Histórias inacreditáveis de um atleta fantástico
Na crónica de hoje gostaria de prestar homenagem a Serguei Bubka, para muitos especialistas o maior atleta de todos os tempos. Não fosse ele soviético, optando pela cidadania ucraniana após o desmembramento da URSS, e por certo seria alvo de endeusamentos vários e desmedidos como é prática costumeira nos órgãos de informação cá do burgo e outros que tais.
Bubka é ainda hoje, e não se vislumbra quando o deixará de ser, o recordista mundial do salto com vara. Em 1993, saltando na sua terra adoptiva, a cidade mineira de Donetsk, na Ucrânia, transpôs a fasquia colocada a 6.15 m: estava assim fixado o recorde mundial em recinto coberto. Um ano depois, na cidade italiana de Sestriere, ultrapassou ao ar livre 6.14 m, marca que desde então nenhum outro varista sequer se atreveu a atacar. Lembre-se que apenas doze atletas de todo o mundo passaram 6 m, e que os que mais se aproximaram de Bubka, o russo Tarassov e o neo-australiano Markov, não conseguiram melhor que 6.05 m. A este nível competitivo, 10 cm representam um fosso com uma tremenda carga inibidora.
Bubka bateu 35 recordes do mundo, passou 44 vezes os 6 m, sagrou-se campeão plenetário 6 vezes consecutivas, a última das quais em 1997, em Atenas. Rotulado o «Czar da Vara» pela imprensa estrangeira e treinado pelo famoso Vitali Petrov, actualmente também técnico da russa Isinbaieva, que parece vir a ser a versão feminina de Bubka, foi durante 14 anos praticamente imbatível, mercê de uma harmoniosa combinação de força, velocidade e técnica.
Apesar de tudo, Bubka não alcançou o pleno das suas capacidades. Ele próprio conta que, durante um treino, em que a fasquia era substituída por um elástico, perguntou ao treinador a que altura estava este, que ele tinha ultrapassado. “Para aí a uns 6.30m, ou não?” – inquiriu. Petrov respondeu-lhe a sorrir: “Realmente não andarás muito longe disso”. A verdade é que Bubka ganhou o Campeonato do Mundo de 1991, em Tóquio, com a modesta marca, para ele, de 5.95 m. No entanto, de uma análise compoturizada desse salto feita por especialistas nipónicos concluiu-se que o atleta soviético atingira a fantástica altura de 6.37 m!
Bubka tinha uma confiança praticamente ilimitada nas suas capacidades. Certa vez, corria o ano de 1985, encontrava num hotel de Moscovo para, no dia seguinte, partir para Paris, onde se realizaria um meeting internacional. Entretanto, telefonaram-lhe de Donetsk a informá-lo que tinha sido pai. O treinador deu-lhe carta branca. Então, o saltador meteu-se no comboio, viajou toda a noite até ao coração da Ucrânia, viu o filho, regressou de avião a tempo de integrar a comitiva para Paris e, poucas horas depois estava a passar os 6 m, fixando assim um novo máximo mundial. Declarou ele: “Sentia-me tão bem por ter sido pai, que poderiam colocar a fasquia a qualquer altura, que tinha a certeza de que a vencia”.
As excentricidades de Serguei não ficam por aqui. Por exemplo, em 1991 lembrou-se que, embora tivesse passeado a sua classe pelas pistas de todo o mundo, nunca tinha batido um recorde em Donetsk, em honra da sua gente. Então, anunciou publicamente que organizaria um encontro com os melhores saltadores com vara para estabelecer um recorde na sua terra. Isto parecia uma loucura, já que são conhecidas todas as contingências ligadas a uma especialidade tão difícil como a dele. A verdade é que escassos meses depois estava a cumprir a promessa que solenemente publicitara.
Atletas como Bubka não podem ser relegados para o esquecimento. Eles constituem um exemplo e um estímulo para as gerações vindouras, são agentes poderosos da popularização do desporto.
Um dia alguém derrotará os recordes de Bubka. Mas creio que não correrá tristeza no mundo do atletismo. Essa nova marca é mais um sinal de que o homem não perdeu ambição, que acredita no que é capaz. E é isto, também, que faz avançar o mundo.
Bubka é ainda hoje, e não se vislumbra quando o deixará de ser, o recordista mundial do salto com vara. Em 1993, saltando na sua terra adoptiva, a cidade mineira de Donetsk, na Ucrânia, transpôs a fasquia colocada a 6.15 m: estava assim fixado o recorde mundial em recinto coberto. Um ano depois, na cidade italiana de Sestriere, ultrapassou ao ar livre 6.14 m, marca que desde então nenhum outro varista sequer se atreveu a atacar. Lembre-se que apenas doze atletas de todo o mundo passaram 6 m, e que os que mais se aproximaram de Bubka, o russo Tarassov e o neo-australiano Markov, não conseguiram melhor que 6.05 m. A este nível competitivo, 10 cm representam um fosso com uma tremenda carga inibidora.
Bubka bateu 35 recordes do mundo, passou 44 vezes os 6 m, sagrou-se campeão plenetário 6 vezes consecutivas, a última das quais em 1997, em Atenas. Rotulado o «Czar da Vara» pela imprensa estrangeira e treinado pelo famoso Vitali Petrov, actualmente também técnico da russa Isinbaieva, que parece vir a ser a versão feminina de Bubka, foi durante 14 anos praticamente imbatível, mercê de uma harmoniosa combinação de força, velocidade e técnica.
Apesar de tudo, Bubka não alcançou o pleno das suas capacidades. Ele próprio conta que, durante um treino, em que a fasquia era substituída por um elástico, perguntou ao treinador a que altura estava este, que ele tinha ultrapassado. “Para aí a uns 6.30m, ou não?” – inquiriu. Petrov respondeu-lhe a sorrir: “Realmente não andarás muito longe disso”. A verdade é que Bubka ganhou o Campeonato do Mundo de 1991, em Tóquio, com a modesta marca, para ele, de 5.95 m. No entanto, de uma análise compoturizada desse salto feita por especialistas nipónicos concluiu-se que o atleta soviético atingira a fantástica altura de 6.37 m!
Bubka tinha uma confiança praticamente ilimitada nas suas capacidades. Certa vez, corria o ano de 1985, encontrava num hotel de Moscovo para, no dia seguinte, partir para Paris, onde se realizaria um meeting internacional. Entretanto, telefonaram-lhe de Donetsk a informá-lo que tinha sido pai. O treinador deu-lhe carta branca. Então, o saltador meteu-se no comboio, viajou toda a noite até ao coração da Ucrânia, viu o filho, regressou de avião a tempo de integrar a comitiva para Paris e, poucas horas depois estava a passar os 6 m, fixando assim um novo máximo mundial. Declarou ele: “Sentia-me tão bem por ter sido pai, que poderiam colocar a fasquia a qualquer altura, que tinha a certeza de que a vencia”.
As excentricidades de Serguei não ficam por aqui. Por exemplo, em 1991 lembrou-se que, embora tivesse passeado a sua classe pelas pistas de todo o mundo, nunca tinha batido um recorde em Donetsk, em honra da sua gente. Então, anunciou publicamente que organizaria um encontro com os melhores saltadores com vara para estabelecer um recorde na sua terra. Isto parecia uma loucura, já que são conhecidas todas as contingências ligadas a uma especialidade tão difícil como a dele. A verdade é que escassos meses depois estava a cumprir a promessa que solenemente publicitara.
Atletas como Bubka não podem ser relegados para o esquecimento. Eles constituem um exemplo e um estímulo para as gerações vindouras, são agentes poderosos da popularização do desporto.
Um dia alguém derrotará os recordes de Bubka. Mas creio que não correrá tristeza no mundo do atletismo. Essa nova marca é mais um sinal de que o homem não perdeu ambição, que acredita no que é capaz. E é isto, também, que faz avançar o mundo.