O povo confirma Lula
A experiência vivida pelo Brasil nesses últimos quatro anos foi transformadora para a sociedade, abrindo-lhe um novo caminho histórico mais democrático. Mas, ensinou também que o caminho é longo e precisa ser construído nos mínimos detalhes, não depende só da vontade dos que chegaram ao poder pela via eleitoral. Será necessário formar uma consciência política íntegra para atingir uma transformação coerente da sociedade.
Estabelecendo uma comparação entre os resultados dos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso e os quatro de Lula, verifica-se que com este foram dados passos decisivos no sentido de priorizar os fundamentos de uma estratégia política responsável pelo desenvolvimento do país (ver quadros anexos).
Esta conduta democrática impulsionada pelo governo Lula estimulou a participação social de cidadãos e organizações solidárias que tomaram a iniciativa de lançar bases para o apoio às comunidades mais carentes com a construção de equipamentos básicos (captação de água, organização de cooperativas de artesãos e pequenos empresários ou agricultores, formação escolar e profissional para «meninos de rua», distribuição de alimentos aos mendigos, criação de uma estrutura de trabalho para os catadores de lixo e a reciclagem dos produtos gerando novos empregos, etc.).
A população brasileira, que ficara emocionada em 2002 com a possibilidade de eleger um filho do povo, ex-migrante nordestino que foi operário metalúrgico e líder sindical perseguido pela ditadura (1964/85), durante os quatro anos teve oportunidade de amadurecer a consciência de cidadania desenvolvendo critérios de avaliação objetiva da acção política. Passou do entusiasmo emocional para a avaliação racional de cada medida implementada para satisfazer as necessidades do país e da população.
Entendeu que a desigualdade profunda que dividia o povo impunha rápidas soluções para suprir as carências básicas dos mais pobres, antes de atender às melhorias reclamadas por uma classe média. Entendeu também que um governo apoiado por classes – ricos e pobres – que têm poder aquisitivo e interesses contraditórios entre elas, seria obrigado a satisfazer os desejos (mesmo que mesquinhos) das forças económicas para obter os recursos necessários para as áreas mais carentes. Implementou o conceito de «responsabilidade social» que alterou a contabilidade empresarial no sentido de incluir na despesa anual de cada empresa uma parcela devida ao desenvolvimento da sociedade para atender a população mais carente.
As iniciativas que já existiam anteriormente de apoio às coletividades marginalizadas dos bairros pobres e favelas, que nasceram como expressão de resistência à ditadura que fraturava o caminho democrático da história brasileira, receberam importante impulso durante o governo Lula, passando a contar até mesmo com o empenho dos média para a sua expansão – este foi o caso, por exemplo, de experiências no campo do teatro como o do grupo «Nós do Morro» que há 20 anos contou com o estímulo de um conhecido actor que passou a viver na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, para extrair daquele ambiente de marginalidade social talentosos actores para o teatro e cinema que foram reconhecidos internacionalmente, assim como tantos outros que venceram as barreiras da miséria para brilharem nos campos das artes e do desporto.
Mesmo com a vasta lista de conquistas alcançadas, a transformação do país apenas aflorou sem alterar o rumo de um país sacrificado desde a sua colonização pela ganância das elites que se sucederam ao longo de 500 anos até à implantação do neo-capitalismo por FHC que acentuou a dependência nacional. A dimensão populacional e a extensão territorial do Brasil diluem os grandes êxitos. Quando se mostra o índice de «miseráveis» que foi reduzido nestes quatro anos em 1,15% devemos lembrar que significam perto de dois milhões de pessoas que passaram a ser alimentadas todos os dias; ou o Programa de Saúde Família, que já existia anteriormente, e passou a atender mais 15 milhões de cidadãos.
O caminho é lento, principalmente porque ainda existem muitas formas de obstáculos criados pelas forças de oposição que desviam os recursos, emperram os trabalhos públicos, sabotam as acções do governo. E mais, somem-se aos que agem negativamente por decisão política os funcionários do Estado que continuam a revelar a cultura herdada da oligarquia que aceita a corrupção como uma prática normal ao sistema de poder. A ausência de uma consciência revolucionária fez com que até importantes políticos do partido do governo cometessem erros imperdoáveis na função pública fazendo tratos com bandidos para obter recursos com facilidade.
A mudança na sociedade implica também a formação do carácter do agente público para além da habilitação profissional para o exercício do poder. Fidel Castro, no recente livro «Biografia a Duas Vozes», de Ignácio Ramonet, refere este tema que pôde ser enfrentado com êxito durante o seu governo revolucionário. E diz com a coragem de quem não teme a realidade: «Ah, mas o poder é o poder. Talvez a luta mais importante de alguém seja a luta contra si mesmo, a luta pelo auto controlo. Talvez seja uma das coisas mais difíceis. Contra a corrupção e também contra o abuso de suas atribuições. É necessária uma consciência bem formada e muito forte, porque vejo como as pessoas usam o poder... e as tendências no uso do poder.(...) Às vezes os homens perdem o juízo».
E no Brasil ainda não se construiu o caminho revolucionário. Como disse Lula assim que foi reconhecida oficialmente a sua vitória na reeleição de 2006, «nos quatro anos passados criámos a base para fazer melhor pelo Brasil (...) aprendemos com a experiência e com os erros cometidos. Comparando o nosso governo com o anterior fizemos muito e agora teremos de fazer muito mais porque a comparação terá de ser com o que nós mesmos fomos capazes de fazer».
Nesta reeleição de Lula, os que acreditavam ser possível, por acto voluntarista, exercer o comando revolucionário para apressar as transformações, dividiram os votos de esquerda favorecendo o candidato da direita – Geraldo Alkimin – na primeira volta. Foi mais um tropeço que serviu para esclarecer os que lutam por um Brasil melhor sobre a realidade existente e o ritmo possível da transformação. O povo brasileiro escolheu o seu presidente conhecendo tanto as qualidades do seu governo como as fragilidades que o permearam. Agora descobre que com a sua participação poderá fortalecer os que mereceram a sua confiança. Não espera milagres, mas acções coerentes.
________________
1º- Desenvolvimento nacional
Áreas ambientais preservadas
Gov. Lula: incremento de 19,6 milhões de hectares (2003 a 2006) Do ano de 1500
até 2002: 40 milhões de hectares
Investimento em desenvolvimento (em reais)
Gov. Lula: 47,1 bilhões
Gov. FHC: 38,2 bilhões
Empréstimo para habitação (em reais)
Gov. Lula: 4,5 bilhões
Gov. FHC: 1,7 bilhões
Crédito para a agricultura familiar
Gov. Lula: 6,1%
Gov. FHC: 2,4%
Apoio à agricultura familiar
Gov. Lula: 7,5 bilhões (safra 2005/2006)
Gov. FHC: 2,5 bilhões (último ano de governo)
(O governo Lula investirá 10 bilhões na safra 2006/2007)
Compra de terras para Reforma Agrária
Gov. Lula: 2,7 bilhões (2003 a 2005)
Gov. FHC: 1,1 bilhão (1999 a 2002)
Investimento do BNDES em micro e pequenas empresas
Gov. Lula: 14,99 bilhões
Gov. FHC: 8,3 bilhões
Geração de Energia Eléctrica
Gov. Lula: 1.567 empreendimentos em operação, gerando 95.744.495 kW de Potência.
Gov. FHC: APAGÃO
(Está prevista para os próximos anos uma adição de 26.967.987 kW na capacidade de geração do País, proveniente dos 65 empreendimentos actualmente em construção e mais 516 outorgadas.)
Eletrificação Rural
Gov. Lula: 3 milhões de pessoas
Gov. FHC: 2,7 mil pessoas
PIB
Gov. Lula: 2,6% ao ano (até 2005)
Gov. FHC: 2,3% ao ano
Crescimento industrial
Gov. Lula: 3,77%
Gov. FHC: 1,94%
(O lucro líquido das grandes empresas com ações em Bolsa quase triplicou nos três anos e meio de governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao período da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002. Folha de S. Paulo, 20/08/2006)
Produção de bens duráveis
Gov. Lula: 11,8%
Gov. FHC: 2,4%
Aumento na Produção de veículos
Gov. Lula: 2,4%
Gov. FHC: 1,8%
Número de turistas que vêm ao Brasil
Gov. Lula: 4,6 milhões
Gov. FHC: 3,8 milhões
2º - Dignificação do país independente nas relações internacionais (e protecção do seu património)
(Durante o governo FHC foram vendidas grandes e importantes empresas brasileiras a grupos estrangeiros em nome do desenvolvimento tais como a CSN (Comp. Siderúrgica NACIONAL), Vale do Rio Doce (hoje a 2ª maior do planeta), TELEBRÁS ( As televisões estaduais e a EMBRATEL), parte da Petrobrás, entre outras.)
Exportações (em dólares)
Gov. Lula: 118,3 bilhões
Gov. FHC: 60,4 bilhões
Balança comercial (em dólares)
Gov. Lula: 103,3 bilhões
Gov. FHC: - 8,4 bilhões
Transações correntes (em dólares):
Gov. Lula: 30,1 bilhões
Gov. FHC: - 186,2 bilhões
Risco-país
Gov. Lula: 204
Gov. FHC: 2.400 (!!)
(No governo Lula, o país atingiu o patamar mais baixo da história.)
Inflação
Gov. Lula: 2,8%
Gov. FHC: 12,53%
Dívida com o FMI (em dólares)
Gov. Lula: dívida paga <== este era um sonho de décadas que se dizia impossível.
Gov. FHC: 14,7 bilhões
Dívida com o Clube de Paris (em dólares)
Gov. Lula: dívida paga <== este era outro sonho de décadas que se dizia impossível.
Gov. FHC: 5 bilhões
Dívida pública
Gov. Lula: 34,2%
Gov. FHC: 35,3%
Dívida externa
Gov. Lula: 2,41%
Gov. FHC:12,45%
3º - Cuidado com a população mais carente (desde o combate directo à fome até à oferta de condições de vida digna e recursos para trabalhar)
Índice de Desigualdade social
Gov. Lula: 0,559
Gov. FHC: 0,573
Participação dos mais pobres na renda
Gov. Lula: 15,2%
Gov. FHC: 14,4%
Número de pobres
Gov. Lula: 33,57%
Gov. FHC: 34,34%
Número de pessoas na miséria
Gov. Lula: 25,08%
Gov. FHC: 26,23%
Transferência de renda (em reais)
Gov. Lula: 7,1 bilhões
Gov. FHC: 2,3 bilhões
Média por família
Gov. Lula: 70 reais
Gov. FHC: 25 reais
Bolsa Família
Gov. Lula: 11,1 milhões de famílias
Gov. FHC: ...
(Educação e subsídio alimentar)
Incremento no acesso a água no semi-árido nordestino
Gov. Lula: 762 mil pessoas e 152 mil cisternas
Gov. FHC: zero
Distribuição de leite no semi-árido (sistema pequeno produtor)
Gov. Lula: 3,3 milhões de brasileiros
Gov. FHC: zero
Investimentos em alimentação escolar
Gov. Lula: 1 bilhão
Gov. FHC: 848 milhões
Investimento anual em saúde básica
Gov. Lula: 1,5 bilhão
Gov. FHC: 155 milhões
Equipes do Programa Saúde da Família:
Gov. Lula: 21.609
Gov. FHC: 16.698
População atendida pelo Prog. Saúde da Família
Gov. Lula:70 milhões
Gov. FHC: 55 milhões
Porcentagem da população atendida pelo Programa Saúde da Família
Gov. Lula: 39,7%
Gov. FHC: 31,9%
Pacientes com HIV positivo atendidos pela rede pública de saúde
Gov. Lula: 151 mil
Gov. FHC: 119 mil
Criação de empregos
Gov. Lula: 6 milhões (4 milhões com carteira assinada)
Gov. FHC: 700 mil
Média anual de empregos gerados
Gov. Lula: 1,14 milhão
Gov. FHC: 87,5 mil
Média mensal de empregos gerados
Gov. Lula: 95 mil
Gov. FHC: 87 mil
Taxa de desemprego nas regiões metropolitanas
Gov. Lula: 8,3%
Gov. FHC: 11,7%
Desemprego em SP
Gov. Lula: 16,9%
Gov. FHC: 19,0%
Crescimento real do salário mínimo
Gov. Lula: 25,3%
Gov. FHC: 20,6%
(Ganho real de 25,7% em três anos)
Valor do salário mínimo em dólares
Gov. Lula: 152
Gov. FHC: 55
Poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica
Gov. Lula: 2,2 cestas básicas
Gov. FHC: 1,3 cesta básica
Aumento do custo da cesta básica
Gov. Lula: 15,6%
Gov. FHC: 81,6%
Atendidos pelo programa Saúde da Família
Gov. Lula: 43,4%
Gov. FHC: 30,4%
Atendidos pelo programa Brasil Sorridente (atendimento odontológico)
Gov. Lula: 33,7%
Gov. FHC: 17,5%
(15 milhões de brasileiros foram pela primeira vez ao dentista.)
Mortalidade infantil indígena (por 1000 habitantes)
Gov. Lula: 21,6
Gov. FHC: 55,7
Pró-jovem - estudo subsidiado (100 reais por mês de subsídio a cada estudante)
Gov. Lula: 93 mil (18 a 24 anos)
Gov. FHC: ...
Livros gratuitos para o Ensino Médio
Gov. Lula: 7 milhões
Gov. FHC: zero
4º segurança pública e combate ao crime organizado (que permitiu aprofundar o combate à corrupção que fazia parte da cultura política oligárquica tradicional e habitualmente impune no Brasil)
Número de policiais federais
Gov. Lula: 11 mil
Gov. FHC: 5 mil
Operações da PF contra a corrupção, crime organizado, lavagem de dinheiro, etc...:
Gov. Lula- 183
Gov. FHC- 20
Prisões efectuadas
Gov. Lula: 2971
Gov. FHC: 54
(Entre os anos de 2000 a 2005, as acções da Polícia Federal no combate ao crime cresceram 815%. Durante o governo do presidente Lula, a Polícia Federal realizou 183 operações e 2971 prisões. Uma média de 987 presos por ano. Já nos dois últimos anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, foram realizadas apenas 20 operações, com a prisão de 54 pessoas, ou seja, uma média de 27 capturas por ano.)
__________
Fontes: IBGE, IBGE/Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar - desde 1994); ANEEL; Bovespa; CNI; CIESP; Ministérios Federais e Agências Reg.; SUS; CES/FGV; jornais FSP, O Globo e O Estado.
Esta conduta democrática impulsionada pelo governo Lula estimulou a participação social de cidadãos e organizações solidárias que tomaram a iniciativa de lançar bases para o apoio às comunidades mais carentes com a construção de equipamentos básicos (captação de água, organização de cooperativas de artesãos e pequenos empresários ou agricultores, formação escolar e profissional para «meninos de rua», distribuição de alimentos aos mendigos, criação de uma estrutura de trabalho para os catadores de lixo e a reciclagem dos produtos gerando novos empregos, etc.).
A população brasileira, que ficara emocionada em 2002 com a possibilidade de eleger um filho do povo, ex-migrante nordestino que foi operário metalúrgico e líder sindical perseguido pela ditadura (1964/85), durante os quatro anos teve oportunidade de amadurecer a consciência de cidadania desenvolvendo critérios de avaliação objetiva da acção política. Passou do entusiasmo emocional para a avaliação racional de cada medida implementada para satisfazer as necessidades do país e da população.
Entendeu que a desigualdade profunda que dividia o povo impunha rápidas soluções para suprir as carências básicas dos mais pobres, antes de atender às melhorias reclamadas por uma classe média. Entendeu também que um governo apoiado por classes – ricos e pobres – que têm poder aquisitivo e interesses contraditórios entre elas, seria obrigado a satisfazer os desejos (mesmo que mesquinhos) das forças económicas para obter os recursos necessários para as áreas mais carentes. Implementou o conceito de «responsabilidade social» que alterou a contabilidade empresarial no sentido de incluir na despesa anual de cada empresa uma parcela devida ao desenvolvimento da sociedade para atender a população mais carente.
As iniciativas que já existiam anteriormente de apoio às coletividades marginalizadas dos bairros pobres e favelas, que nasceram como expressão de resistência à ditadura que fraturava o caminho democrático da história brasileira, receberam importante impulso durante o governo Lula, passando a contar até mesmo com o empenho dos média para a sua expansão – este foi o caso, por exemplo, de experiências no campo do teatro como o do grupo «Nós do Morro» que há 20 anos contou com o estímulo de um conhecido actor que passou a viver na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, para extrair daquele ambiente de marginalidade social talentosos actores para o teatro e cinema que foram reconhecidos internacionalmente, assim como tantos outros que venceram as barreiras da miséria para brilharem nos campos das artes e do desporto.
Mesmo com a vasta lista de conquistas alcançadas, a transformação do país apenas aflorou sem alterar o rumo de um país sacrificado desde a sua colonização pela ganância das elites que se sucederam ao longo de 500 anos até à implantação do neo-capitalismo por FHC que acentuou a dependência nacional. A dimensão populacional e a extensão territorial do Brasil diluem os grandes êxitos. Quando se mostra o índice de «miseráveis» que foi reduzido nestes quatro anos em 1,15% devemos lembrar que significam perto de dois milhões de pessoas que passaram a ser alimentadas todos os dias; ou o Programa de Saúde Família, que já existia anteriormente, e passou a atender mais 15 milhões de cidadãos.
O caminho é lento, principalmente porque ainda existem muitas formas de obstáculos criados pelas forças de oposição que desviam os recursos, emperram os trabalhos públicos, sabotam as acções do governo. E mais, somem-se aos que agem negativamente por decisão política os funcionários do Estado que continuam a revelar a cultura herdada da oligarquia que aceita a corrupção como uma prática normal ao sistema de poder. A ausência de uma consciência revolucionária fez com que até importantes políticos do partido do governo cometessem erros imperdoáveis na função pública fazendo tratos com bandidos para obter recursos com facilidade.
A mudança na sociedade implica também a formação do carácter do agente público para além da habilitação profissional para o exercício do poder. Fidel Castro, no recente livro «Biografia a Duas Vozes», de Ignácio Ramonet, refere este tema que pôde ser enfrentado com êxito durante o seu governo revolucionário. E diz com a coragem de quem não teme a realidade: «Ah, mas o poder é o poder. Talvez a luta mais importante de alguém seja a luta contra si mesmo, a luta pelo auto controlo. Talvez seja uma das coisas mais difíceis. Contra a corrupção e também contra o abuso de suas atribuições. É necessária uma consciência bem formada e muito forte, porque vejo como as pessoas usam o poder... e as tendências no uso do poder.(...) Às vezes os homens perdem o juízo».
E no Brasil ainda não se construiu o caminho revolucionário. Como disse Lula assim que foi reconhecida oficialmente a sua vitória na reeleição de 2006, «nos quatro anos passados criámos a base para fazer melhor pelo Brasil (...) aprendemos com a experiência e com os erros cometidos. Comparando o nosso governo com o anterior fizemos muito e agora teremos de fazer muito mais porque a comparação terá de ser com o que nós mesmos fomos capazes de fazer».
Nesta reeleição de Lula, os que acreditavam ser possível, por acto voluntarista, exercer o comando revolucionário para apressar as transformações, dividiram os votos de esquerda favorecendo o candidato da direita – Geraldo Alkimin – na primeira volta. Foi mais um tropeço que serviu para esclarecer os que lutam por um Brasil melhor sobre a realidade existente e o ritmo possível da transformação. O povo brasileiro escolheu o seu presidente conhecendo tanto as qualidades do seu governo como as fragilidades que o permearam. Agora descobre que com a sua participação poderá fortalecer os que mereceram a sua confiança. Não espera milagres, mas acções coerentes.
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1º- Desenvolvimento nacional
Áreas ambientais preservadas
Gov. Lula: incremento de 19,6 milhões de hectares (2003 a 2006) Do ano de 1500
até 2002: 40 milhões de hectares
Investimento em desenvolvimento (em reais)
Gov. Lula: 47,1 bilhões
Gov. FHC: 38,2 bilhões
Empréstimo para habitação (em reais)
Gov. Lula: 4,5 bilhões
Gov. FHC: 1,7 bilhões
Crédito para a agricultura familiar
Gov. Lula: 6,1%
Gov. FHC: 2,4%
Apoio à agricultura familiar
Gov. Lula: 7,5 bilhões (safra 2005/2006)
Gov. FHC: 2,5 bilhões (último ano de governo)
(O governo Lula investirá 10 bilhões na safra 2006/2007)
Compra de terras para Reforma Agrária
Gov. Lula: 2,7 bilhões (2003 a 2005)
Gov. FHC: 1,1 bilhão (1999 a 2002)
Investimento do BNDES em micro e pequenas empresas
Gov. Lula: 14,99 bilhões
Gov. FHC: 8,3 bilhões
Geração de Energia Eléctrica
Gov. Lula: 1.567 empreendimentos em operação, gerando 95.744.495 kW de Potência.
Gov. FHC: APAGÃO
(Está prevista para os próximos anos uma adição de 26.967.987 kW na capacidade de geração do País, proveniente dos 65 empreendimentos actualmente em construção e mais 516 outorgadas.)
Eletrificação Rural
Gov. Lula: 3 milhões de pessoas
Gov. FHC: 2,7 mil pessoas
PIB
Gov. Lula: 2,6% ao ano (até 2005)
Gov. FHC: 2,3% ao ano
Crescimento industrial
Gov. Lula: 3,77%
Gov. FHC: 1,94%
(O lucro líquido das grandes empresas com ações em Bolsa quase triplicou nos três anos e meio de governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao período da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002. Folha de S. Paulo, 20/08/2006)
Produção de bens duráveis
Gov. Lula: 11,8%
Gov. FHC: 2,4%
Aumento na Produção de veículos
Gov. Lula: 2,4%
Gov. FHC: 1,8%
Número de turistas que vêm ao Brasil
Gov. Lula: 4,6 milhões
Gov. FHC: 3,8 milhões
2º - Dignificação do país independente nas relações internacionais (e protecção do seu património)
(Durante o governo FHC foram vendidas grandes e importantes empresas brasileiras a grupos estrangeiros em nome do desenvolvimento tais como a CSN (Comp. Siderúrgica NACIONAL), Vale do Rio Doce (hoje a 2ª maior do planeta), TELEBRÁS ( As televisões estaduais e a EMBRATEL), parte da Petrobrás, entre outras.)
Exportações (em dólares)
Gov. Lula: 118,3 bilhões
Gov. FHC: 60,4 bilhões
Balança comercial (em dólares)
Gov. Lula: 103,3 bilhões
Gov. FHC: - 8,4 bilhões
Transações correntes (em dólares):
Gov. Lula: 30,1 bilhões
Gov. FHC: - 186,2 bilhões
Risco-país
Gov. Lula: 204
Gov. FHC: 2.400 (!!)
(No governo Lula, o país atingiu o patamar mais baixo da história.)
Inflação
Gov. Lula: 2,8%
Gov. FHC: 12,53%
Dívida com o FMI (em dólares)
Gov. Lula: dívida paga <== este era um sonho de décadas que se dizia impossível.
Gov. FHC: 14,7 bilhões
Dívida com o Clube de Paris (em dólares)
Gov. Lula: dívida paga <== este era outro sonho de décadas que se dizia impossível.
Gov. FHC: 5 bilhões
Dívida pública
Gov. Lula: 34,2%
Gov. FHC: 35,3%
Dívida externa
Gov. Lula: 2,41%
Gov. FHC:12,45%
3º - Cuidado com a população mais carente (desde o combate directo à fome até à oferta de condições de vida digna e recursos para trabalhar)
Índice de Desigualdade social
Gov. Lula: 0,559
Gov. FHC: 0,573
Participação dos mais pobres na renda
Gov. Lula: 15,2%
Gov. FHC: 14,4%
Número de pobres
Gov. Lula: 33,57%
Gov. FHC: 34,34%
Número de pessoas na miséria
Gov. Lula: 25,08%
Gov. FHC: 26,23%
Transferência de renda (em reais)
Gov. Lula: 7,1 bilhões
Gov. FHC: 2,3 bilhões
Média por família
Gov. Lula: 70 reais
Gov. FHC: 25 reais
Bolsa Família
Gov. Lula: 11,1 milhões de famílias
Gov. FHC: ...
(Educação e subsídio alimentar)
Incremento no acesso a água no semi-árido nordestino
Gov. Lula: 762 mil pessoas e 152 mil cisternas
Gov. FHC: zero
Distribuição de leite no semi-árido (sistema pequeno produtor)
Gov. Lula: 3,3 milhões de brasileiros
Gov. FHC: zero
Investimentos em alimentação escolar
Gov. Lula: 1 bilhão
Gov. FHC: 848 milhões
Investimento anual em saúde básica
Gov. Lula: 1,5 bilhão
Gov. FHC: 155 milhões
Equipes do Programa Saúde da Família:
Gov. Lula: 21.609
Gov. FHC: 16.698
População atendida pelo Prog. Saúde da Família
Gov. Lula:70 milhões
Gov. FHC: 55 milhões
Porcentagem da população atendida pelo Programa Saúde da Família
Gov. Lula: 39,7%
Gov. FHC: 31,9%
Pacientes com HIV positivo atendidos pela rede pública de saúde
Gov. Lula: 151 mil
Gov. FHC: 119 mil
Criação de empregos
Gov. Lula: 6 milhões (4 milhões com carteira assinada)
Gov. FHC: 700 mil
Média anual de empregos gerados
Gov. Lula: 1,14 milhão
Gov. FHC: 87,5 mil
Média mensal de empregos gerados
Gov. Lula: 95 mil
Gov. FHC: 87 mil
Taxa de desemprego nas regiões metropolitanas
Gov. Lula: 8,3%
Gov. FHC: 11,7%
Desemprego em SP
Gov. Lula: 16,9%
Gov. FHC: 19,0%
Crescimento real do salário mínimo
Gov. Lula: 25,3%
Gov. FHC: 20,6%
(Ganho real de 25,7% em três anos)
Valor do salário mínimo em dólares
Gov. Lula: 152
Gov. FHC: 55
Poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica
Gov. Lula: 2,2 cestas básicas
Gov. FHC: 1,3 cesta básica
Aumento do custo da cesta básica
Gov. Lula: 15,6%
Gov. FHC: 81,6%
Atendidos pelo programa Saúde da Família
Gov. Lula: 43,4%
Gov. FHC: 30,4%
Atendidos pelo programa Brasil Sorridente (atendimento odontológico)
Gov. Lula: 33,7%
Gov. FHC: 17,5%
(15 milhões de brasileiros foram pela primeira vez ao dentista.)
Mortalidade infantil indígena (por 1000 habitantes)
Gov. Lula: 21,6
Gov. FHC: 55,7
Pró-jovem - estudo subsidiado (100 reais por mês de subsídio a cada estudante)
Gov. Lula: 93 mil (18 a 24 anos)
Gov. FHC: ...
Livros gratuitos para o Ensino Médio
Gov. Lula: 7 milhões
Gov. FHC: zero
4º segurança pública e combate ao crime organizado (que permitiu aprofundar o combate à corrupção que fazia parte da cultura política oligárquica tradicional e habitualmente impune no Brasil)
Número de policiais federais
Gov. Lula: 11 mil
Gov. FHC: 5 mil
Operações da PF contra a corrupção, crime organizado, lavagem de dinheiro, etc...:
Gov. Lula- 183
Gov. FHC- 20
Prisões efectuadas
Gov. Lula: 2971
Gov. FHC: 54
(Entre os anos de 2000 a 2005, as acções da Polícia Federal no combate ao crime cresceram 815%. Durante o governo do presidente Lula, a Polícia Federal realizou 183 operações e 2971 prisões. Uma média de 987 presos por ano. Já nos dois últimos anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, foram realizadas apenas 20 operações, com a prisão de 54 pessoas, ou seja, uma média de 27 capturas por ano.)
__________
Fontes: IBGE, IBGE/Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar - desde 1994); ANEEL; Bovespa; CNI; CIESP; Ministérios Federais e Agências Reg.; SUS; CES/FGV; jornais FSP, O Globo e O Estado.