Greve geral e manifestações paralisam Nepal

Rei responde com violência

As autoridades do Nepal respondem com violência à greve geral e às manifestações convocadas pela oposição para protestar contra a ditadura do rei Gyanendra.
Milhares de pessoas protestam, desde quinta-feira da semana passada, na capital do Nepal, Katmandu, e em outras cidades, entre as quais Narayanghat, Pokhara e Dhangadi, contra a ditadura liderada pelo rei Gyanendra e pela democratização política, económica e social do país.
Desde Fevereiro de 2005, quando o monarca suspendeu a actividade do parlamento e chamou a si todos os mecanismos de poder, que o povo nepalês se tem vindo a manifestar, mas a greve geral convocada por uma coligação de partidos da oposição resultou numa mobilização popular imparável em torno da exigência de convocação de uma assembleia constituinte e do derrube da tirania.
«Abaixo a coroa» é a palavra de ordem que mais se ouve em Katmandu. Em resposta à dinâmica popular, o rei determinou o recolher obrigatório por tempo indeterminado, cortou os canais de comunicação por redes móveis, proibiu qualquer tipo de reunião, comício ou manifestação pública e decretou a prisão de qualquer indivíduo que apele à revolta ou censure o governo.
Em desafio às medidas das autoridades, as sete formações políticas que convocaram a greve geral que paralisou o país, onde se inclui o Partido Comunista do Nepal, responderam com o prolongamento, também por tempo indeterminado, das contestações.
Transportes e repartições públicas, escolas, fábricas e estabelecimentos comerciais encontram-se totalmente encerrados.

De­ten­ções em ca­ta­dupa

Às marchas diárias de milhares de trabalhadores, tem respondido o governo com violentas acções repressivas, das quais já resultaram centenas de feridos e pelo menos um dezena de mortos.
Acrescem a este número, milhares de detenções, entre as quais a de duas centenas de membros, dirigentes e activistas dos dois maiores partidos da oposição, o Partido do Congresso Nepalês e o Partido Comunista do Nepal (PCN). Um militante do PCN foi mesmo abatido, quinta-feira, em Rajbiraj, durante os confrontos com a polícia.
As prisões começaram antes do primeiro dia de greve geral numa tentativa de cortar pela raiz os focos de protesto. Jornalistas, entre os quais o presidente da Federação Nepalesa de Jornalistas, Bishnu Nishthuri, advogados, estudantes e professores foram encarcerados, podendo ficar detidos por um período de 90 dias sem culpa formada.

Guer­rilha res­ponde

Paralelamente às manifestações populares, a guerrilha, que desde 1996 combate o poder musculado de Gyanendra no Nepal, efectuou ataques contra instalações militares e governamentais.
Em Malangwa, a Sul de Katmandu, quarta-feira da semana passada, os guerrilheiros invadiram um quartel do exército e libertaram mais de uma centena de camaradas que ali se encontravam presos.
Dois dias depois, em Butwal e em Taulihawa, as incursões da guerrilha voltaram a colocar em sentido as forças do rei.
Uma semana antes da greve geral, a guerrilha anunciou, em comunicado, um cessar-fogo unilateral durante o período de protestos. O comando insurgente afirmou que a decisão era uma forma de retirar ao governo a argumentação habitual para a proibição de mobilizações e greves no país: o perigo de infiltração de guerrilheiros entre os manifestantes.
Perante a extrema violência usada pelas autoridades para reprimir as marchas populares, a guerrilha voltou a pegar nas armas.


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