Excomungados
Há sempre muitas leituras possíveis após uma consulta eleitoral. Por mim, como será óbvio, a leitura política a fazer é aquela que o Comité Central do PCP conclui após a análise colectiva a que procede, para ela concorrendo a opinião não apenas dos seus membros mas de muitos milhares de comunistas que participam na vida partidária.
No entanto, para além das conclusões políticas que o Comité Central do PCP retirou da vitória expressiva do Sim no referendo do passado domingo, é ainda possível adiantar alguma coisa – não agora sobre a também expressiva derrota do Não – acerca das reacções das forças que persistiram, nesta segunda consulta sobre a despenalização da IVG, em optar por uma orientação obscurantista que, se vencesse, faria perdurar os perigos para a vida e saúde das mulheres e continuaria a atentar contra a sua dignidade.
Não falemos dos votantes do Não, onde cabem tanto os que desejariam a descriminalização do aborto, como aqueles que gostariam de ver, muito cristãmente, as mulheres apedrejadas na praça pública, a maioria sujeita ao domínio ideológico da direita e da hierarquia católica e confundida pelos golpes de rins hipócritas e demagógicos de marcelos e quejandos.
Falemos brevemente sobre os que chefiaram a campanha do Não, sobre os seus comentadores, propagandistas e lacaios. Sobre aqueles que se serviram das tribunas jornalísticas colocadas à sua disposição e sobre os que fingiram não se servirem delas. Sobre os que lançaram sobre os portugueses horríveis mensagens para apavorar as consciências. Os que redigiram e conceberam panfletos e imagens aterradoras, atentatórios da inteligência das pessoas. Sobre os que lançaram anátemas, prometendo o inferno e a excomunhão, paramentados a preceito no alto dos púlpitos.
Perderam e tiveram mau perder.
As suas vozes ainda lançam fel e amargura, aproveitando as tribunas que continuam à sua disposição. E, cegos pela derrota, lançando mão de todos os artifícios, preparam-se para obstar ao caminho de uma IVG legalizada. E não vêem, como aquele pároco de Castelo de Vide, que excomungando os seus paroquianos, foram excomungados por eles. A gritaria do pároco conseguiu apenas que a votação, naquela vila alentejana, subisse de 72 por cento para mais de 80!
No entanto, para além das conclusões políticas que o Comité Central do PCP retirou da vitória expressiva do Sim no referendo do passado domingo, é ainda possível adiantar alguma coisa – não agora sobre a também expressiva derrota do Não – acerca das reacções das forças que persistiram, nesta segunda consulta sobre a despenalização da IVG, em optar por uma orientação obscurantista que, se vencesse, faria perdurar os perigos para a vida e saúde das mulheres e continuaria a atentar contra a sua dignidade.
Não falemos dos votantes do Não, onde cabem tanto os que desejariam a descriminalização do aborto, como aqueles que gostariam de ver, muito cristãmente, as mulheres apedrejadas na praça pública, a maioria sujeita ao domínio ideológico da direita e da hierarquia católica e confundida pelos golpes de rins hipócritas e demagógicos de marcelos e quejandos.
Falemos brevemente sobre os que chefiaram a campanha do Não, sobre os seus comentadores, propagandistas e lacaios. Sobre aqueles que se serviram das tribunas jornalísticas colocadas à sua disposição e sobre os que fingiram não se servirem delas. Sobre os que lançaram sobre os portugueses horríveis mensagens para apavorar as consciências. Os que redigiram e conceberam panfletos e imagens aterradoras, atentatórios da inteligência das pessoas. Sobre os que lançaram anátemas, prometendo o inferno e a excomunhão, paramentados a preceito no alto dos púlpitos.
Perderam e tiveram mau perder.
As suas vozes ainda lançam fel e amargura, aproveitando as tribunas que continuam à sua disposição. E, cegos pela derrota, lançando mão de todos os artifícios, preparam-se para obstar ao caminho de uma IVG legalizada. E não vêem, como aquele pároco de Castelo de Vide, que excomungando os seus paroquianos, foram excomungados por eles. A gritaria do pároco conseguiu apenas que a votação, naquela vila alentejana, subisse de 72 por cento para mais de 80!