Gentileza dos milhões
A Comissão de Trabalhadores fez mais algumas contas e concluiu que, na PT, «os ganhos mensais de alguns são directamente proporcionais à criação de valor para outros».
A política de remuneração accionista vale 550 milhões para o BES
No novo sítio da CT na Internet - http://ctpt.no.sapo.pt - fui publicado um comunicado em que, a propósito da reportagem recente da revista Visão e do desmentido subsequente da administração da PT, a estrutura representativa dos trabalhadores reafirma que «os ganhos dos gestores da PT são injustificados e desproporcionados».
O «escândalo dos rendimentos dos administradores e o fosso entre estes e os dos trabalhadores em geral» têm sido denunciado pela CT, «praticamente sozinha, desde os anos noventa, quando denunciou prémios de 15 mil contos na era Murteira Nabo».
Desta vez, a revista referiu um valor de mais de 185 mil euros por mês - acerca do qual a CT pergunta se «será que não estão a contabilizar todos os proveitos do cargo, desde o carro, o estacionamento, o combustível, o telefone, telemóvel e MEO, o cartão de crédito, as viagens, as estadias, as despesas de representatividade, etc.».
Veio, no mesmo dia 10 de Janeiro, o desmentido da PT (apresentando mais de 86 mil euros como valor médio da remuneração mensal dos administradores executivos), a propósito do qual a CT nota que «só se contabiliza a remuneração fixa e a variável, de acordo com os valores inscritos no Relatório de Contas».
Para a Comissão de Trabalhadores, «estamos perante uma desproporção só explicada pelo retorno que dão aos grandes accionistas». E aponta um exemplo:
- a remuneração accionista prometida pela administração para o triénio 2006-2008 é superior a 6,2 mil milhões de euros;
- o BES detém cerca de 9 por cento do capital da PT, pelo que esta política de remuneração vai-lhe proporcionar um encaixe superior a 550 milhões de euros, nestes três anos.
«Se alguém nos desse vários “euromilhões” por ano, certamente que cada um de nós também seria generoso para quem nos proporcionasse tal “gentileza”», ironiza a CT.
Num momento em que se aproxima a negociação da actualização salarial, «não basta falar em justiça social e melhor distribuição da riqueza produzida». A CT afirma que, «face aos indícios que vêm, justifica-se que não nos resignemos e que lutemos por todos os meios ao nosso alcance por uma melhor repartição da riqueza».
Spin-off embaraçoso
O processo de separação da PT Multimedia «embaraça qualquer simples mortal», comenta a CT, acrescentando mais dois episódios às críticas que tem feito ao spin-off, oferecido aos accionistas pela administração de Henrique Granadeiro, na resposta à OPA da Sonae.
- houve uma troca de «gestores», entre a PTM e a PT Comunicações, sendo que aqueles levaram consigo conhecimentos confidenciais da situação de cada empresa e estas empresas passam a ser ferozes concorrentes;
- ocorreu uma autêntica «romaria» de mais de 50 «jovens fantásticos», que no dia 21 de Setembro de 2007 transitaram da PTM para a PTC e que foram «nomeados, à pressa, directores, sem que se lhes reconheça conhecimentos do negócio», os quais estão «a encher os gabinetes da Andrade Corvo e a ocupar os seus dias de trabalho no corrupio das reuniões com a legião de consultores que são visitas constantes nos seus gabinetes».
O «escândalo dos rendimentos dos administradores e o fosso entre estes e os dos trabalhadores em geral» têm sido denunciado pela CT, «praticamente sozinha, desde os anos noventa, quando denunciou prémios de 15 mil contos na era Murteira Nabo».
Desta vez, a revista referiu um valor de mais de 185 mil euros por mês - acerca do qual a CT pergunta se «será que não estão a contabilizar todos os proveitos do cargo, desde o carro, o estacionamento, o combustível, o telefone, telemóvel e MEO, o cartão de crédito, as viagens, as estadias, as despesas de representatividade, etc.».
Veio, no mesmo dia 10 de Janeiro, o desmentido da PT (apresentando mais de 86 mil euros como valor médio da remuneração mensal dos administradores executivos), a propósito do qual a CT nota que «só se contabiliza a remuneração fixa e a variável, de acordo com os valores inscritos no Relatório de Contas».
Para a Comissão de Trabalhadores, «estamos perante uma desproporção só explicada pelo retorno que dão aos grandes accionistas». E aponta um exemplo:
- a remuneração accionista prometida pela administração para o triénio 2006-2008 é superior a 6,2 mil milhões de euros;
- o BES detém cerca de 9 por cento do capital da PT, pelo que esta política de remuneração vai-lhe proporcionar um encaixe superior a 550 milhões de euros, nestes três anos.
«Se alguém nos desse vários “euromilhões” por ano, certamente que cada um de nós também seria generoso para quem nos proporcionasse tal “gentileza”», ironiza a CT.
Num momento em que se aproxima a negociação da actualização salarial, «não basta falar em justiça social e melhor distribuição da riqueza produzida». A CT afirma que, «face aos indícios que vêm, justifica-se que não nos resignemos e que lutemos por todos os meios ao nosso alcance por uma melhor repartição da riqueza».
Spin-off embaraçoso
O processo de separação da PT Multimedia «embaraça qualquer simples mortal», comenta a CT, acrescentando mais dois episódios às críticas que tem feito ao spin-off, oferecido aos accionistas pela administração de Henrique Granadeiro, na resposta à OPA da Sonae.
- houve uma troca de «gestores», entre a PTM e a PT Comunicações, sendo que aqueles levaram consigo conhecimentos confidenciais da situação de cada empresa e estas empresas passam a ser ferozes concorrentes;
- ocorreu uma autêntica «romaria» de mais de 50 «jovens fantásticos», que no dia 21 de Setembro de 2007 transitaram da PTM para a PTC e que foram «nomeados, à pressa, directores, sem que se lhes reconheça conhecimentos do negócio», os quais estão «a encher os gabinetes da Andrade Corvo e a ocupar os seus dias de trabalho no corrupio das reuniões com a legião de consultores que são visitas constantes nos seus gabinetes».