Acordo histórico na Irlanda

Governo partilhado

Republicanos e unionistas chegaram a acordo para a formação de um governo partilhado entre os dois maiores partidos da Irlanda do Norte. Gerry Adams, pelo Sinn Fein, e Ian Paisley, pelo DUP (partido democrático unionista) fixaram a data 8 de Maio para a nomeação do novo executivo, compromisso que é visto como o primeiro passo para uma viragem histórica no processo político da Irlanda do Norte.
Após um fim-de-semana de intensas negociações entre delegações, na segunda-feira, 26, os líderes das duas principais forças políticas sentaram-se pela primeira vez à mesa para fechar e assinar o acordo de cooperação.
Em conferência de imprensa conjunta, Paisley considerou o encontro com Adams como «um passo importante no caminho da criação de um executivo multipartidário em seis semanas».
Por seu turno, o dirigente do Sein Fein, embora tenha insistido nas «numerosas dificuldades que terão de ser superadas», salientou que o acordo para a constituição de um governo significa «o início de uma nova era na política irlandesa» e «mostra o potencial do que agora podemos atingir».
Referindo-se à simbologia das cores da bandeira irlandesa, onde o laranja representa os unionistas, o verde os republicanos e o branco a paz entre ambas as comunidades, Adams afirmou: «É nosso fim a construção de uma nova relação entre o laranja e o verde e todas as outras cores, para que cada cidadão possa partilhar e aspirar em termos de igualdade a um futuro próspero, justo e pacífico».
Recorde-se que a autonomia da Irlanda do Norte, que resultou dos célebres acordos de Sexta-feira Santa, em 1998, foi suspensa pelo governo de Londres em Outubro de 2002, com base em falsas acusações de espionagem do Sinn Fein a favor do IRA.
Em resposta ao apelo do Sein Fein, o Exército Republicano Irlandês anunciou, em Julho de 2005, o fim das acções armadas e a intenção de lutar pela reunificação da Irlanda pela via das negociações.
Em Setembro do mesmo ano, uma comissão confirma a destruição de todos os arsenais do IRA. Contudo, só em Outubro de 2006 as partes chegam a um entendimento, assinando, sob a intermediação de Londres, o acordo de Saint Andrews, que definiu o novo calendário para a restauração da autonomia.


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