Secundário protesta em todo o País
Os estudantes do secundário de todos os distritos saíram à rua na quinta-feira contestando as medidas do Governo para a educação e exigindo mais qualidade no ensino.
«Os esgotos estão sempre a entupir, provocando um cheiro nauseabundo»
Milhares de jovens participaram na Jornada Nacional de Luta dos Estudantes do Ensino Básico e Secundário contra as políticas educativas, na quinta-feira, em todo o País. As formas adoptadas para os protestos multiplicaram-se , desde manifestações com centenas de pessoas até acções de escola envolvendo todos os estudantes. O protesto foi marcado no 7.º Encontro Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Básico e Secundário realizado em Janeiro.
«Os vários governos nada têm feito para melhorar o sistema de ensino no nosso país. Pelo contrário, todas as medidas que têm vindo a ser tomadas pelos sucessivos governos vêm no sentido da elitização e da privatização das escolas públicas», considera Mariana Dias, da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Alcains.
«Os estudantes e as suas associações têm que ser ouvidas para que tenhamos uma educação mais justa e para que exista uma verdadeira ligação à realidade vivida nas escolas. Enquanto os Governos não tomarem esta medida, os estudantes de todo o país continuarão a sair para as ruas protestando e exigindo uma educação mais justa e de qualidade», garante a dirigente associativa.
Em Faro, cinco centenas de estudantes da cidade, de Olhão e de Loulé percorreram a Baixa, num percurso entre a Escola Tomás Cabreira e a doca. Uma delegação de quatro alunos foi recebida pelo chefe de gabinete do governador civil, a quem entregaram um caderno reivindicativo.
Em Beja, alunos de seis escolas levaram o protesto até ao governador civil, que os recebeu. Em declarações à agência Lusa, Nelson Hermosilha, da Associação de Estudantes da Escola D. Manuel I, justificou a manifestação com a «necessidade dos estudantes reivindicarem políticas de educação mais justas».
Em Vila Real, a maioria dos alunos que participaram na manifestação estuda nas escolas Camilo Castelo Branco, São Pedro e Morgado Mateus. Pela manhã, os estudantes da Escola Camilo Castelo Branco fecharam a cadeado os portões do estabelecimento. «Os alunos estão unidos e mobilizados nesta luta», afirmou Daniel Miguel, presidente da Associação de Estudantes da instituição. «A nossa escola já é muito antiga e por isso os esgotos estão sempre a entupir, provocando um cheiro nauseabundo. Nos pavilhões anexos até o estuque dos tectos está a cair», referiu à Lusa.
Ricardo Carvalho, presidente da AE da Escola Secundária de São Pedro, sublinhou a falta de aquecimento no seu estabelecimento e destacou a inexistência da educação sexual. «Vemos que há muitas adolescentes a engravidar e muitas vezes isso acontece porque há falta de informação por parte destes jovens, um problema que poderia ficar solucionado com a implementação da educação sexual nas escolas», frisou.
O dirigente considera também que os exames nacionais vão «impedir que a grande maioria dos estudantes prossiga os estudos, passando, assim, para o mercado de trabalho como mão-de-obra barata».
JCP solidária
A JCP expressou solidariedade com os estudantes, «fazendo votos de que, pela luta, alcancem os seus justos objectivos». Em nota de imprensa, a organização considera que «este foi um grande dia de luta, demonstrando o profundo descontentamento que atravessa os estudantes do ensino básico e secundário e que se reflecte também em largas camadas da população portuguesa afectadas pelo aprofundamento das políticas de direita por parte do Governo». A JCP refere ainda que tudo fará para «garantir o direito universal e constitucionalmente consagrado de uma educação pública, gratuita e de qualidade ao serviço dos estudantes e do País».
Reivindicações
Os estudantes protestaram contra:
– o elevado custo do ensino: «As famílias pagam cada vez mais pelo ensino e cada vez mais jovens deixam de estudar», lembram;
– os exames nacionais no 6.º, 9.º, 11.º e 12.º ano, considerados «barreiras discriminatórias»;
– a privatização de parcelas rentáveis do sistema educativo, como bares, cantinas e reprografias;
– a formulação actual das aulas de substituição.
Os protestos visaram também reivindicar:
– mais e melhores condições materiais e humanas: «A falta de professores, funcionários, laboratórios, pavilhões ginmo-desportivos são um entrave ao desenvolvimento da educação», garantem os estudantes;
– a implementação da educação sexual nas escolas, aprovada em 1984 mas nunca
posta em prática;
– o acesso ao ensino superior mais justo, cada vez mais dificultado pelos exames nacionais e os numerus clausus.
«Os vários governos nada têm feito para melhorar o sistema de ensino no nosso país. Pelo contrário, todas as medidas que têm vindo a ser tomadas pelos sucessivos governos vêm no sentido da elitização e da privatização das escolas públicas», considera Mariana Dias, da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Alcains.
«Os estudantes e as suas associações têm que ser ouvidas para que tenhamos uma educação mais justa e para que exista uma verdadeira ligação à realidade vivida nas escolas. Enquanto os Governos não tomarem esta medida, os estudantes de todo o país continuarão a sair para as ruas protestando e exigindo uma educação mais justa e de qualidade», garante a dirigente associativa.
Em Faro, cinco centenas de estudantes da cidade, de Olhão e de Loulé percorreram a Baixa, num percurso entre a Escola Tomás Cabreira e a doca. Uma delegação de quatro alunos foi recebida pelo chefe de gabinete do governador civil, a quem entregaram um caderno reivindicativo.
Em Beja, alunos de seis escolas levaram o protesto até ao governador civil, que os recebeu. Em declarações à agência Lusa, Nelson Hermosilha, da Associação de Estudantes da Escola D. Manuel I, justificou a manifestação com a «necessidade dos estudantes reivindicarem políticas de educação mais justas».
Em Vila Real, a maioria dos alunos que participaram na manifestação estuda nas escolas Camilo Castelo Branco, São Pedro e Morgado Mateus. Pela manhã, os estudantes da Escola Camilo Castelo Branco fecharam a cadeado os portões do estabelecimento. «Os alunos estão unidos e mobilizados nesta luta», afirmou Daniel Miguel, presidente da Associação de Estudantes da instituição. «A nossa escola já é muito antiga e por isso os esgotos estão sempre a entupir, provocando um cheiro nauseabundo. Nos pavilhões anexos até o estuque dos tectos está a cair», referiu à Lusa.
Ricardo Carvalho, presidente da AE da Escola Secundária de São Pedro, sublinhou a falta de aquecimento no seu estabelecimento e destacou a inexistência da educação sexual. «Vemos que há muitas adolescentes a engravidar e muitas vezes isso acontece porque há falta de informação por parte destes jovens, um problema que poderia ficar solucionado com a implementação da educação sexual nas escolas», frisou.
O dirigente considera também que os exames nacionais vão «impedir que a grande maioria dos estudantes prossiga os estudos, passando, assim, para o mercado de trabalho como mão-de-obra barata».
JCP solidária
A JCP expressou solidariedade com os estudantes, «fazendo votos de que, pela luta, alcancem os seus justos objectivos». Em nota de imprensa, a organização considera que «este foi um grande dia de luta, demonstrando o profundo descontentamento que atravessa os estudantes do ensino básico e secundário e que se reflecte também em largas camadas da população portuguesa afectadas pelo aprofundamento das políticas de direita por parte do Governo». A JCP refere ainda que tudo fará para «garantir o direito universal e constitucionalmente consagrado de uma educação pública, gratuita e de qualidade ao serviço dos estudantes e do País».
Número de participantes, por Distrito
• Aveiro - 2000
• Braga - 1400
• Beja - 550
• Castelo Branco - 850
• Coimbra - 450
• Faro - 530
• Lisboa - 2350
• Setúbal - 900
• Viseu - 700
• Madeira - 200
• Porto - 400
• Vila Real - 2000
Total – 12330
Reivindicações
Os estudantes protestaram contra:
– o elevado custo do ensino: «As famílias pagam cada vez mais pelo ensino e cada vez mais jovens deixam de estudar», lembram;
– os exames nacionais no 6.º, 9.º, 11.º e 12.º ano, considerados «barreiras discriminatórias»;
– a privatização de parcelas rentáveis do sistema educativo, como bares, cantinas e reprografias;
– a formulação actual das aulas de substituição.
Os protestos visaram também reivindicar:
– mais e melhores condições materiais e humanas: «A falta de professores, funcionários, laboratórios, pavilhões ginmo-desportivos são um entrave ao desenvolvimento da educação», garantem os estudantes;
– a implementação da educação sexual nas escolas, aprovada em 1984 mas nunca
posta em prática;
– o acesso ao ensino superior mais justo, cada vez mais dificultado pelos exames nacionais e os numerus clausus.