«A greve geral está a crescer»
Apesar da relação de forças ser extremamente desfavorável aos trabalhadores, «havia que aliar a possibilidade do êxito à necessidade da luta», considera Jerónimo de Sousa, nesta entrevista ao Avante!.
«O que foi adquirido resultou da acção e da luta dos trabalhadores»
A poucos dias da greve geral, convocada pela CGTP-IN para 30 de Maio e que é tratada com destaque nesta edição, o secretário-geral do Partido afirma que a central tomou, a 18 de Abril, uma «decisão corajosa». E, «desde a decisão, até hoje, deram-se avanços extraordinários».
Avante!: A CGTP-IN convocou a greve geral e, sob a exigência global de «mudança de rumo», apontou cinco grupos de motivos para que os trabalhadores adiram a esta forma superior de luta. Tal diversidade de razões dificulta ou ajuda, no esclarecimento e mobilização para a greve, em que têm estado muito empenhados tantos militantes do Partido?
Jerónimo de Sousa: Cada questão, por si, justificaria o recurso a uma forma de luta superior por parte dos trabalhadores. Este Governo, no que se refere a direitos sociais e laborais, «onde tocou, estragou», e com tendência para acentuar a ofensiva. Na perda do poder de compra dos salários e na redução do valor das pensões e reformas, no aumento do custo de vida, na inquietante espiral do desemprego e da precariedade, no ataque desumano ao direito à saúde e aos serviços públicos.
Mas a ameaça principal é o projecto para aplicar uma lei de despedimentos que, a ser consumada, levaria a que todos, mas todos, os trabalhadores tivessem sobre a cabeça o cutelo do despedimento sem justa causa. Até inventaram uma palavra nova: «flexigurança»!
O ministro do Trabalho e o secretário-geral da UGT têm combatido a greve geral, tentando dar a ideia de que ela foi convocada para corresponder a outros interesses, que não seriam os dos trabalhadores. O que justifica, para o PCP, que a luta dos trabalhadores assuma o conteúdo político de uma greve geral?
Percebe-se o ministro, mas a UGT, e em particular a sua direcção, assume mais uma vez o seu pequeno papel subsidiário e de subsidiado do poder, para tentar dividir os trabalhadores, e colabora objectivamente na ofensiva em curso.
A dimensão e diversidade da ofensiva do Governo PS e as suas dramáticas consequências sociais exigem a mudança de política, e não retoques pontuais.
Um mês após a convocação da greve geral – e depois dos grandes protestos de 12 de Outubro e 2 de Março, a par de várias lutas na Administração Pública e em empresas privadas –, que expectativas para 30 de Maio pode justificar a forma como os trabalhadores estão a reagir à decisão da CGTP-IN?
A convocação da greve geral foi uma decisão corajosa da CGTP-IN. Havia que aliar a possibilidade do êxito à necessidade da luta.
Numa relação de forças tão desfavorável aos trabalhadores, com tanta precariedade e tanto desemprego, num tempo em que o exercício de um direito constitucional é considerado como um obstáculo, desde a decisão até hoje deram-se avanços extraordinários.
A greve geral está a crescer! Está a libertar energias, a elevar a consciência de classe, a demonstrar a militância sindical desse grande colectivo de dirigentes e activistas sindicais que é a maior riqueza da CGTP-IN.
Se alguém que se afirma dirigente sindical te dissesse que os problemas dos trabalhadores, efectivamente, são graves, mas a greve geral «não vai alterar nada» (João Proença, Correio da Manhã, 13 de Maio), o que responderias, como dirigente do Partido e como operário, com décadas de actividade sindical e no movimento das CT?
Antes e depois de Abril de 74, o que foi conquistado e adquirido resultou da acção e da luta dos trabalhadores e nunca foi conseguido por dádiva do poder ou do patronato.
Com o saber de experiência feito, o movimento operário e sindical tem a consciência de que, quando se luta, nem sempre se ganha no imediato, mas, quando não se luta, perde-se sempre, nesse prolongado e secular e permanente confronto de classes.
Convinha ao Governo e aos beneficiários da sua política que o fatalismo e o conformismo prevalecessem, para prosseguir sem sobressaltos a sua injusta política. Mas sabemos que foi pela luta que conquistámos e defendemos direitos. É pela luta que podemos fazer mudanças, travar e derrotar esta política. E, quando os trabalhadores ganham consciência da força que têm, as coisas acontecem!
Avante!: A CGTP-IN convocou a greve geral e, sob a exigência global de «mudança de rumo», apontou cinco grupos de motivos para que os trabalhadores adiram a esta forma superior de luta. Tal diversidade de razões dificulta ou ajuda, no esclarecimento e mobilização para a greve, em que têm estado muito empenhados tantos militantes do Partido?
Jerónimo de Sousa: Cada questão, por si, justificaria o recurso a uma forma de luta superior por parte dos trabalhadores. Este Governo, no que se refere a direitos sociais e laborais, «onde tocou, estragou», e com tendência para acentuar a ofensiva. Na perda do poder de compra dos salários e na redução do valor das pensões e reformas, no aumento do custo de vida, na inquietante espiral do desemprego e da precariedade, no ataque desumano ao direito à saúde e aos serviços públicos.
Mas a ameaça principal é o projecto para aplicar uma lei de despedimentos que, a ser consumada, levaria a que todos, mas todos, os trabalhadores tivessem sobre a cabeça o cutelo do despedimento sem justa causa. Até inventaram uma palavra nova: «flexigurança»!
O ministro do Trabalho e o secretário-geral da UGT têm combatido a greve geral, tentando dar a ideia de que ela foi convocada para corresponder a outros interesses, que não seriam os dos trabalhadores. O que justifica, para o PCP, que a luta dos trabalhadores assuma o conteúdo político de uma greve geral?
Percebe-se o ministro, mas a UGT, e em particular a sua direcção, assume mais uma vez o seu pequeno papel subsidiário e de subsidiado do poder, para tentar dividir os trabalhadores, e colabora objectivamente na ofensiva em curso.
A dimensão e diversidade da ofensiva do Governo PS e as suas dramáticas consequências sociais exigem a mudança de política, e não retoques pontuais.
Um mês após a convocação da greve geral – e depois dos grandes protestos de 12 de Outubro e 2 de Março, a par de várias lutas na Administração Pública e em empresas privadas –, que expectativas para 30 de Maio pode justificar a forma como os trabalhadores estão a reagir à decisão da CGTP-IN?
A convocação da greve geral foi uma decisão corajosa da CGTP-IN. Havia que aliar a possibilidade do êxito à necessidade da luta.
Numa relação de forças tão desfavorável aos trabalhadores, com tanta precariedade e tanto desemprego, num tempo em que o exercício de um direito constitucional é considerado como um obstáculo, desde a decisão até hoje deram-se avanços extraordinários.
A greve geral está a crescer! Está a libertar energias, a elevar a consciência de classe, a demonstrar a militância sindical desse grande colectivo de dirigentes e activistas sindicais que é a maior riqueza da CGTP-IN.
Se alguém que se afirma dirigente sindical te dissesse que os problemas dos trabalhadores, efectivamente, são graves, mas a greve geral «não vai alterar nada» (João Proença, Correio da Manhã, 13 de Maio), o que responderias, como dirigente do Partido e como operário, com décadas de actividade sindical e no movimento das CT?
Antes e depois de Abril de 74, o que foi conquistado e adquirido resultou da acção e da luta dos trabalhadores e nunca foi conseguido por dádiva do poder ou do patronato.
Com o saber de experiência feito, o movimento operário e sindical tem a consciência de que, quando se luta, nem sempre se ganha no imediato, mas, quando não se luta, perde-se sempre, nesse prolongado e secular e permanente confronto de classes.
Convinha ao Governo e aos beneficiários da sua política que o fatalismo e o conformismo prevalecessem, para prosseguir sem sobressaltos a sua injusta política. Mas sabemos que foi pela luta que conquistámos e defendemos direitos. É pela luta que podemos fazer mudanças, travar e derrotar esta política. E, quando os trabalhadores ganham consciência da força que têm, as coisas acontecem!