Política e previsões
Enquanto no Parlamento Europeu se ensaiou mais uma campanha de propaganda em torno da dita constituição europeia, que devia estar enterrada depois da vitória do «não» nos referendos da França e da Holanda, seguindo de perto, afinal, as orientações da chanceler alemã Angela Merkel que lhe quer dar toda a prioridade, saíram as habituais previsões económicas da Primavera 2006-2007, a anunciarem uma muito tímida retoma do crescimento para 2006, logo acompanhada de um decréscimo em 2007. Portugal aparece com a pior previsão de crescimento económico, tornado claro que a divergência em relação à média da União Europeia se vai continuar a agravar nos próximos anos.
Na verdade, as recentes previsões económicas da Comissão apontam para um crescimento económico de 2,3% no conjunto da União Europeia, mantendo inferior (apenas 2,1%) a previsão para a zona euro (somente 12 estados-membros, entre os quais Portugal), mas que, logo em 2007, terá taxas ainda mais baixas (2,2% para a União Europeia e apenas 1,8% para a zona euro).
Claro que com taxas de crescimento económico que são inferiores a metade das previsões do crescimento estimado para a economia mundial, onde a Ásia, com uma média de 7%, está a ter uma contribuição decisiva, a União Europeia mantém-se longe da euforia do final dos anos noventa e das metas proclamadas na Cimeira de Lisboa, de Março de 2000, quando afirmava querer ser, em 2010, «a economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo».
Assim, pelo caminho ficaram as previsões de conseguir as tais metas de pleno emprego e de redução, para metade, da pobreza. O desemprego mantém-se a níveis elevados, com a Comissão a reconhecer que há cerca de 32 milhões de pessoas que poderiam estar no mercado de trabalho, das quais quase 20 milhões desempregadas e outras que já desistiram de procurar emprego, enquanto o trabalho precário atinge 20% da população trabalhadora.
Mas, para Portugal, a situação é muito mais grave. A previsão é que, no próximo ano, o desemprego em Portugal seja mais elevado do que na média da União Europeia, e se situe em 8,3%, o que acontece pela primeira vez. Registe-se que, ainda em 2002, por exemplo, a taxa de desemprego que aparecia nos documentos da Comissão era de cerca de cinco por cento para Portugal, ou seja, bastante abaixo da média da União Europeia que então se situava em cerca de 8, 8%. Entretanto, em Portugal, o trabalho precário já atinge 25% dos trabalhadores, sendo a terceira taxa mais elevada da comunidade europeia.
Este agravamento do desemprego em Portugal resulta das taxas de crescimento muito baixas do PIB, que, em 2006, segundo a Comissão Europeia, se deverá ficar por 0,9% e, em 2007, não ultrapassará 1,1%. Como se vê, são taxas muito inferiores às próprias médias da zona euro, situando-se em menos de metade no que se refere a 2006, e sendo a pior previsão dos 25 estados-membros, o que será acompanhado do penúltimo lugar no que se refere à taxa de crescimento do investimento em equipamento.
Como se tem sublinhado, a destruição de parte significativa do nosso sector produtivo está a ter consequências desastrosas no agravamento do saldo da balança de transacções correntes com o resto do mundo, cuja previsão para Portugal aponta o valor mais elevado da zona euro em 2006 – um saldo negativo de 9,8% em percentagem do PIB.
As consequências são, entre outras, o agravamento da nossa dependência externa e o aumento da dívida bruta do sector público administrativo, o qual, em percentagem do PIB, de acordo com as previsões da Comissão, poderá atingir 68,4% em 2006 e ultrapassar os 70% em 2007, o que poderá ser uma das cinco mais elevadas da União Europeia a 25.
Estas previsões deveriam levar a uma revisão profunda das políticas monetaristas e liberais que têm estado a ser seguidas em Portugal e na União Europeia, e que são as principais causas desta situação. É tempo de substituir o Pacto de Estabilidade e a Estratégia de Lisboa por um verdadeiro Pacto de Desenvolvimento e Progresso Social, de apostar em serviços públicos de qualidade, de dignificar quem trabalha.
Na verdade, as recentes previsões económicas da Comissão apontam para um crescimento económico de 2,3% no conjunto da União Europeia, mantendo inferior (apenas 2,1%) a previsão para a zona euro (somente 12 estados-membros, entre os quais Portugal), mas que, logo em 2007, terá taxas ainda mais baixas (2,2% para a União Europeia e apenas 1,8% para a zona euro).
Claro que com taxas de crescimento económico que são inferiores a metade das previsões do crescimento estimado para a economia mundial, onde a Ásia, com uma média de 7%, está a ter uma contribuição decisiva, a União Europeia mantém-se longe da euforia do final dos anos noventa e das metas proclamadas na Cimeira de Lisboa, de Março de 2000, quando afirmava querer ser, em 2010, «a economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo».
Assim, pelo caminho ficaram as previsões de conseguir as tais metas de pleno emprego e de redução, para metade, da pobreza. O desemprego mantém-se a níveis elevados, com a Comissão a reconhecer que há cerca de 32 milhões de pessoas que poderiam estar no mercado de trabalho, das quais quase 20 milhões desempregadas e outras que já desistiram de procurar emprego, enquanto o trabalho precário atinge 20% da população trabalhadora.
Mas, para Portugal, a situação é muito mais grave. A previsão é que, no próximo ano, o desemprego em Portugal seja mais elevado do que na média da União Europeia, e se situe em 8,3%, o que acontece pela primeira vez. Registe-se que, ainda em 2002, por exemplo, a taxa de desemprego que aparecia nos documentos da Comissão era de cerca de cinco por cento para Portugal, ou seja, bastante abaixo da média da União Europeia que então se situava em cerca de 8, 8%. Entretanto, em Portugal, o trabalho precário já atinge 25% dos trabalhadores, sendo a terceira taxa mais elevada da comunidade europeia.
Este agravamento do desemprego em Portugal resulta das taxas de crescimento muito baixas do PIB, que, em 2006, segundo a Comissão Europeia, se deverá ficar por 0,9% e, em 2007, não ultrapassará 1,1%. Como se vê, são taxas muito inferiores às próprias médias da zona euro, situando-se em menos de metade no que se refere a 2006, e sendo a pior previsão dos 25 estados-membros, o que será acompanhado do penúltimo lugar no que se refere à taxa de crescimento do investimento em equipamento.
Como se tem sublinhado, a destruição de parte significativa do nosso sector produtivo está a ter consequências desastrosas no agravamento do saldo da balança de transacções correntes com o resto do mundo, cuja previsão para Portugal aponta o valor mais elevado da zona euro em 2006 – um saldo negativo de 9,8% em percentagem do PIB.
As consequências são, entre outras, o agravamento da nossa dependência externa e o aumento da dívida bruta do sector público administrativo, o qual, em percentagem do PIB, de acordo com as previsões da Comissão, poderá atingir 68,4% em 2006 e ultrapassar os 70% em 2007, o que poderá ser uma das cinco mais elevadas da União Europeia a 25.
Estas previsões deveriam levar a uma revisão profunda das políticas monetaristas e liberais que têm estado a ser seguidas em Portugal e na União Europeia, e que são as principais causas desta situação. É tempo de substituir o Pacto de Estabilidade e a Estratégia de Lisboa por um verdadeiro Pacto de Desenvolvimento e Progresso Social, de apostar em serviços públicos de qualidade, de dignificar quem trabalha.