Timor Leste

Atentado contra Ramos-Horta e Xanana

O presidente timorense foi alvo, segunda-feira, de um atentado que visou também o primeiro-ministro Xanana Gusmão. O PCP repudiou as acções e considerou que estas podem agravar a instabilidade política em Timor.

Factos pouco claros exigem investigação

De acordo com informações recolhidas pela Lusa, Ramos-Horta, ferido por duas balas e submetido na Austrália a nova intervenção cirúrgica depois de uma primeira operação no hospital de campanha em Dili, encontra-se estável, embora o prognóstico à hora do fecho da nossa redacção fosse ainda reservado.
Horta foi alvo de um atentado às 7h00 da manhã em Dili, alegadamente perpetrado por homens do major Alfredo Reinado mas já sem o seu comando, uma vez que este morreu antes da emboscada contra o presidente, facto que inicia uma sucessão de acontecimentos desconexos.
Às 06h15, enquanto Ramos-Horta fazia jogging na praia, o grupo de Reinado assaltou a residência do chefe de Estado. Do primeiro ataque resultou abatido por um membro das Falintil o líder militar revoltoso.
Aparentemente, segundo a Lusa, nenhuma medida foi tomada pelas forças de segurança e, de regresso a casa, apesar de um telefonema informando-o do sucedido feito pela sua irmã às 06h50, Ramos-Horta aproximou-se da entrada onde acabou por ser baleado, supostamente pelo mesmo grupo que lhe havia assaltado a habitação mais de meia hora antes.
Igualmente estranho é o facto de a primeira chamada de socorro feita para o Centro Nacional de Operações ter sido registada às 06h59 ainda a respeito do assalto inicial, e do pedido telefónico de assistência médica para o presidente ter sido efectuado pelo próprio, ao qual responderam apenas os militares da GNR e os elementos do INEM presentes em Timor.
Hora e meia depois de tudo isto, entre Balíbar e Dili, a caravana que transportava Xanana Gusmão sem reforço de contingente que se notasse foi igualmente atacada por outro major revoltoso, Gastão Salsinha. Xanana escapou ileso ao que chamou de «fogo cerrado». No entanto, os relatos indicam que a sua viatura só apresenta marcas de bala nos pneus e que ninguém ficou ferido.
Estranhamente, Salsinha regressou à casa de Xanana e intimou um dos três guarda presentes a entregar a espingarda, mas perante a recusa deste voltou costas e desapareceu, pese embora a esposa e os filhos de Xanana se encontrarem na residência.
Instado a comentar os factos conhecidos, o líder da Fretilin, Mari Alkatiri, classificou-os de tentativa de golpe de Estado.
O secretário-geral da Fretilin e ex-primeiro-ministro repudiou o sucedido e deixou uma pergunta em suspenso: «Que alguém explique por que razão queriam matar José Ramos-Horta, que foi quem mais “protegeu” Alfredo Reinado?».

PCP condena ataques

Reagindo aos acontecimentos em Timor, em nota do Gabinete de Imprensa que abaixo publicamos na íntegra, o PCP condenou os ataques contra Ramos -Horta e Xanana e «sem prejuízo de ulteriores considerações que a necessária clarificação dos acontecimentos possa suscitar, considera desde já que tais acções apenas podem visar o aprofundamento da instabilidade política timorense criada com os acontecimentos de 2006 e 2007 e mantida com o processo político resultante das últimas eleições legislativas em Timor Leste».

«Sobre as notícias do ataque a altas figuras do Estado Timorense
«As notícias do ataque a altas figuras do Estado timorense merecem por parte do PCP os seguintes comentários:
«1 – O PCP condena os noticiados ataques a Ramos Horta e a Xanana Gusmão, não obstante as informações e notícias de carácter impreciso e mesmo contraditório.
«2 – Sem prejuízo de ulteriores considerações que a necessária clarificação dos acontecimentos possa suscitar, o PCP considera desde já que tais acções apenas podem visar o aprofundamento da instabilidade política timorense criada com os acontecimentos de 2006 e 2007 e mantida com o processo político resultante das últimas eleições legislativas em Timor Leste.
«3 – O PCP considera indispensável uma aprofundada investigação que, dentro do quadro legal e constitucional timorense, identifique e puna os principais responsáveis por tais ataques e alerta para as possíveis manobras que a propósito destes acontecimentos visem justificar novos desenvolvimentos na acção de ingerência externa que ponham em causa a independência e soberania de Timor-Leste».


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