JCP 8º Congresso

Um congresso ligado à vida

Intervenção de Vasco Cardoso

(...) Como afirmámos repetidas vezes, a natureza e as características da nossa organização, intimamente relacionadas com os objectivos de transformação da sociedade a que nos propomos, fazem com que a fase preparatória deste Congresso tenha sido tão ou mais importante do que estes dois dias.

Ao longo deste caminho, desenvolvemos um profundo debate político e ideológico, em torno dos problemas, das aspirações e dos direitos da juventude. Em centenas de debates, plenários, reuniões e encontros, a discussão e participação colectiva sobre o projecto de resolução política foi intensa. A riqueza do debate dentro da nossa organização, só possível no quadro de uma profunda democracia interna e do respeito por todos os camaradas, resulta sobretudo de uma profunda ligação à vida que a JCP tem. Ligação aos estudantes e ao movimento estudantil, ligação aos jovens trabalhadores e ao movimento sindical, ligação à realidade local e particular de centenas de localidades do nosso país e ao movimento associativo juvenil de base local.
Destacamos aqui a realização dos Encontros regionais da JCP do Algarve, de Évora, de Santarém, de Castelo Branco, de Braga, de Coimbra, de Aveiro, da Madeira e pela primeira vez do Encontro regional de Vila Real. Realizámos também o Encontro Nacional de Jovens trabalhadores no seguimento dos avanços que temos dado nesta importantíssima frente de trabalho.
Destacamos ainda, as muitas iniciativas de convívio, onde para além de milhares de jovens a assistir, participaram dezenas de bandas portuguesas que têm na JCP um dos mais importantes pontos de referência para a divulgação e promoção do seu trabalho. Uma palavra também, para os mais de 1300 atletas de cerca de 170 equipas que participaram na 2ª edição do Torneio Nacional de Futsal da JCP – Torneio Agit que constitui já hoje uma gigantesca iniciativa de prática desportiva e que esteve intimamente ligado à afirmação deste congresso.
Este Congresso foi também uma assinalável campanha de recrutamentos e a maior campanha de fundos jamais realizada pela JCP. Foi a criação de novos colectivos, a reactivação de outros, foi o contacto com centenas de militantes, que por razões várias haviam diminuído a sua participação. Foi um profundo processo de aprendizagem, de responsabilização de novos quadros, concretização de tarefas e de formação política e ideológica de centenas de camaradas. Foi um efectivo reforço da nossa organização, objectivo central e indispensável para uma organização que é, e quer continuar a ser de massas, que é, e quer continuar a ser revolucionária, que é, e quer continuar a ser comunista.
Levámos também por diante a afirmação política deste Congresso, quisemos de forma assumida, dizer à juventude Portuguesa que o estávamos a preparar. Distribuímos mais de 200 000 documentos, colámos mais de 15 000 cartazes, afixámos para cima de 300 faixas, pintámos quase cem murais. As ruas e avenidas do nosso país são um testemunho desta fase preparatória, tarefa nem sempre fácil de desempenhar pelos constantes abusos e repressões de que somos alvo. Mas deste congresso afirmamos que podem fazer regulamentos e normas, podem mandar a polícia recolher material e intimar camaradas, podem arrancar cartazes e pintar os nossos murais de branco. Mais do que desistir, as limitações à liberdade dão-nos mais força para continuar a pintar as ruas com as cores da liberdade, dos sonhos e da juventude.

A luta é o caminho

Na fase preparatória do 8.º Congresso não estivemos fechados nem para congresso, nem para balanço, construímos um congresso ligado à vida. Ligação à vida que confirmou mais uma vez a JCP como a organização revolucionária da juventude portuguesa. Travámos com êxito, ao lado do nosso Partido duas importantes batalhas eleitorais e contribuímos de forma decisiva para as pequenas e grandes lutas da juventude. Destacamos aqui os três dias nacionais de acções de luta dos estudantes do ensino secundário, as muitas lutas concretas de jovens trabalhadores e particularmente a manifestação nacional da juventude trabalhadora do dia 28 de Março, as muitas acções dos estudantes do ensino superior contra o processo de Bolonha, as acções contra a Guerra no Iraque e as impressionantes comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio.
Como se afirma no projecto de Resolução Política, a luta é o caminho. Nas actuais circunstâncias de grande incerteza e instabilidade, as transformações progressistas e revolucionárias que a alternativa ao actual estado de coisas reclama, não serão fruto de esquemas e medidas preconcebidas, nem de voluntarismos, mas das lutas de massas, das lutas das diversas forças progressistas e revolucionárias de forma convergente ou complementar, da dialéctica da luta revolucionária nos planos nacional, regional e mundial.
A luta é o caminho. Luta esta, que mais do que nunca se justifica pelo acentuar das dificuldades, problemas criados e aprofundados pela política de direita, protagonizada no presente pelo Partido Socialista. O Governo do PS e de José Sócrates, ao serviço do capital, pode estar seguro que tudo continuaremos a fazer para impedir o projecto de liquidação dos direitos dos trabalhadores e da juventude.
Sabemos que o capitalismo não se libertou das suas crises, nem das suas taras, nem da contradição antagónica entre o capital e o trabalho, nem das políticas de exploração, opressão, domínio, violência e guerra. Sabemos que o capitalismo não é o fim da história e que existe energia, inteligência e coragem, para que os povos de todo mundo resistam e avancem para a transformação revolucionária da sociedade.
O lema do nosso congresso, que presta homenagem à frase com que o camarada Álvaro Cunhal encerrou o encontro e que deu origem à formação da JCP, encerra em si essa certeza. A certeza de um sonho de uma sociedade mais justa, fraterna, solidária. O sonho do emprego com direitos, de uma educação pública, gratuita e de qualidade. O sonho do direito à saúde, à habitação, à paz. O sonho de uma sociedade sem exploradores nem explorados. O sonho de uma sociedade socialista e comunista, que com a nossa força e empenhamento será seguramente transformado em vida.


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