«Alex» foi assassinado há 60 anos

«Em Portugal houve fascismo e resistência»

No dia em que se assinalou os 60 anos do assassinato do dirigente comunista Alfredo Diniz, «Alex», o PCP inaugurou uma exposição evocativa e promoveu uma sessão, com a presença de José Casanova.

Continuar a luta é a melhor homenagem a prestar a comunistas como «Alex»

No dia e no local em que, há 60 anos, foi assassinado o dirigente comunista «Alex», nome clandestino de Alfredo Diniz, um jovem operário metalúrgico de apenas 28 anos, mas já um importante dirigente do PCP nos difíceis e duros anos 40, anos de guerra na Europa, de fascismo em Portugal e da reorganização do Partido. Para assinalar essa data, o PCP inaugurou, no passado dia 4, uma exposição evocativa da morte do dirigente comunista com uma sessão, em Loures, («Alex» foi morto na estrada de Bucelas) que contou com a presença de José Casanova, da Comissão Política do Comité Central.
O dirigente do PCP realçou o «profundo significado» da evocação deste crime brutal e do facto de se estar a lembrá-lo. «Em primeiro lugar, porque, recordando este crime estamos a dizer que não deixaremos que a história do fascismo e dos seus crimes seja branqueada ou apagada», como muitos querem hoje fazer, afirmou o membro da Comissão Política. E referiu-se aos «propagandistas da ideologia dominante», aqueles que designam o regime fascista português por «antigo regime» ou «Estado Novo» e negam a existência do fascismo no País até 1974. Mas, destacou José Casanova, «houve fascismo e houve resistência antifascista. E nesse resistência os comunistas tiveram um papel determinante, decisivo, único».
Para José Casanova, homenagear «Alex» é também uma forma de sublinhar as gerações actuais de comunistas que prosseguem a «luta travada nesses tempos longínquos; que essa luta será continuada pelas gerações futuras – e que, nessa luta, temos, teremos ao nosso lado, sempre, os que resistiram e foram assassinados, como “Alex”». E prosseguiu, afirmando que as «raízes da força e da perenidade da nossa luta estão nos nossos ideais de liberdade, de justiça social, de solidariedade, de fraternidade, de paz».

«Numa estrada solitária»

Em seguida, o dirigente do PCP leu um excerto do livro «A resistência em Portugal», de José Dias Coelho (também ele assassinado, anos mais tarde, pela PIDE), dedicada precisamente à morte de Alfredo Diniz. Nesse excerto, intitulado «Numa estrada solitária», destaca-se o papel de «Alex» na direcção de várias lutas, nomeadamente nas greves de 1942 e nas grandes greves de 8 e 9 de Maio do ano seguinte. «Ele era o tipo de dirigente operário inteiramente devotado à causa dos trabalhadores e do povo, corajoso, modesto, mas com uma confiança ilimitada nas massas populares e nas suas próprias possibilidades», lê-se na obra.
Sobre o assassinato, Dias Coelho registou na sua obra, com estas palavras, o momento do seu assassinato: «Aproveitava a descida para dar velocidade à bicicleta, naquele seu jeito destemido e moço de saborear a rapidez da corrida, o vento nos cabelos, a alegria de viver. Um dos homens saltou detrás da furgoneta e com um encontrão fê-lo cair na beira da estrada. Quando se levantou, dum salto, estava cercado. De longe, um camponês presenciara a emboscada em que José Gonçalves acompanhado de Fernando Gouveia e mais um bando de agente da PIDE assassinaram cobardemente o comunista Alfredo Diniz.» Para José Dias Coelho, a «PIDE sabia que ele era um destacado dirigente do Partido Comunista Português. Por isso o odiava. Por isso o assassinou.»
Terminando, José Casanova destacou que «prestar homenagem aos camaradas que morrem é afirmar, honrando as suas memórias, a nossa disponibilidade para darmos continuidade à nossa luta». Foi isso que, na sua opinião, de fez na homenagem a Álvaro Cunhal «naquela impressionante manifestação que, sendo de dor e de tristeza, foi também, e talvez acima de tudo, de combatividade, de confiança no futuro, e compromisso revolucionário, de dar continuidade à luta». Com «Alex» faz-se o mesmo, disse. Afirma-se que «a luta continua».


Mais artigos de: PCP

Não à especulação imobiliária

Um Encontro Concelhio de militantes de Empresas e Sectores Profissionais do Barreiro analisou, no dia 25 de Junho, a situação política e social, concluindo pela necessidade de dinamização da luta de massas e do reforço e alargamento da influência do PCP junto dos trabalhadores e das camadas mais atingidas pelas políticas...

PCP sobre João Jardim<br>Combater o racismo

O Grupo de Trabalho do PCP para a Imigração e Minorias Étnicas considera as recentes declarações de Alberto João Jardim sobre estrangeiros «inadmissíveis e inaceitáveis». «Urge respeitar os princípios constitucionais que condenam vigorosamente o racismo e a xenofobia», afirmou, em nota à imprensa, na segunda-feira.Os...

Assinaturas para Centro de Saúde

Em Campanhã, no Porto, o PCP recolheu 2500 assinaturas exigindo a construção de mais um centro de Saúde na freguesia. Para os comunistas, continuam a faltar os meios necessários para prestar serviços de saúde que correspondam as necessidades das populações. E consideram que desde há muito que se discute a construção de...

CM retira ilegalmente propaganda

O PCP acusa a Câmara Municipal de Coimbra de ter retirado faixas do PCP, contestando a política do Governo, no âmbito da campanha partidária «Basta de sacrifícios para os mesmos». A autarquia retirou todas as faixas, colocadas em vários locais da cidade, apesar de ter deixado outras, relativas a outras iniciativas, já...