Todas as lutas convergiram em Lisboa

Um grande protesto

Nos cartazes e nas palavras de ordem gritadas sexta-feira, nas ruas de Lisboa, a exigência comum de mudança de políticas foi também traduzida em reivindicações específicas.

Antes da manifestação muitos sectores protestaram diante dos respectivos patronatos

Trabalhadores dos diferentes sectores, empresas, regiões, concelhos e até de bairros (como o do Lagarteiro, no Porto) uniram o seu protesto contra as políticas do Governo PS.
Neste dia de luta convergente – para a qual partiram, por exemplo, às sete e meia da manhã, do distrito de Braga, mais de três mil trabalhadores, e meia hora mais tarde, do Porto, outros tantos (segundo as respectivas uniões de sindicatos) –, ocorreram igualmente concentrações, antes do período de almoço, noutros locais.
Cerca de 400 trabalhadores de super e hipermercados reuniram-se, a partir das 13.30 horas, no Campo Grande, junto à sede do Grupo Jerónimo Martins (Pingo Doce e Feira Nova), que preside à associação patronal (APED), para exigirem que retome as negociações do contrato colectivo de trabalho, interrompidas desde Setembro, e que pare o ataque a direitos há muito conquistados, como o horário de trabalho, o descanso semanal e entre jornadas laborais, a justa remuneração. O CESP/CGTP-IN acusa o Grupo Jerónimo Martins de, sempre que assume a presidência da APED, promover o boicote da negociação colectiva.
Para protestar também contra o boicote da associação patronal (ARESP) à negociação do contrato colectivo, e para exigir a melhoria dos salários, teve lugar uma concentração de trabalhadores da hotelaria e turismo, a meio da manhã, na Avenida do Duque de Ávila.
Foi ainda o ataque da associação patronal à contratação colectiva que levou dirigentes, delegados sindicais e trabalhadores de empresas fabricantes de material eléctrico e electrónico a realizarem mais uma acção de protesto, ao fim da manhã, na Avenida de Guerra Junqueiro, frente à sede da ANIMEE.
Já os trabalhadores da Pereira da Costa, ao fim de cinco meses de vigília permanente junto às instalações da empresa, na Venda Nova, Amadora (onde neste dia se manteve um grupo de operários), realizaram, cerca das dez horas, uma concentração junto à residência oficial do primeiro-ministro, exigindo uma intervenção firme do Governo, para que na empresa seja posto termo às ilegalidades praticadas pela administração de Luís Moreira e para que sejam garantidos os direitos e interesses, quer dos trabalhadores, quer do Estado (principal credor da falida MB Pereira da Costa e também da empresa que a adquiriu em leilão).

Estranhas pressões

Em vários locais e sectores foram denunciados pelas estruturas sindicais actos patronais e de chefias, exercendo pressão e chantagem, para tentarem evitar que os trabalhadores aderissem às greves convocadas para dia 2 e participassem na luta nacional.
Uma patrulha da GNR chegou a tentar, nas instalações da Câmara de Avis, identificar e quantificar os trabalhadores que iriam participar na manifestação nacional em Lisboa, acção vivamente contestada num comunicado subscrito pelo presidente, Manuel Coelho (PCP), e publicado no sítio Internet do município. João Santos, comandante do Destacamento Territorial da GNR em Ponte de Sôr, confirmou à agência Lusa a realização da acção, justificando que ela ocorreu por «um lapso de interpretação da mensagem» por parte dos agentes, que «tinham apenas como missão um trabalho interno».


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