Paraguai

Ex-ditador morre na impunidade

O ditador paraguaio, Alfredo Stroessner, faleceu, dia 16, aos 93 anos, num hospital na cidade de Brasília, onde estava internado desde Julho na sequência de uma intervenção cirúrgica.
Durante 35 anos (1954-1989), Stroessner foi responsável por um regime militar sanguinário, que provocou centenas de milhares de desaparecidos, assassinados, torturados, presos e exilados, tendo sido um homem de mão dos Estados Unidos na repressão do movimento revolucionário na América Latina, de que se destaca a sua participação activa na «Operação Condor», que consistia num sistema de troca de presos entre as ditaduras do Continente.
Nos anos 50, 60 e 70, a ditadura desarticulou os movimentos operário, estudantis e do campesinato com sucessivas vagas de repressão e violência, definindo como objectivo prioritário o aniquilamento dos quadros do Partido Comunista Paraguaio, que tinha uma influência significativa na direcção da luta social.
Em 2 de Fevereiro de 1989, um golpe encabeçado pelo general Andrés Rodrigues, com o apoio dos EUA que recearam o ascenso da luta popular no Paraguai, obrigou Stroessner a render-se, partindo para o exílio.
No entanto, durante todos estes anos, o ditador gozou de impunidade total no seu país, continuando a ser o presidente honorário do partido Colorado, que continua no poder, mantendo igualmente o posto de General do Exército do Paraguai, do qual nunca deixou de receber o respectivo salário.
De resto, apesar da abertura política verificada após o derrube do ditador, os movimentos de esquerda continuam a ser perseguidos no Paraguai, através dos sinistros esquadrões da morte, integrados por polícias, militares e civis, que são responsáveis por mais de 200 assassinatos políticos desde 1989, na sua maioria líderes e activistas do movimento campesino.
No campo, apenas 1,1 por cento de proprietários latifundiários controlam 77 pro cento das terras, enquanto 82,7 por cento dos pequenos agricultores apenas possuem 6,2 por cento do solo arável. Nas cidades, o desemprego chega aos 45 por cento e perto de metade da população do país vive em situação de pobreza e extrema pobreza.


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