Os Prós e os Prós
A estação pública de televisão mais uma vez – e já são «montanhas» de vezes – prestou um mau serviço ao povo português, como foi o caso do conteúdo do programa Prós e Contras da passado semana versando a Criminalidade e a Segurança Interna.
As opções e/ou orientações ideológicas da «animadora» do programa, como vem sendo hábito, sobrepuseram-se aos critérios que deviam prevalecer de isenção, rigor, clareza e profissionalismo.
Compreende-se! O que se tratava não era de discutir a política de segurança interna na perspectiva dos interesses dos cidadãos e do País, mas de puxar para cima o líder do PP e de fazer o «frete» ao Governo, fazendo baixar o quadro de ameaças e atentados aos direitos dos cidadãos que representa esta pretensa «reforma».
Com efeito, definido o perfil dos intervenientes, em função de exigentes e rigorosos padrões de qualidade, onde pontifica a política folclore e intolerante, reminiscências de guerra-fria e a sapiência académica, o pano de fundo para o debate estava criado e o êxito assegurado: o terrorismo e global, agravamento do quadro de ameaças, a criminalidade que vem do exterior, etc., e isto tudo, para justificar os superpoderes do SISI (que afinal já não se chama assim), a desbunda na partilha da informação, a banalização das escutas e buscas policiais sem qualquer controlo, a proliferação da vídeo-vigilância e, claro, «não vá o diabo tecê-las» e vir por aí uma Irlanda do Norte, é recomendável ter, como vem nos «manuais da guerra fria», forças policiais de natureza militar, sem direitos e governamentalizadas.
Assim, e como não podia deixar de ser, o ministro, o convidado e os especialistas discorreram em amena cavaqueira sobre os cenários virtuais mais transcendentes que ameaçam as nossas liberdades e a nossa segurança colectiva.
E tudo ficaria por aqui! O sistema estava a funcionar e os «incomodativos sindicalistas» estavam aprisionados aos 28 segundos de intervenção. Mas, como «as conversas são como as cerejas», o imprevisto aconteceu e quem conseguiu resistir à pasmaceira ficou a saber que o sentimento de insegurança que os portugueses justamente sentem e a vaga de assaltos que atingem o País… são, afinal, da responsabilidade de uma criminalidade doméstica, que age e actua com toda a impunidade porque as forças policiais estão desfalcadas nos efectivos; as comunicações não são compatíveis entre forças; não há cooperação, o que existe é o espírito de quinta; os agentes, no cumprimento da sua missão têm de se socorrer de viaturas particulares e a tal democratíssima reforma da segurança interna, a ter sido discutida, pelos vistos, só o foi no Conselho de Ministros.
E como já vem sendo hábito com membros do Governo, quando o assunto não interessa, assobiam para o ar. E o ministro das polícias, não resistindo à tentação, fez o mesmo e sentenciou: os portugueses podem ficar descansados que todas as medidas são tomadas de «boa fé e sempre por boas razões de Estado».
Antigamente era a bem da Nação e estava tudo dito.
Afinal sempre existe o tique. Chama-se intolerância e deriva securitária.
As opções e/ou orientações ideológicas da «animadora» do programa, como vem sendo hábito, sobrepuseram-se aos critérios que deviam prevalecer de isenção, rigor, clareza e profissionalismo.
Compreende-se! O que se tratava não era de discutir a política de segurança interna na perspectiva dos interesses dos cidadãos e do País, mas de puxar para cima o líder do PP e de fazer o «frete» ao Governo, fazendo baixar o quadro de ameaças e atentados aos direitos dos cidadãos que representa esta pretensa «reforma».
Com efeito, definido o perfil dos intervenientes, em função de exigentes e rigorosos padrões de qualidade, onde pontifica a política folclore e intolerante, reminiscências de guerra-fria e a sapiência académica, o pano de fundo para o debate estava criado e o êxito assegurado: o terrorismo e global, agravamento do quadro de ameaças, a criminalidade que vem do exterior, etc., e isto tudo, para justificar os superpoderes do SISI (que afinal já não se chama assim), a desbunda na partilha da informação, a banalização das escutas e buscas policiais sem qualquer controlo, a proliferação da vídeo-vigilância e, claro, «não vá o diabo tecê-las» e vir por aí uma Irlanda do Norte, é recomendável ter, como vem nos «manuais da guerra fria», forças policiais de natureza militar, sem direitos e governamentalizadas.
Assim, e como não podia deixar de ser, o ministro, o convidado e os especialistas discorreram em amena cavaqueira sobre os cenários virtuais mais transcendentes que ameaçam as nossas liberdades e a nossa segurança colectiva.
E tudo ficaria por aqui! O sistema estava a funcionar e os «incomodativos sindicalistas» estavam aprisionados aos 28 segundos de intervenção. Mas, como «as conversas são como as cerejas», o imprevisto aconteceu e quem conseguiu resistir à pasmaceira ficou a saber que o sentimento de insegurança que os portugueses justamente sentem e a vaga de assaltos que atingem o País… são, afinal, da responsabilidade de uma criminalidade doméstica, que age e actua com toda a impunidade porque as forças policiais estão desfalcadas nos efectivos; as comunicações não são compatíveis entre forças; não há cooperação, o que existe é o espírito de quinta; os agentes, no cumprimento da sua missão têm de se socorrer de viaturas particulares e a tal democratíssima reforma da segurança interna, a ter sido discutida, pelos vistos, só o foi no Conselho de Ministros.
E como já vem sendo hábito com membros do Governo, quando o assunto não interessa, assobiam para o ar. E o ministro das polícias, não resistindo à tentação, fez o mesmo e sentenciou: os portugueses podem ficar descansados que todas as medidas são tomadas de «boa fé e sempre por boas razões de Estado».
Antigamente era a bem da Nação e estava tudo dito.
Afinal sempre existe o tique. Chama-se intolerância e deriva securitária.