EUA num beco sem saída
A par da resistência popular iraquiana, o governo norte-americano enfrenta a contestação interna e os escândalos a menos de um mês da discussão dos resultados da estratégia para o Iraque.
Iraquianos exigiram em Bagdad a retirada dos ocupantes
Mais de quatro anos depois da invasão e ocupação do Iraque, são habituais as informações que dão conta da resistência armada do povo contra os militares norte-americanos e os seus correlegionários locais.
Durante esta semana foi executado à bomba outro responsável provincial designado pelo governo colaboracionista de Bagdad, o segundo nos últimos quinze dias, e diversos combates e atentados com um saldo de centenas de vítimas entre forças ocupantes, guerrilheiros e civis ilustram a insustentabilidade da permanência yankee no território.
Menos recorrente tem sido a movimentação de massas no país, mas na segunda-feira muitos foram os iraquianos que se juntaram em protesto, em Sadr City, contra as sistemáticas violações dos direitos humanos e as operações repressivas das tropas de Washington nos bairros da capital.
O rastilho da manifestação foi o rol de acções violentas, arbitrárias e indiscriminadas dos soldados dos EUA nos últimos meses na região de Bagdad, mas o que deixou os ânimos ao rubro foi a notícia de mais um massacre, por sinal perpetrado a quilómetros de distância. Em Al Bu Abdi, na província de Diyala, pelo menos uma dezena de pessoas morreu num ataque aéreo e terrestre dos EUA contra uma zona residencial.
Escândalos e diplomacia
Neste contexto, assume particular importância o relatório que será apresentado no próximo dia 15 de Setembro sobre o plano para o Iraque implementado recentemente pela administração Bush. Do Pentágono escapam indicações que apontam para um cenário de derrota em toda a linha, facto que em nada ajuda a Casa Branca a fundamentar a manutenção da «missão no Iraque».
Paralelamente, são cada vez mais nítidos os laços estreitos entre os governantes norte-americanos, a guerra e a facturação recorde das empresas ligadas ao conflito. A meio da semana passada, ficou a saber-se que uma companhia da Carolina do Sul – alegadamente propriedade de duas irmãs gémeas que o futuro dirá se pagam o escândalo sozinhas ou arrastam consigo altas patentes militares e políticas que se suspeita estarem envolvidas – forneceu ao exército dos EUA, de 2001 a 2007, bens e serviços no valor de 68 mil dólares, mas facturou nada mais nada menos que 20 milhões e quinhentos mil dólares.
O esquema era simples. Desde que a encomenda leve o selo de «urgência absoluta», os serviços pagam automaticamente sem contraprovar. Astuto, é certo, mas pouco credível de se manter durante seis anos sem cumplicidades influentes.
A tudo isto acresce o quase certo abandono britânico do Sul do Iraque. Londres não está disposta a continuar. O preço é demasiado elevado, a diplomacia pode ser bem mais frutuosa quando se negoceia com um país em escombros e as esferas militares inglesas sabem que não é possível vencer a resistência popular em Bassorá e, por isso, terão proposto a Gordon Brown a retirada sem mais delongas, revelou o The Independent.
Do outro lado do Canal da Mancha a paciência para com a rapina de Bush no Iraque também parece esgotada. Segunda-feira, o ministro dos negócios estrangeiros francês encontrou-se em Bagdad com Nuri al-Maliki e reiterou, em conferência de imprensa conjunta, que a única solução para o país é política e tem que ser discutida pelos próprios iraquianos, não pode ser imposta pela força das armas.
Durante esta semana foi executado à bomba outro responsável provincial designado pelo governo colaboracionista de Bagdad, o segundo nos últimos quinze dias, e diversos combates e atentados com um saldo de centenas de vítimas entre forças ocupantes, guerrilheiros e civis ilustram a insustentabilidade da permanência yankee no território.
Menos recorrente tem sido a movimentação de massas no país, mas na segunda-feira muitos foram os iraquianos que se juntaram em protesto, em Sadr City, contra as sistemáticas violações dos direitos humanos e as operações repressivas das tropas de Washington nos bairros da capital.
O rastilho da manifestação foi o rol de acções violentas, arbitrárias e indiscriminadas dos soldados dos EUA nos últimos meses na região de Bagdad, mas o que deixou os ânimos ao rubro foi a notícia de mais um massacre, por sinal perpetrado a quilómetros de distância. Em Al Bu Abdi, na província de Diyala, pelo menos uma dezena de pessoas morreu num ataque aéreo e terrestre dos EUA contra uma zona residencial.
Escândalos e diplomacia
Neste contexto, assume particular importância o relatório que será apresentado no próximo dia 15 de Setembro sobre o plano para o Iraque implementado recentemente pela administração Bush. Do Pentágono escapam indicações que apontam para um cenário de derrota em toda a linha, facto que em nada ajuda a Casa Branca a fundamentar a manutenção da «missão no Iraque».
Paralelamente, são cada vez mais nítidos os laços estreitos entre os governantes norte-americanos, a guerra e a facturação recorde das empresas ligadas ao conflito. A meio da semana passada, ficou a saber-se que uma companhia da Carolina do Sul – alegadamente propriedade de duas irmãs gémeas que o futuro dirá se pagam o escândalo sozinhas ou arrastam consigo altas patentes militares e políticas que se suspeita estarem envolvidas – forneceu ao exército dos EUA, de 2001 a 2007, bens e serviços no valor de 68 mil dólares, mas facturou nada mais nada menos que 20 milhões e quinhentos mil dólares.
O esquema era simples. Desde que a encomenda leve o selo de «urgência absoluta», os serviços pagam automaticamente sem contraprovar. Astuto, é certo, mas pouco credível de se manter durante seis anos sem cumplicidades influentes.
A tudo isto acresce o quase certo abandono britânico do Sul do Iraque. Londres não está disposta a continuar. O preço é demasiado elevado, a diplomacia pode ser bem mais frutuosa quando se negoceia com um país em escombros e as esferas militares inglesas sabem que não é possível vencer a resistência popular em Bassorá e, por isso, terão proposto a Gordon Brown a retirada sem mais delongas, revelou o The Independent.
Do outro lado do Canal da Mancha a paciência para com a rapina de Bush no Iraque também parece esgotada. Segunda-feira, o ministro dos negócios estrangeiros francês encontrou-se em Bagdad com Nuri al-Maliki e reiterou, em conferência de imprensa conjunta, que a única solução para o país é política e tem que ser discutida pelos próprios iraquianos, não pode ser imposta pela força das armas.