Inovações
Da actual azáfama pró-teorizante em torno das inovações - em particular, as de índole tecnológica e nomeadamente nas comunicações - consta, com frequência, uma descrição acerca do seu comportamento no mercado durante as fases de arranque, fases estas que podem ser mais ou menos longas. De todos os modos, a sua evolução parece consistir numa primeira fase pletórica de entusiasmo, quando a inovação é introduzida, com frequência publicitada até «incríveis» níveis de notoriedade - que, por «incrível» que pareça aos seus maiores entusiastas, quase sempre pouco atingem, em termos da sua real adopção, as grandes massas -, uma fase em que atrai investimentos quantas vezes efectuados um pouco «à balda» - as célebres febres das corridas ao ouro -, sendo o caso, durante ela acontecem também enormes saltos de valores accionistas como resultado de especulação bolsista, etc. Em seguida, depois de a fase de arranque ter atingido o seu máximo, começa a descida do pico da inovação - chega a fase da desilusão. E esta a acontecer como uma queda quase ou mesmo a pino. Com efeito, uma boa parte das empresas que tudo nessa inovação apostaram, poderão ir à falência. Outras, mais contidas, ficam endividadas até sabe-se lá onde, com pouca possibilidade de irem buscar o dinheiro necessário, tendo visto o seu «valor» bolsista ser dividido de ordens de grandeza, após antes ter crescido ordens de grandeza, quando a inovação ia caminho do pico, passam por uma fase de «emagrecimento», deitam fora trabalhadores e mais trabalhadores e, finalmente vencedoras - resistentes -, ainda cambaleantes lá se aguentam para o round seguinte. Como gato escaldado de água fria tem medo, deixam-nas ficar a rolar no vale para onde, de tombo em tombo, tinham caído - as empresas e a vontade de levar por diante a inovação em causa -, desde o montanhoso pico anterior: e isto até que chegue o momento de voltar a subir. E rolam e rolam, sem «ousarem» de lá sair, até que, tendo sido encontrada uma vereda para o progresso de tal inovação no tecido económico, alguns, mais afoitos, recomecem a escalar; agora em vez de trepar por escarpadas encostas, a pique para o cimo da montanha, feitos alpinistas, as empresas - quem as comanda - escolhem caminhos menos inclinados, agora mais próprios para uma marcha vigorosa. E vão sendo seguidos na sua progressão por mais e mais perseguidores, qual bola de neve que vai engrossando, mas agora ao invés destas; vão subindo em vez de descer - querendo a subida aqui significar o progresso da inovação no mercado. E depois, assim vai continuando a sua inovação, até chegar ao planalto correspondente à sua fase de maturidade. Um planalto não eterno, claro, porque aí já vêm outra inovação, etc.
É claro que esta tentativa de teorização sobre a caminhada das inovações terá de ser mais estudada e aprofundada e, quando chegar a sua vez de ser «falsificada», deitada fora ou incorporada noutra, tal como acontece com todas as teorias a pretenderem-se científicas. Como todas as teorias, só funciona sob certas condições, para certas áreas, em certas épocas históricas (neste caso - parece-me -, o ambiente de mass media, incluindo o papel da publicidade, da nossa época é mesmo um caldo de cultura imprescindível). E funciona com que limitações! Contudo - admito - esta teoria vai ajudando nalguns casos e situações em que é preciso descortinar estratégias, definir opções. Sempre parece ser menos pior descortinar uma trajectória para uma inovação - em que fase está, o que já percorreu, se não tem possibilidades algumas de vir a ser algo - do que, pura e simplesmente, atirar uma moeda ao ar e decidir por cara ou coroa.
Estas reflexões vieram-me ao espírito a propósito de casos de inovação em voga nos últimos tempos na área das comunicações. Estou a lembrar-me do caso da Internet, da terceira geração móvel - 3G - e da «banda larga». Como utilizar a teoria acima referida nestes casos?
Tendo rebentado a chamada bolha da Internet; mais a queda da 3G (na área da União Europeia, então conhecida por UMTS), esta influenciada pelos preços astronómicos das licenças estatais para explorar serviços que, só alguns anos depois, começam a existir; nestes casos deve dizer-se que aconteceu a queda do pico do «entusiasmo» inicial, via «desilusão», até à fase de saída do vale com a «subida» actual? E a banda larga das fibras ópticas caiu, quase sem aparecer, em finais dos anos 80, e ficou em vale a rolar à espera da vereda via linha telefónica/rede de cabo?
É claro que esta tentativa de teorização sobre a caminhada das inovações terá de ser mais estudada e aprofundada e, quando chegar a sua vez de ser «falsificada», deitada fora ou incorporada noutra, tal como acontece com todas as teorias a pretenderem-se científicas. Como todas as teorias, só funciona sob certas condições, para certas áreas, em certas épocas históricas (neste caso - parece-me -, o ambiente de mass media, incluindo o papel da publicidade, da nossa época é mesmo um caldo de cultura imprescindível). E funciona com que limitações! Contudo - admito - esta teoria vai ajudando nalguns casos e situações em que é preciso descortinar estratégias, definir opções. Sempre parece ser menos pior descortinar uma trajectória para uma inovação - em que fase está, o que já percorreu, se não tem possibilidades algumas de vir a ser algo - do que, pura e simplesmente, atirar uma moeda ao ar e decidir por cara ou coroa.
Estas reflexões vieram-me ao espírito a propósito de casos de inovação em voga nos últimos tempos na área das comunicações. Estou a lembrar-me do caso da Internet, da terceira geração móvel - 3G - e da «banda larga». Como utilizar a teoria acima referida nestes casos?
Tendo rebentado a chamada bolha da Internet; mais a queda da 3G (na área da União Europeia, então conhecida por UMTS), esta influenciada pelos preços astronómicos das licenças estatais para explorar serviços que, só alguns anos depois, começam a existir; nestes casos deve dizer-se que aconteceu a queda do pico do «entusiasmo» inicial, via «desilusão», até à fase de saída do vale com a «subida» actual? E a banda larga das fibras ópticas caiu, quase sem aparecer, em finais dos anos 80, e ficou em vale a rolar à espera da vereda via linha telefónica/rede de cabo?