Regulação das águas interiores

Falta visão integrada

A Assembleia da República aprovou, faz hoje oito dias, na generalidade, uma proposta de lei do Governo que estabelece as bases do ordenamento e da gestão dos recursos aquícolas das águas interiores, definindo simultaneamente os princípios reguladores das actividades da pesca e da aquicultura nessas águas.
Embora acolhido de forma positiva por mexer em legislação que remonta a 1959, o diploma governamental viu vários aspectos do seu conteúdo serem objecto das críticas da bancada comunista, justificando assim a sua abstenção.
Desde logo pelo facto de o Executivo confinar a sua visão de planeamento e gestão sustentável daqueles recursos à exclusiva regulação da pesca.
Para o Governo, «estabelecer as bases do ordenamento e da gestão sustentável dos recurso aquícolas é agir exclusivamente sobre a pesca, obliterando o papel da gestão territorial, das actividades agropecuárias e industriais e de outras utilizações das águas interiores, nomeadamente na produção de energia», referiu o deputado comunista Miguel Tiago.
Sobre o Governo recaiu ainda a acusação de passar ao lado, como se não fosse ele o responsável, de problemas sérios como a qualidade das águas (mais de 40 por cento dos rios não apresentam valores de que garantam a sobrevivência das espécies piscícolas), a insuficiência dos meios de fiscalização ou a ausência de uma efectiva política de ordenamento que garanta a integridade dos meios naturais.
Ainda a merecer notas negativas, agora no que se refere a algumas medidas concretas vertidas no diploma, estão a sobreposição de competências entre tutelas (Agricultura e Ambiente), os valores exorbitantes de algumas coimas (€5000 de multa para quem apanhe uma espécie fora de época, por exemplo) ou a obrigatoriedade de obtenção de carta de pescador.


Mais artigos de: Assembleia da República

Lei da Televisão em debate

A Assembleia da República apreciou, no final da passada semana, o texto legislativo que regula o acesso à actividade de televisão e seu exercício, conhecida como Lei da Televisão. A votação do diploma estava prevista para ontem, prosseguindo agora o processo legislativo em sede de especialidade.De acordo com o regime...

Estatutos dos deputados

O Parlamento chumbou o recurso interposto pelo PSD para impedir a discussão em plenário do projecto de lei comunista que equipara o estatuto dos deputados das Assembleias Legislativas Regionais ao dos parlamentares da Assembleia da República. A decisão foi recentemente aprovada em plenário pelo PS, PCP, BE e PEV, depois...

Protecção da floresta

Os grandes inimigos da nossa floresta, em particular das áreas ocupadas por espécies autóctones, são os incêndios e a pressão urbanística normalmente associada à especulação imobiliária que tem ditado muito do desordenamento em que hoje está parte do território. Para esta realidade pouco favorável à preservação da...

Concurso farsa

O presidente do Grupo Parlamentar do PCP, pronunciando-se sobre o recente concurso farsa que fez a apologia de Salazar, considerou que a RTP, enquanto serviço público, não pode ter «qualquer dever de neutralidade relativamente ao fascismo».«À boleia do programa, houve uma tentativa de branqueamento do fascismo e de...

Falhas graves na prevenção

A atitude de inércia de entidades da administração central como o Instituto da Àgua (INAG) para fazer face aos avanços do mar na Costa da Caparica motivou uma reacção do Grupo Parlamentar do PCP que afirma ser «incompreensível a ausência de medidas» verificada nas recentes marés vivas do equinócio.