SETÚBAL II

Enormes recursos e potencialidades

São diferentes os níveis de desenvolvimento no distrito de Setúbal, como diferentes são os seus problemas e necessidades. É o que resulta de este ser um distrito que, independentemente dos seus traços comuns, tem uma das suas áreas – a Península de Setúbal – mais ligada a Lisboa, enquanto a outra – o Litoral Alentejo.
Essa diferenciação entre as duas sub-regiões é notória, por exemplo, no plano da demografia e da sua variação. Entre 1991 e 2004, a população residente cresceu 18,2% na Península de Setúbal, enquanto no Litoral Alentejano diminuiu em -1%.

Demografia

Analisando a estrutura etária, conclui-se que, em 2004, a população com 65 e mais anos de idade representava em relação à população activa (entre os 25 e 64 anos) 43,4% no Litoral Alentejano e 26,3% na Península de Setúbal. Existem concelhos do Litoral Alentejano onde esta percentagem está mesmo próxima de 50% (49,9% em Grândola). Enquanto o Litoral Alentejano enfrenta por conseguinte crescentes problemas de desertificação humana, na Península de Setúbal tem-se verificado um crescimento populacional que é três vezes superior ao registado a nível nacional.

Economia

Por outro lado, em termos de criação de riqueza, entre 1995 e 2004, em valores nominais, o PIB do distrito de Setúbal cresceu menos que a nível do País (em Setúbal aumentou 73,8%, enquanto a nível nacional aumentou 77,5%), o que é grave já que mesmo o que se verificou a nível nacional foi insuficiente. Mas se o desagregarmos pelas duas sub-regiões que constituem o distrito, conclui-se que, entre 1995 e 2004, ele cresceu na Península de Setúbal 67,9% e no Litoral Alentejano aumentou 105% (por influência do concelho de Sines ) embora, em 2004, o PIB do Litoral Alentejano representasse apenas 22,8% do da Península.

Poder de compra

Analisando a evolução das condições de vida da população, medida pela variação do poder de compra por habitante relativamente ao poder de compra per capita médio nacional (Portugal =100), constata-se, por sua vez, que, entre 2002 e 2004, no Litoral Alentejano ele passou de 68,38% para 77,89%, pelo que apesar de aumentar ele continuou muito abaixo do poder de compra médio nacional (em 2004, menos 22,11 pontos percentuais). Por seu turno a Península de Setúbal, durante o mesmo período, passou de 110,45% para 101,52%, ou seja, apesar de ter diminuído 8,93 pontos percentuais, era ainda superior ao poder de compra per capita médio nacional.

Tecido económico

Este crescimento insuficiente do distrito de Setúbal, foi acompanhado por um desenvolvimento desigual e por uma fragilização crescente da sua base económica e social.
Em 2003, o ultimo ano para o qual existem dados concelhios disponibilizados pelo INE, as vendas das sociedades com sede na Península de Setúbal representavam 91,9% das vendas totais das sociedades do distrito de Setúbal, cabendo às do Litoral Alentejano somente 8,1%.
Se a análise for feita relativamente ao interior de cada uma destas sub-regiões conclui-se que o concelho de Palmela representava 34,2% das vendas de todas as sociedades da Península de Setúbal, apesar da sua população corresponder apenas a 7,5% da população da Península, enquanto as vendas das sociedades do concelho de Sines representavam 55,4% das vendas totais das sociedades do Litoral Alentejano, apesar da população corresponder apenas a 13,7%.
No que se refere à industria transformadora, apesar da crescente desindustrialização do distrito (as vendas das sociedades deste sector baixaram, entre 2001 e 2003, em termos nominais, em -9,8%), este sector continua a ter uma grande importância (41% das vendas das sociedades do distrito), sendo que 34,8% reportam-se a material de transporte e localizam-se quase na sua totalidade no concelho de Palmela, o que revela uma perigosa dependência.

Investimento

No que diz respeito ao investimento, embora não existam dados globais e consistentes relativos à sua evolução no distrito, os relacionados com o investimento público constantes do PIDDAC permitem afirmar que ocorreu uma forte quebra, o que é um indicador do investimento global, tendo contribuído para a forte degradação verificada na situação económica e social do distrito. Entre 2004 e 2007, o PIDDAC a nível nacional diminuiu 15%, mas em relação ao distrito de Setúbal a quebra atingiu menos 63,8%, ou seja, quatro vezes inferior.

Integração regional

Como consequência da integração no espaço económico envolvente e da crescente fragilização da sua base económica e social, uma parte importante da população residente trabalha fora do distrito. Relativamente à Península de Setúbal, e referente a 9 concelhos, já em 2003, 23,4% da sua população empregada - o que correspondia a mais de 80.000 habitantes -, participava no gigantesco movimento pendular entre as duas margens do Tejo. Este facto tem determinado uma crescente interligação da Península de Setúbal numa área muito mais vasta (a Área Metropolitana de Lisboa), o que não poderá ser ignorado em qualquer estratégia de desenvolvimento do distrito de Setúbal.

Um distrito ímpar

Constituído por duas áreas diferenciadas nas suas características físicas, demográficas e económicas – a Pensínsula de Setúbal e o Litoral Alentejano – o Distrito de Setúbal, com os seus mais de 829 mil habitantes, possui enormes recursos naturais e humanos que lhe conferem uma posição ímpar no contexto nacional. São reconhecidas as suas potencialidades que, convenientemente aproveitadas, poderão dar um valioso contributo à elevação da qualidade de vida da população e ao desenvolvimento do País.
Detém uma importante base industrial, um grande potencial para a produção energética, características naturais que lhe permitem dispor de três dos quatro principais portos nacionais e reais capacidades na agricultura, nas pescas e na aquicultura.
Beneficia de níveis elevados de qualidade de vida e desenvolvimento, designadamente nos domínios ambiental, social, associativo, desportivo, cultural, educativo, da investigação e inovação, e do ordenamento do território, de um importante grau de cobertura de infra-estruturas básicas a que se associa uma rede digital de tecnologias da informação.
Conta com trabalhadores portadores de uma vasta experiência na actividade produtiva e uma significativa população jovem.
Integra um potencial muito vasto que lhe advém da ligação ao mar, das condições dos estuários do Tejo e do Sado, de um amplo conjunto de áreas protegidas com destaque para a Serra da Arrábida, de uma frente de praias excepcional e de importantes perspectivas para a actividade turística.
ano – tem a sua proximidade ao Alentejo.


Mais artigos de: Temas

Apostar no desenvolvimento<br>e no bem-estar da população

Atingir um nível de desenvolvimento integrado, harmonioso e sustentável, capaz de garantir à população, qualquer que seja o seu concelho de residência, uma elevada qualidade de vida, eis, em síntese, o grande objectivo que o PCP quer ver alcançado no Distrito de Setúbal.

Por uma visão global e integrada

O distrito de Setúbal, apesar dos seus grandes avanços, traduzidos em índices de qualidade de vida dos mais elevados do país – progresso que é inseparável da acção e iniciativa regional, com destaque para a intervenção altamente positiva do poder local democrático, como sublinha o projecto de resolução do PCP – está longe de ver todas as suas potencialidades aproveitadas, assistindo-se simultaneamente ao acentuar de algumas das suas fragilidades e problemas.

Sem o Pavia <br>o Alentejo nunca será o mesmo

A aldeia é pequena para os seus sonhos de artista. Vai muito novo, com dezanove anos, para Lisboa. É a capital da sua pátria, uma aldeia da Europa com os horizontes entaipados pelo botas que, de S. Bento, vigia Portugal e colónias para os dar a saque a meia dúzia de oligarcas que não se fazem rogados.