«Previsões» e votações
De entre as sondagens divulgadas durante o período eleitoral, destacam-se as «diárias» da Marktest, amplamente difundidas pelo Diário de Notícias e pela TSF, num verdadeiro massacre diário a começar logo pelas 6 da manhã. Durante as 12 manhãs em que durou o período oficial de campanha eleitoral, entre 9 e 20 de Janeiro.
Conhecidos os resultados, e à semelhança do que aconteceu em anteriores eleições, as sondagens falharam – por vezes, a considerável distância – as suas previsões. Nas sondagens diárias da Marktest, Cavaco Silva é claramente o grande beneficiado, com todas as 12 sondagens a darem-lhe valores superiores ao que acabou por obter. O valor mais baixo que lhe foi previsto (52,7 por cento), fica, mesmo assim, mais de dois pontos percentuais acima do resultado real. Em três dos dias, o candidato da direita «obteve» mesmo mais de 60 por cento das intenções de voto, segundo a empresa de estudos de opinião.
Razão tinha o candidato comunista Jerónimo de Sousa ao afirmar, em diversas iniciativas, que a «sondagem» que contava era o voto dos eleitores no dia 22. E estes, tendo acabado por dar a vitória logo à primeira volta ao candidato da direita, ficaram muito longe de lhe conceder os 60 por cento que lhe chegou a ser vaticinado. Se com todas as sondagens favoráveis e com toda a «propaganda» feita em seu favor na comunicação social, nomeadamente «apagando» da memória o seu passado de governante, Cavaco Silva apenas conseguiu uma vitória tangencial, é caso para perguntar como teria sido sem estas ajudas…
O outro grande beneficiado pela Marktest, a obter também em todas as sondagens desta empresa valores superiores aos alcançados no dia das decisões, foi Francisco Louçã. O candidato bloquista, que teve 5,3 por cento dos votos, chegou a ter, nas «diárias» da Marktest 9,3 por cento.
No outro extremo encontra-se Jerónimo de Sousa. O candidato comunista, que obteve 8,6 por cento dos votos dos portugueses, aparecia em todas as doze sondagens com resultados inferiores. O mais próximo que lhe foi previsto – 7,2 por cento – ficou, ainda assim, a 1,4 pontos percentuais do resultado real. Em sete dos doze dias, Jerónimo de Sousa ficaria mesmo abaixo de Louçã. Mas a realidade foi outra. Mesmo com estas «ajudas», o candidato comunista foi mesmo o único que, à esquerda de Cavaco Silva, aumentou a sua votação relativamente às legislativas de onze meses antes.
Já os candidatos da área do PS tiveram uma sondagem muito aproximada do resultado real. As restantes foram inferiores, e em dois dos dias Soares aparecia à frente de Manuel Alegre. Sobre o resultado de Manuel Alegre, Constança Cunha e Sá questionava no seu blogue o-espectro: «Resta saber se foi ele que se popularizou nas sondagens ou se foram as sondagens que o popularizaram a ele.» Fica a questão – mais uma – para reflectir…
A juntar às outras…
As sondagens diárias da Marktest, no período oficial da campanha eleitoral, vêm-se juntar a dezenas de outros estudos amplamente divulgados e difundidos pela grande comunicação social nacional desde Outubro do ano passado, das quais o Avante! deu conta na passada edição.
Assim, e fazendo as contas às 34 sondagens que foram divulgadas entre 27 de Outubro e 20 de Janeiro, Cavaco Silva obteve em todas elas resultados superiores aos que acabou por ter. Das trinta e quatro, oito deram-lhe mesmo mais de 60 por cento, enquanto catorze concediam-lhe resultados entre os 55,5 e os 58,8 por cento. A «ajuda» a Cavaco começou logo nas primeiras sondagens, de 27 e 28 de Outubro, nas quais obtinha, respectivamente 58 e 62 por cento. O candidato da direita foi beneficiado por todas as empresas de sondagens, sobretudo pela Gémeo/Pam, a Aximage, a Marktest e a Universidade Católica.
Já o candidato apoiado pelo BE, que foi muito bem tratado nas «diárias» da Marktest, foi também beneficiado por empresas como a Eurosondagem, a Intercampus e a Pitagórica. No total, foram vinte e cinco as sondagens a dar ao candidato bloquista mais do que este acabou por obter nas urnas – 5,3 por cento.
Quanto a Jerónimo de Sousa, foi prejudicado por todas as sondagens de todas as empresas. Houve para todos os gostos, entre os 3 e os 7,2 por cento. Esta última, a que mais se aproximou, ficou, ainda assim, a 1,4 por cento do resultado efectivamente alcançado nas urnas – 8,6 por cento.
Razão tinha o candidato comunista Jerónimo de Sousa ao afirmar, em diversas iniciativas, que a «sondagem» que contava era o voto dos eleitores no dia 22. E estes, tendo acabado por dar a vitória logo à primeira volta ao candidato da direita, ficaram muito longe de lhe conceder os 60 por cento que lhe chegou a ser vaticinado. Se com todas as sondagens favoráveis e com toda a «propaganda» feita em seu favor na comunicação social, nomeadamente «apagando» da memória o seu passado de governante, Cavaco Silva apenas conseguiu uma vitória tangencial, é caso para perguntar como teria sido sem estas ajudas…
O outro grande beneficiado pela Marktest, a obter também em todas as sondagens desta empresa valores superiores aos alcançados no dia das decisões, foi Francisco Louçã. O candidato bloquista, que teve 5,3 por cento dos votos, chegou a ter, nas «diárias» da Marktest 9,3 por cento.
No outro extremo encontra-se Jerónimo de Sousa. O candidato comunista, que obteve 8,6 por cento dos votos dos portugueses, aparecia em todas as doze sondagens com resultados inferiores. O mais próximo que lhe foi previsto – 7,2 por cento – ficou, ainda assim, a 1,4 pontos percentuais do resultado real. Em sete dos doze dias, Jerónimo de Sousa ficaria mesmo abaixo de Louçã. Mas a realidade foi outra. Mesmo com estas «ajudas», o candidato comunista foi mesmo o único que, à esquerda de Cavaco Silva, aumentou a sua votação relativamente às legislativas de onze meses antes.
Já os candidatos da área do PS tiveram uma sondagem muito aproximada do resultado real. As restantes foram inferiores, e em dois dos dias Soares aparecia à frente de Manuel Alegre. Sobre o resultado de Manuel Alegre, Constança Cunha e Sá questionava no seu blogue o-espectro: «Resta saber se foi ele que se popularizou nas sondagens ou se foram as sondagens que o popularizaram a ele.» Fica a questão – mais uma – para reflectir…
A juntar às outras…
As sondagens diárias da Marktest, no período oficial da campanha eleitoral, vêm-se juntar a dezenas de outros estudos amplamente divulgados e difundidos pela grande comunicação social nacional desde Outubro do ano passado, das quais o Avante! deu conta na passada edição.
Assim, e fazendo as contas às 34 sondagens que foram divulgadas entre 27 de Outubro e 20 de Janeiro, Cavaco Silva obteve em todas elas resultados superiores aos que acabou por ter. Das trinta e quatro, oito deram-lhe mesmo mais de 60 por cento, enquanto catorze concediam-lhe resultados entre os 55,5 e os 58,8 por cento. A «ajuda» a Cavaco começou logo nas primeiras sondagens, de 27 e 28 de Outubro, nas quais obtinha, respectivamente 58 e 62 por cento. O candidato da direita foi beneficiado por todas as empresas de sondagens, sobretudo pela Gémeo/Pam, a Aximage, a Marktest e a Universidade Católica.
Já o candidato apoiado pelo BE, que foi muito bem tratado nas «diárias» da Marktest, foi também beneficiado por empresas como a Eurosondagem, a Intercampus e a Pitagórica. No total, foram vinte e cinco as sondagens a dar ao candidato bloquista mais do que este acabou por obter nas urnas – 5,3 por cento.
Quanto a Jerónimo de Sousa, foi prejudicado por todas as sondagens de todas as empresas. Houve para todos os gostos, entre os 3 e os 7,2 por cento. Esta última, a que mais se aproximou, ficou, ainda assim, a 1,4 por cento do resultado efectivamente alcançado nas urnas – 8,6 por cento.