Presidenciais 2006

Tomar partido pelos trabalhadores

Jerónimo de Sousa recebeu, no sábado, o apoio de um milhar de representantes dos trabalhadores, num grande almoço realizado no Seixal.

É necessário lutar por uma ruptura democrática e de esquerda

Cerca de um milhar de dirigentes e delegados sindicais, membros de Comissões de Trabalhadores e representantes dos trabalhadores nas comissões de higiene e segurança no trabalho manifestaram, no sábado, o seu apoio à candidatura presidencial do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, participando num grande almoço realizado no Seixal.
Para o candidato, este apoio tem um grande significado porque, nos «nossos fraternais e solidários percursos de acção e de luta forjámos a nossa consciência, demos têmpera aos nossos ideais e convicções, fizemos a nossa opção e tomámos partido em defesa dos direitos e aspirações dos trabalhadores».
Aos presentes, o candidato comunista à presidência da República dirigiu mais umas palavras expressando o significado do seu apoio: «Juntos, em destacamentos avançados ou em trincheira de resistência, na conquista ou na defesa dos direitos de quem trabalha, na conquista ou na defesa da liberdade e da democracia, com memória e projecto, demos sentido, substância e esperança aquela palavra de ordem mil vezes entoada: a luta continua!» Palavra de ordem que, adianta, tem sentido nesta batalha das presidenciais, pois, à medida que se clarifica o quadro das candidaturas concorrentes e das forças que as apoiam, «mais evidente se torna quanto importantes são, para os trabalhadores e para o povo, as eleições do próximo dia 22 de Janeiro».

Por um Portugal com futuro

Para Jerónimo de Sousa, é hoje claro que a direita pensa estarem criadas as condições para «ajustar contas com o 25 de Abril, a sua Constituição e o seu rasto libertador e socialmente justo». E joga essa possibilidade na vitória da sua candidatura, encabeçada por Cavaco Silva. Assim, adiantou o dirigente do PCP, «travar o passo a tal projecto é não só um objectivo central da nossa candidatura, como uma questão da máxima importância que se joga nas próximas eleições».
As eleições presidenciais de Janeiro são também a possibilidade de afirmar e lutar por um projecto para Portugal «mais solidário, mais justo e mais fraterno», lembrou o candidato comunista. Numa situação nacional marcada por diversos problemas que comprometem o futuro do País e as condições de vida dos trabalhadores e do povo, é necessário – destacou Jerónimo de Sousa – afirmar a necessidade de uma ruptura democrática e de esquerda com as políticas de direita que são, defende, a causa das dificuldades que o País enfrenta.
Assim, as eleições de 22 de Janeiro são mais uma batalha pela exigência de mudança e uma «oportunidade para alargar a torrente dos que lutam por uma nova política de esquerda, por um Portugal com futuro».

Projectar a esperanças

Jerónimo de Sousa lembrou que a sua candidatura emana de uma força política que «sempre se bateu por dar valor a quem trabalha e assume os valores do direito ao trabalho e do trabalho com direitos como um eixo democrático essencial e um factor indispensável à valorização humana e ao progresso de Portugal».
Para Jerónimo de Sousa, o voto na sua candidatura é aquele que «dá mais força à luta pela defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo» e que projecta a esperança num outro rumo e numa outra política para Portugal.
Antes do candidato, tomaram da palavra representantes do mundo do trabalho apoiantes da candidatura de Jerónimo de Sousa. O mandatário nacional, Mário Nogueira, dirigente do Sindicato dos Professores do Centro e da FENPROF, acentuou que votar em Jerónimo de Sousa é votar no único candidato que tem apenas um compromisso – com os trabalhadores e com Portugal. Presente esteve também o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, que destacou o contributo da candidatura de Jerónimo de Sousa para «trazer à luz do dia os problemas dos trabalhadores». Cláudia Pereira, da Interjovem, destacou que o candidato comunista esteve com os jovens trabalhadores em todas as lutas em defesa dos seus direitos.

A Constituição faz uma opção

Falando perante representantes dos trabalhadores, Jerónimo de Sousa reafirmou a defesa e cumprimento da Constituição da República como um forte compromisso da sua candidatura. Para o candidato comunista, a Constituição é um documento consagrador de direitos fundamentais – ao trabalho, à saúde, à educação, à Segurança Social, a uma mais justa repartição da riqueza.
Jerónimo de Sousa considera que a Constituição, no confronto dos interesses do poder económico com os de quem trabalha, toma uma opção, ao consagrar «no seu capítulo mais nobre, no capítulo dos Direitos, Liberdades e Garantias, a prevalência dos direitos sociais e laborais sobre o direito económico ou do lucro». O secretário-geral do PCP considera que estes direitos – individuais e colectivos – que a Lei fundamental consagra são direitos instrínsecos à própria democracia.

Cavaco é o candidato dos grupos económicos

Cavaco Silva é o candidato dos grandes grupos económicos e financeiros, acusou o candidato comunista à presidência da República, Jerónimo de Sousa. Para o dirigente comunista, a apresentação do candidato da direita como cidadão independente, acima dos partidos ou dos interesses, é falsa, tratando-se de uma manobra com o objectivo de branquear o seu passado de governante ao serviço dos grandes grupos económicos, iludindo assim a sua responsabilidade pela situação do País.
Para Jerónimo de Sousa, Cavaco Silva é responsável por um terço da governação do regime democrático e a sua política está na origem dos atrasos estruturais e das actuais dificuldades que o País atravessa.
Perante um milhar de representantes eleitos pelos trabalhadores, Jerónimo de Sousa lembrou alguns dos traços que marcaram a passagem de Cavaco Silva pelo governo do País. Acusando o candidato da direita de ter promovido uma das maiores ofensivas contra os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores e de ter dado rosto ao mais grave desrespeito pelos valores e princípios básicos do regime democrático, com uma prática governativa à revelia e contra a Constituição da República, Jerónimo de Sousa lembrou que foi com Cavaco Silva que se iniciou o processo de subversão das leis laborais e que se iniciou o ataque à lei da greve e à lei dos despedimentos, abrindo as portas aos despedimentos colectivos.
Talvez por isso, lembrou Jerónimo de Sousa, Cavaco Silva se remeta ao silêncio e tudo faça para evitar o debate. Em seguida, lançou um desafiou ao candidato da direita: «Venha (ao debate) porque é necessário que seja confrontado com as suas responsabilidades na condução do País, na situação a que se chegou e com a real natureza da sua candidatura – uma candidatura de submissão do poder político ao poder económico.»
Reafirmando o combate à candidatura de Cavaco Silva, Jerónimo de Sousa assumiu que a sua candidatura não se confunde com nenhuma outra. «Não se confunde com a candidatura de Mário Soares, nem com as candidaturas de Francisco Louça ou Manuel Alegre e claramente assume como grande objectivo a derrota do candidato da direita, Cavaco Silva». E, confia, «os trabalhadores, talvez melhor que ninguém, compreendem a justeza desta nossa posição».

Mandatários apresentados

Por vários distritos, a candidatura presidencial de Jerónimo de Sousa vai apresentando os seus mandatários. Para ontem, estava marcada, para a cidade de Santarém, a apresentação do mandatário distrital, Sérgio Ribeiro, professor universitário e membro do Comité Central do PCP. Sérgio Ribeiro exerceu vários mandatos como deputado na Assembleia da República e no Parlamento Europeu e é, actualmente, membro da Assembleia Municipal de Ourém.
Por Aveiro, o mandatário é o pianista Fausto Neves. Professor na Universidade de Aveiro e membro da direcção regional do Partido Comunista Português, é solista dos principais festivais e orquestras portuguesas no Canadá, na Suíça, no Brasil ou em Itália.
Pelo Porto, Jerónimo de Sousa tem como mandatário José António Gomes, professor de Literatura Portuguesa na Escola Superior de Educação. Crítico literário, colabora regularmente no Expresso, no Jornal de Letras e nas Vértice.


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