Ardinas militantes
O movimento do Cais do Sodré, em Lisboa, aumenta ao fim da tarde de quinta-feira. Estudantes carregam mochilas e livros, mães levam filhos ao colo, mulheres de meia idade transportam sacos nas mãos, imigrantes encasacados protegem-se do vento, tudo gente apressada que corre para o seu transporte, no fim de mais um dia de trabalho.
O frio é cortado por uma voz forte: «Olh’ó Avante! É o Avante!»
Dez militantes do sector dos trabalhadores comunistas em estruturas sindicais vendem o jornal a quem passa. Com crachás identificativos ao peito, têm como maiores armas a simpatia e a persistência. Insistem, sem desanimar com as recusas: «Boa tarde. É o Avante! especial. Faz 75 anos.» Alguns transeuntes ignoram os vendedores, outros ficam a conversar. Outros compram... «É verdade, faz 75 anos», comenta um comprador.
Os argumentos para recusar variam: há quem seja assinante, quem mostre um exemplar de baixo do braço, quem conte que também vai participar numa venda no dia seguinte, quem diga simplesmente que não. E também quem se queixe do pouco dinheiro que tem no bolso. «Até comprava, mas neste momento não posso. É mais uma despesa...», comenta um homem.
Valter Lóios está a conseguir vender mais jornais do que os companheiros. Sozinho, mais próximo da Praça Duque da Terceira, aproxima-se dos muitos que vão passando com um sorriso simpático. Vende o primeiro número a um rapaz que lhe diz que costuma ler o Avante! de uns amigos. «Mas este é um número especial, sobre os 75 anos e tem artigos sobre o passado e o presente do jornal. Até é bom para guardar e consultar mais tarde», responde. Com argumentos de leitor e de vendedor, convence-o e o rapaz compra.
Isabel Lúcio tenta uma nova abordagem. Dirige-se a outro rapaz e diz: «És tu que me vais comprar o último Avante!» Ele responde com um sorriso: «Vou ver se tenho trocado...» Como refere Fernando Maurício, «a propaganda toda a gente aceita, mas quando é para comprar as pessoas retraem-se, mesmo sendo só um euro e dez.»
Passada meia hora, os Avantes estão vendidos. Os eléctricos e os comboios continuam a passar carregados de passageiros. O sol já se pôs. É hora dos militantes comunistas deixarem a sua faceta de ardinas e regressarem às suas actividades quotidianas. De mãos frias da temperatura de Fevereiro e sujas da tinta do jornal, separam-se com mais uma tarefa cumprida, agora nas comemorações do 75.º aniversário do Avante!.
Os argumentos para recusar variam: há quem seja assinante, quem mostre um exemplar de baixo do braço, quem conte que também vai participar numa venda no dia seguinte, quem diga simplesmente que não. E também quem se queixe do pouco dinheiro que tem no bolso. «Até comprava, mas neste momento não posso. É mais uma despesa...», comenta um homem.
Valter Lóios está a conseguir vender mais jornais do que os companheiros. Sozinho, mais próximo da Praça Duque da Terceira, aproxima-se dos muitos que vão passando com um sorriso simpático. Vende o primeiro número a um rapaz que lhe diz que costuma ler o Avante! de uns amigos. «Mas este é um número especial, sobre os 75 anos e tem artigos sobre o passado e o presente do jornal. Até é bom para guardar e consultar mais tarde», responde. Com argumentos de leitor e de vendedor, convence-o e o rapaz compra.
Isabel Lúcio tenta uma nova abordagem. Dirige-se a outro rapaz e diz: «És tu que me vais comprar o último Avante!» Ele responde com um sorriso: «Vou ver se tenho trocado...» Como refere Fernando Maurício, «a propaganda toda a gente aceita, mas quando é para comprar as pessoas retraem-se, mesmo sendo só um euro e dez.»
Passada meia hora, os Avantes estão vendidos. Os eléctricos e os comboios continuam a passar carregados de passageiros. O sol já se pôs. É hora dos militantes comunistas deixarem a sua faceta de ardinas e regressarem às suas actividades quotidianas. De mãos frias da temperatura de Fevereiro e sujas da tinta do jornal, separam-se com mais uma tarefa cumprida, agora nas comemorações do 75.º aniversário do Avante!.