População deixada ao abandono

Quando o Katrina estava a chegar, o governo local da cidade emitiu uma ordem de evacuação. Deixou a cargo de cada família ou pessoa a responsabilidade de sair da cidade, arranjar um local para onde ir, de tomar conta de si própria. Não foi organizada uma evacuação com transportes públicos, nem abrigos temporários. O presidente da Câmara disse às pessoas que deviam ir para o Super Dome, um estádio desportivo.
Nova Orleães tem cerca de 70 por cento de afro-americanos. Cerca de um quarto da população total e um terço da população negra vive abaixo do limiar da pobreza. A maioria destes trabalhadores pobres e dos desempregados não tem automóvel para poder sair da cidade, não tem um lugar para onde ir, e não tem dinheiro para hotéis. O resultado foi que cerca de 100 000 pessoas, talvez 90 por cento dos afro-americanos, ficaram sem comida, sem água potável, sem condições sanitárias durante um verão tropical, rodeadas de detritos e porcaria.
Desde o começo do furacão no domingo, 28 de Agosto, até sexta-feira, 2 de Setembro, a FEMA não levou praticamente nenhuma comida, água ou meios de transporte de massas para Nova Orleães. A FEMA impediu a Cruz Vermelha de ir para o local. As pessoas foram deixadas encurraladas em hospitais sem electricidade. Muitas morreram.


Mais artigos de: Aconteceu

A lição de Nova Orleães

Autor: John CatalinottoA 5 de Setembro, o horror ininterrupto e o sofrimento de cerca de 100 000 habitantes de Nova Orleães, na sua maioria afro-americanos e pobres, conheceu uma pausa. O trabalho continua a ser o de contar e identificar os mortos que se calcula ascendam a 10 000 e os cerca de 1.5 milhões de desalojados...

A mentira da administração Bush

O presidente George Bush e outros responsáveis governamentais alegam não ter sido avisados da possibilidade de uma tal calamidade. É mentira. Nova Orleães está na sua maioria situada abaixo do nível do mar, aninhada entre o rio Mississippi e o lago Pontchartrain. A ameaça era conhecida há décadas.A 1 de Dezembro de 2001,...

Ordem para matar

Sem outra possibilidade de arranjar comida e água, alguns habitantes entraram em armazéns para arranjar víveres, bem como fraldas e produtos de higiene para bebés. Em alguns casos partilharam esses produtos com os vizinhos. O governador de Louisiana chama a isto «saque» e quer que a polícia «dispare a matar».Os média...