das famílias».
Descontentamento e luta
Este périplo findou em Pevidém, que já chegou a empregar cerca de 10 mil pessoas, onde ainda se concentra a grande indústria têxtil, terra gente de trabalho que sente profundas preocupações em relação ao presente e ao futuro. Daí se ter assistido, mais uma vez, a uma enchente de pessoas que invadiu o parque da vila para ouvir e ver Jerónimo de Sousa.
Lembrando que ao longo da história e, também nesta região que viu nascer Portugal, «foi sempre o povo e nunca os governantes que resolveram os problemas do nosso país», o secretário-geral do PCP apelou à participação de todos na manifestação da CGTP-IN que hoje, quinta-feira, se realiza em Lisboa, contra as alterações do Código de Trabalho.
«Aquela Avenida da Liberdade vai ser pequena para conter tanta gente, tanto descontentamento, tanto protesto», afirmou, citando Dimitrov: «Quando um homem perde os bens perde pouco, quando perde a dignidade, perde muito, mas quando perde a coragem, perde tudo».
«Nesta terra de trabalho vocês já perderam alguns bens, é verdade. Alguns vivem uma situação profundamente inquietante e angustiante, mas não desesperem, não percam a dignidade, não percam a coragem para acreditar que é possível um mundo melhor, um país diferente», concluiu, sobre uma intensa salva de palmas.
A concentração, à hora marcada, situava-se, exactamente, entre o Largo do Calvário e a Rua 25 de Abril. Aos poucos, o verde, predominante daquela região, misturava-se com as alegres cores das bandeiras, que esvoaçavam no pulso firme de, já, algumas dezenas de camaradas e amigos do PCP.
À medida que os minutos passavam a inquietação dos presentes aumentava. «Jerónimo de Sousa deve estar por ai a chegar», dizia um, enquanto se testava o som da aparelhagem.
Mas porquê esta iniciativa? «Temos uma das maiores taxas de desemprego do País, o emprego é precário e os salários baixos. Queremos aprofundar, por um lado, o conhecimento desta situação e, por outro, animar os trabalhadores e a população para a luta em defesa dos seus direitos», afirmou, ao Avante!, Paulo Raimundo, responsável pela Organização Regional de Braga do PCP.
Começaram-se, então, a ouvir bater as palmas. Jerónimo de Sousa, acompanhado por Agostinho Lopes, deputado do PCP na Assembleia da República, havia chegado. «A vossa participação, nesta iniciativa, têm um significado muito importante. Há sempre quem não desiste de procurar resolver os problemas, de lutar por uma vida melhor», afirmou, alertando, de imediato, para as consequências, nefastas, da política do PS.
«Há três anos, Sócrates apelava aos sacrifícios dos portugueses para endireitar as contas públicas. Queixava-se que a direita tinha deixado o País mal. Hoje, assistimos que os sacrifícios não eram para todos, mas sim para os trabalhadores, para os reformados, para os pequenos e médios empresários, para os pequenos e médios agricultores e comerciantes», alertou.
Do outro lado, acusou, «as grandes fortunas, os banqueiros, os grandes grupos económicos, nunca ganharam tanto dinheiro como agora».
Depois da denúncia, era pois tempo, que corria contra a vontade de todos aqueles que queriam cumprimentar o secretário-geral do PCP, de seguir viagem. O próximo destino foi Oliveira de S. Mateus, que acolheu a caravana comunista com uma pequena multidão de pessoas.
«É com orgulho que recebemos, entre nós, pela primeira vez, Jerónimo de Sousa, o único líder de um partido que não engana, que está sempre com o povo e com os trabalhadores», afirmou Adão Coelho, eleito do PCP na Junta de Freguesia.
Na sua intervenção, que foi antecedida por um momento musical proporcionado por uma criança, o secretário-geral do PCP lamentou os elevados níveis de desemprego da região e alertou para a cada vez maior necessidade dos trabalhadores saírem do país à procura de uma vida melhor. «As pessoas já não têm alternativas e são obrigados a partir à procura de um trabalho, noutro país, para governar a sua vida», afirmou, interrogando: «Como é possível que um Governo, que conseguiu uma maioria absoluta com promessas, esteja a prejudicar tanto aqueles que menos têm e menos podem?».
A resposta estava na ponta da língua: «Em vez de ter investido no desenvolvimento, no crescimento económico, na protecção do aparelho produtivo, na produção nacional, beneficiou, antes, os grandes grupos económicos».
«O que vem ai não é bom»
A comitiva do PCP crescia à medida que caminhava para o próximo destino: Pedome. Nesta freguesia, situada em pleno Vale do Ave, concelho de Famalicão, Jerónimo de Sousa alertou para a precariedade no trabalho, que atinge mais de um milhão e 200 mil portugueses, e para o facto de existirem, em Portugal, cerca de dois milhões de pessoas a viver no limiar da pobreza.
Falou ainda dos problemas dos reformados, que se vão agravar com as novas fórmulas de cálculo da segurança social, e do aumento do custo de vida. «Quando disseram (o Governo) que a inflação era de 2,1 por cento, sabiam que estavam enganados. Hoje, o trabalhador recebe menos porque o seu salário está desactualizado», denunciou.
«O que vem ai não é bom. Se não for alterada esta política económica, tal como está a acontecer nas pescas, na agricultura, com as pequenas indústrias, podemos ter uma situação social dramática no país», avisou o secretário-geral do PCP.
A próxima paragem fez-se em Gondar. Naquilo que podemos chamar de «bairro social», da responsabilidade da autarquia e do Governo, muitos foram aqueles que saíram à rua para ver Jerónimo de Sousa. Outros, famílias inteiras, «acamparam» nas suas varandas e escutaram o que os comunistas tinham para lhes dizer.
«Eles querem que vocês desistam, que se sintam atingidos pela fatalidade, que pensem que só vocês é que tiveram azar, que, afinal, a vida está tão boa como o PS diz», afirmou o secretário-geral do PCP, sublinhando: «Não terão aqui outro partido assim, porque nós juntamos a palavra aos actos».
Jerónimo de Sousa falou ainda da crise dos combustíveis. «É difícil explicar porque é que a Galp, teve em 2007, um lucro extraordinário de 68,7 milhões de euros, num total de 777 milhões de euros de lucro», informou, dando ainda o exemplo da EDP, «cujos os lucros crescem à custa da penalização dos outros sectores produtivos e das famílias».
Descontentamento e luta
Este périplo findou em Pevidém, que já chegou a empregar cerca de 10 mil pessoas, onde ainda se concentra a grande indústria têxtil, terra gente de trabalho que sente profundas preocupações em relação ao presente e ao futuro. Daí se ter assistido, mais uma vez, a uma enchente de pessoas que invadiu o parque da vila para ouvir e ver Jerónimo de Sousa.
Lembrando que ao longo da história e, também nesta região que viu nascer Portugal, «foi sempre o povo e nunca os governantes que resolveram os problemas do nosso país», o secretário-geral do PCP apelou à participação de todos na manifestação da CGTP-IN que hoje, quinta-feira, se realiza em Lisboa, contra as alterações do Código de Trabalho.
«Aquela Avenida da Liberdade vai ser pequena para conter tanta gente, tanto descontentamento, tanto protesto», afirmou, citando Dimitrov: «Quando um homem perde os bens perde pouco, quando perde a dignidade, perde muito, mas quando perde a coragem, perde tudo».
«Nesta terra de trabalho vocês já perderam alguns bens, é verdade. Alguns vivem uma situação profundamente inquietante e angustiante, mas não desesperem, não percam a dignidade, não percam a coragem para acreditar que é possível um mundo melhor, um país diferente», concluiu, sobre uma intensa salva de palmas.