EUA executam Saddam
Saddam Hussein foi executado à ordem dos EUA e do governo colaboracionista do Iraque, acto que deverá fazer recrudescer a violência no país.
«Mais de três mil soldados norte-americanos mortos e 22 mil feridos ou mutilados desde Março de 2003»
A execução da pena capital contra o ex-presidente iraquiano, decretada no passado dia 5 de Novembro pelo Alto Tribunal Penal do Iraque (instância criada pelos EUA e pelo governo iraquiano propositadamente para o efeito), foi cumprida na madrugada de sábado em local ainda não desvendado da chamada «zona verde», na capital, Bagdad, a área onde se encontram as representação diplomáticas dos EUA e da Grã-Bretanha, parte dos edifícios governamentais do Iraque e das companhias privadas envolvidas na ocupação.
Apesar do secretismo e rapidez que envolveu a operação, horas depois da execução de Saddam as imagens do enforcamento já se encontravam disponíveis na Internet, alegadamente captadas pela câmara indiscreta do telemóvel de um dos presentes.
O governo de Bagdad já mandou instaurar um processo de averiguações para aclarar o suposto incidente, mas o facto é que o filme com pouco mais de dois minutos e meio revela os últimos momentos de Saddam, sentenciado por homens encapuçados que gritaram vivas a Moqtad al-Sadr – clérigo e político xiita envolvido em disputas de poder no Iraque ocupado – enquanto preparavam o cadafalso, cenário mais próprio da consumação de uma vingança do que do sentenciamento de um criminoso.
As reacções ao enforcamento de Saddam não se fizeram esperar. George W. Bush considerou que o acto «não vai acabar com a violência no Iraque, mas é uma etapa importante no caminho para uma democracia que pode ser governada, auto-suficiente e um aliado na guerra contra o terrorismo», palavras de regozijo rejeitadas pela generalidade dos chefes de Estado, com excepção de Israel, do Irão e do próprio governo títere do Iraque.
França e Grã-Bretanha reafirmaram a posição de princípio desfavorável à pena de morte, mas deixaram declarações envergonhadas na hora de comentar a execução sumária de Saddam.
Posição diferente assumiram, entre outros, a Rússia, Cuba, a Venezuela e algumas organizações de defesa dos direitos humanos, para quem a aplicação da pena de morte a Saddam Hussein não só é precedida por um julgamento repleto de irregularidades, como funcionará como tónico ao recrudescimento da violência no território.
Funeral discreto
Segundo informações divulgadas por agências internacionais, o corpo do ex-presidente do Iraque foi transportado, na mesma noite, para a localidade de Auja, aldeia próxima de Tikrit, onde os restos mortais de Saddam Hussein foram depositados na presença de familiares e amigos.
Muito embora as vias de comunicação para a nortenha cidade iraquiana tenham sido encerradas pelo exército ocupante temendo reacções violentas à morte de Saddam, centenas de populares deslocaram-se a pé para acompanhar a cerimónia. As manifestações de repúdio da execução de Saddam continuam no território e além fronteiras. Numa delas, a filha de Saddam, a viver em Amam, na Jordânia, agradeceu a presença popular e reiterou as acusações de falta de legitimidade dos EUA e do governo iraquiano para julgarem e executarem Saddam.
Guerra sem solução
Entretanto, no Iraque a violência continua a recrudescer. A assinalar o início do novo ano, dezenas de engenhos explosivos rebentaram em todo o país tendo como alvos patrulhas e postos das tropas ocupantes ou edifícios do executivo colaboracionista.
No balanço de mais um ano de ocupação e guerra no Iraque, as autoridades locais estimam que só ano transacto 16273 iraquianos tenham sido vitimados por actos violentos. A esmagadora maioria dos atingidos são civis.
Entre o contingente norte-americano, os dados oficiais dizem que já morreram no Iraque, desde Março de 2003, mais de três mil soldados, barreira psicológica ultrapassada antes do final de 2006. Mais de 22 mil militares regressaram a casa feridos ou mutilados em combates com a resistência popular ou com grupos em disputa pelo poder mas alheios aos interesses dos EUA.
Protestos em Nova Iorque, Boston e Detroit
Na sequência da execução de Saddam Hussein e da confirmação da morte de mais de três mil soldados norte-americanos em três anos de guerra no Iraque, o Internacional Action Center (IAC) promoveu, dia 30, nas cidades de Nova Iorque, Boston e Detroit acções de protesto contra o enforcamento do ex-presidente e a manutenção das tropas norte-americanas no território.
Em conferência de imprensa na Times Square, a organização alertou para as mais de 600 mil vítimas iraquianas desde o início da invasão, facto que consideram revelar que os verdadeiros objectivos dos EUA no Iraque não passam por proteger a população e lutar contra o terrorismo, mas antes proporcionar grossos lucros às companhias petrolíferas instalando um regime fantoche no país.
O IAC condena a política externa das sucessivas administrações na Casa Branca, as quais, dizem, têm apoiado ditaduras em todos os continentes e agora pretendem impor o domínio dos EUA no Médio Oriente contra a vontade dos respectivos povos, resultando no massacre de civis como nos casos de Abu Ghraib, Fallujah ou Haditha.
Os manifestantes exigiram que os Republicanos e os Democratas cumpram a vontade da maioria dos americanos e retirem imediatamente do Iraque, canalizando os fundos roubados ao povo e gastos com uma guerra injusta e criminosa para programas nas áreas do emprego, cuidados de saúde, habitação condigna, educação e na reconstrução da Costa do Golfo do México, devastada pelo furacão Katrina e na sua maior parte ainda em ruínas.
Apesar do secretismo e rapidez que envolveu a operação, horas depois da execução de Saddam as imagens do enforcamento já se encontravam disponíveis na Internet, alegadamente captadas pela câmara indiscreta do telemóvel de um dos presentes.
O governo de Bagdad já mandou instaurar um processo de averiguações para aclarar o suposto incidente, mas o facto é que o filme com pouco mais de dois minutos e meio revela os últimos momentos de Saddam, sentenciado por homens encapuçados que gritaram vivas a Moqtad al-Sadr – clérigo e político xiita envolvido em disputas de poder no Iraque ocupado – enquanto preparavam o cadafalso, cenário mais próprio da consumação de uma vingança do que do sentenciamento de um criminoso.
As reacções ao enforcamento de Saddam não se fizeram esperar. George W. Bush considerou que o acto «não vai acabar com a violência no Iraque, mas é uma etapa importante no caminho para uma democracia que pode ser governada, auto-suficiente e um aliado na guerra contra o terrorismo», palavras de regozijo rejeitadas pela generalidade dos chefes de Estado, com excepção de Israel, do Irão e do próprio governo títere do Iraque.
França e Grã-Bretanha reafirmaram a posição de princípio desfavorável à pena de morte, mas deixaram declarações envergonhadas na hora de comentar a execução sumária de Saddam.
Posição diferente assumiram, entre outros, a Rússia, Cuba, a Venezuela e algumas organizações de defesa dos direitos humanos, para quem a aplicação da pena de morte a Saddam Hussein não só é precedida por um julgamento repleto de irregularidades, como funcionará como tónico ao recrudescimento da violência no território.
Funeral discreto
Segundo informações divulgadas por agências internacionais, o corpo do ex-presidente do Iraque foi transportado, na mesma noite, para a localidade de Auja, aldeia próxima de Tikrit, onde os restos mortais de Saddam Hussein foram depositados na presença de familiares e amigos.
Muito embora as vias de comunicação para a nortenha cidade iraquiana tenham sido encerradas pelo exército ocupante temendo reacções violentas à morte de Saddam, centenas de populares deslocaram-se a pé para acompanhar a cerimónia. As manifestações de repúdio da execução de Saddam continuam no território e além fronteiras. Numa delas, a filha de Saddam, a viver em Amam, na Jordânia, agradeceu a presença popular e reiterou as acusações de falta de legitimidade dos EUA e do governo iraquiano para julgarem e executarem Saddam.
Guerra sem solução
Entretanto, no Iraque a violência continua a recrudescer. A assinalar o início do novo ano, dezenas de engenhos explosivos rebentaram em todo o país tendo como alvos patrulhas e postos das tropas ocupantes ou edifícios do executivo colaboracionista.
No balanço de mais um ano de ocupação e guerra no Iraque, as autoridades locais estimam que só ano transacto 16273 iraquianos tenham sido vitimados por actos violentos. A esmagadora maioria dos atingidos são civis.
Entre o contingente norte-americano, os dados oficiais dizem que já morreram no Iraque, desde Março de 2003, mais de três mil soldados, barreira psicológica ultrapassada antes do final de 2006. Mais de 22 mil militares regressaram a casa feridos ou mutilados em combates com a resistência popular ou com grupos em disputa pelo poder mas alheios aos interesses dos EUA.
Protestos em Nova Iorque, Boston e Detroit
Na sequência da execução de Saddam Hussein e da confirmação da morte de mais de três mil soldados norte-americanos em três anos de guerra no Iraque, o Internacional Action Center (IAC) promoveu, dia 30, nas cidades de Nova Iorque, Boston e Detroit acções de protesto contra o enforcamento do ex-presidente e a manutenção das tropas norte-americanas no território.
Em conferência de imprensa na Times Square, a organização alertou para as mais de 600 mil vítimas iraquianas desde o início da invasão, facto que consideram revelar que os verdadeiros objectivos dos EUA no Iraque não passam por proteger a população e lutar contra o terrorismo, mas antes proporcionar grossos lucros às companhias petrolíferas instalando um regime fantoche no país.
O IAC condena a política externa das sucessivas administrações na Casa Branca, as quais, dizem, têm apoiado ditaduras em todos os continentes e agora pretendem impor o domínio dos EUA no Médio Oriente contra a vontade dos respectivos povos, resultando no massacre de civis como nos casos de Abu Ghraib, Fallujah ou Haditha.
Os manifestantes exigiram que os Republicanos e os Democratas cumpram a vontade da maioria dos americanos e retirem imediatamente do Iraque, canalizando os fundos roubados ao povo e gastos com uma guerra injusta e criminosa para programas nas áreas do emprego, cuidados de saúde, habitação condigna, educação e na reconstrução da Costa do Golfo do México, devastada pelo furacão Katrina e na sua maior parte ainda em ruínas.