Pela paz e o diálogo
A incursão das tropas colombianas em solo equatoriano para assassinarem Raúl Reys e uma unidade das FARC, ocorre no quadro de intensos esforços negociais visando o estabelecimento de um acordo que permita a troca de prisioneiros entre a guerrilha e o governo colombiano. Neste particular têm-se destacado pela positiva o presidente Hugo Chávez e as FARC-EP, e pela negativa o seu homólogo de Bogotá, Álvaro Uribe.
Ainda no final da semana passada, graças à intervenção do dignitário da República Bolivariana da Venezuela, quatro ex-deputados colombianos foram libertados do cativeiro, uma medida unilateral das FARC-EP que atesta a vontade da organização em promover o diálogo no país.
Tal caminho é exigido pela maioria dos colombianos, mas rejeitado por Uribe, aberta ou sub-repticiamente, conforme as conveniências de conjuntura, tanto mais que antes da troca de prisioneiros de guerra o presidente ordenou a deslocação de um poderoso contingente militar para as províncias de Caquetá, Meta e Guaviare.
O reforço do aparelho repressivo quase inviabilizou a operação, mas as FARC assumiram o risco e levaram até ao fim o compromisso de libertação de Luis Eladio Pérez, Gloria Polanco, Orlando Beltrán Cuellar e Jorge Eduardo Géchem.
Em conferência de imprensa, os antigos congressistas apelaram à desmilitarização dos «departamentos» de Pradera e Florida como forma de viabilizar futuras trocas humanitárias, e acusaram o executivo de Bogotá de obstaculizar constante e deliberadamente as iniciativas de pacificação das FARC.
Acresce a este episódio mais recente, outro semelhante ocorrido aquando da libertação unilateral de Clara Rojas e Consuelo Perdomo, do qual resultou evidente a tentativa de Uribe em instigar o conflito, e não a paz.
Prova disso são o adiamento da operação devido à mobilização de tropas fiéis ao governo na zona onde se efectuou o intercâmbio, e o facto de uma hora depois de ter sido realizada com sucesso a entrega das detidas, o exército colombiano ter iniciado um forte bombardeamento das posições locais das FARC, violando assim o inicialmente previsto.
A tudo isto soma-se a campanha política e mediática em torno de Ingrid Bettencourt, envolvendo inclusivamente o presidente francês, Nicolas Sarkozy, mas cujo objectivo é a criminalização das FARC-EP, deturpando e omitindo que foi Uribe e não a organização revolucionária quem impediu a libertação da ex-candidata à presidência, furtando-se à negociação e insistindo em medidas de carácter violento.
Antes do assassinato de Raúl Reys, as FARC-EP emitiram um comunicado, divulgado pelo sítio odiario.info, que ao lado reproduzimos na integra, no qual esclarecem e contextualizam as recentes entregas de prisioneiros, e reiteram as propostas para a concretização de um acordo humanitário.
Comunicado das FARC-EP
«A Libertação dos ex congressistas Luis Eladio Pérez, Gloria Polanco, Orlando Beltrán e Jorge Eduardo Gechen Turbay é uma vitória da persistência humanitária e da sincera preocupação pela paz na Colômbia do Presidente Hugo Chávez e da senadora Piedad Córdoba.
«Esta libertação é a mais profunda manifestação de que pode mais o humanismo que a intransigência. Agora deve seguir-se a desmilitarização dos municípios de Pradera e Florida por 45 dias, com as forças guerrilheiras e a comunidade internacional como garantes, para, nesse espaço, acordar com o governo a libertação dos guerrilheiros e dos prisioneiros de guerra em poder das FARC.
«A libertação pelas FARC destes quatro congressistas faz-se no meio de uma gigantesca operação bélica que, desprezando a vida dos prisioneiros, tenta o seu resgate a ferro e fogo. Nestas circunstâncias, um desenlace fatal será da responsabilidade do governo da Colômbia.
«A nossa vontade para chegar a um acordo de intercâmbio com o governo esta patenteada na libertação unilateral que fizemos de 304 militares e polícias capturados em combate, de Clara Rojas e Consuelo de Perdomo, dos quatro congressistas e dos polícias de Putumayo, entre outros. Em contraste, o governo da Colômbia, exceptuando a libertação de Rodrigo Granda, não fez mais do que manipular a opinião com a libertação de supostos guerrilheiros, encabeçados pelos mesmos dois ou três agentes da inteligência, a que sempre recorre como curingas desavergonhados, de acordo com as circunstâncias.
«Queremos agradecer ao Presidente Hugo Chávez os seus desvelos pela troca de prisioneiros de guerra e pela paz na Colômbia. A sua gestão e a da senadora Piedad Córdoba devem ser valorizadas pelos familiares dos prisioneiros de guerra e por todos. A sua valorosa posição de considerar as FARC como força beligerante está no caminho certo, porque remove o que era inamovível e dinamiza a procura de uma solução política ao longo conflito social e armado que vive a Colômbia. A essa imensa maioria que marchou, não contra as FARC mas contra a violência, pelo intercâmbio humanitário e pela paz, o nosso reconhecimento e a exortação a que prossigam com os seus esforços para a concretização de tão justa causa.
«Secretariado do Estado-Maior Central das FARC
Montanhas da Colômbia, 27 Fevereiro de 2008».
Ainda no final da semana passada, graças à intervenção do dignitário da República Bolivariana da Venezuela, quatro ex-deputados colombianos foram libertados do cativeiro, uma medida unilateral das FARC-EP que atesta a vontade da organização em promover o diálogo no país.
Tal caminho é exigido pela maioria dos colombianos, mas rejeitado por Uribe, aberta ou sub-repticiamente, conforme as conveniências de conjuntura, tanto mais que antes da troca de prisioneiros de guerra o presidente ordenou a deslocação de um poderoso contingente militar para as províncias de Caquetá, Meta e Guaviare.
O reforço do aparelho repressivo quase inviabilizou a operação, mas as FARC assumiram o risco e levaram até ao fim o compromisso de libertação de Luis Eladio Pérez, Gloria Polanco, Orlando Beltrán Cuellar e Jorge Eduardo Géchem.
Em conferência de imprensa, os antigos congressistas apelaram à desmilitarização dos «departamentos» de Pradera e Florida como forma de viabilizar futuras trocas humanitárias, e acusaram o executivo de Bogotá de obstaculizar constante e deliberadamente as iniciativas de pacificação das FARC.
Acresce a este episódio mais recente, outro semelhante ocorrido aquando da libertação unilateral de Clara Rojas e Consuelo Perdomo, do qual resultou evidente a tentativa de Uribe em instigar o conflito, e não a paz.
Prova disso são o adiamento da operação devido à mobilização de tropas fiéis ao governo na zona onde se efectuou o intercâmbio, e o facto de uma hora depois de ter sido realizada com sucesso a entrega das detidas, o exército colombiano ter iniciado um forte bombardeamento das posições locais das FARC, violando assim o inicialmente previsto.
A tudo isto soma-se a campanha política e mediática em torno de Ingrid Bettencourt, envolvendo inclusivamente o presidente francês, Nicolas Sarkozy, mas cujo objectivo é a criminalização das FARC-EP, deturpando e omitindo que foi Uribe e não a organização revolucionária quem impediu a libertação da ex-candidata à presidência, furtando-se à negociação e insistindo em medidas de carácter violento.
Antes do assassinato de Raúl Reys, as FARC-EP emitiram um comunicado, divulgado pelo sítio odiario.info, que ao lado reproduzimos na integra, no qual esclarecem e contextualizam as recentes entregas de prisioneiros, e reiteram as propostas para a concretização de um acordo humanitário.
Comunicado das FARC-EP
«A Libertação dos ex congressistas Luis Eladio Pérez, Gloria Polanco, Orlando Beltrán e Jorge Eduardo Gechen Turbay é uma vitória da persistência humanitária e da sincera preocupação pela paz na Colômbia do Presidente Hugo Chávez e da senadora Piedad Córdoba.
«Esta libertação é a mais profunda manifestação de que pode mais o humanismo que a intransigência. Agora deve seguir-se a desmilitarização dos municípios de Pradera e Florida por 45 dias, com as forças guerrilheiras e a comunidade internacional como garantes, para, nesse espaço, acordar com o governo a libertação dos guerrilheiros e dos prisioneiros de guerra em poder das FARC.
«A libertação pelas FARC destes quatro congressistas faz-se no meio de uma gigantesca operação bélica que, desprezando a vida dos prisioneiros, tenta o seu resgate a ferro e fogo. Nestas circunstâncias, um desenlace fatal será da responsabilidade do governo da Colômbia.
«A nossa vontade para chegar a um acordo de intercâmbio com o governo esta patenteada na libertação unilateral que fizemos de 304 militares e polícias capturados em combate, de Clara Rojas e Consuelo de Perdomo, dos quatro congressistas e dos polícias de Putumayo, entre outros. Em contraste, o governo da Colômbia, exceptuando a libertação de Rodrigo Granda, não fez mais do que manipular a opinião com a libertação de supostos guerrilheiros, encabeçados pelos mesmos dois ou três agentes da inteligência, a que sempre recorre como curingas desavergonhados, de acordo com as circunstâncias.
«Queremos agradecer ao Presidente Hugo Chávez os seus desvelos pela troca de prisioneiros de guerra e pela paz na Colômbia. A sua gestão e a da senadora Piedad Córdoba devem ser valorizadas pelos familiares dos prisioneiros de guerra e por todos. A sua valorosa posição de considerar as FARC como força beligerante está no caminho certo, porque remove o que era inamovível e dinamiza a procura de uma solução política ao longo conflito social e armado que vive a Colômbia. A essa imensa maioria que marchou, não contra as FARC mas contra a violência, pelo intercâmbio humanitário e pela paz, o nosso reconhecimento e a exortação a que prossigam com os seus esforços para a concretização de tão justa causa.
«Secretariado do Estado-Maior Central das FARC
Montanhas da Colômbia, 27 Fevereiro de 2008».