É de luta este luto
O nó apertado nas gargantas não cala as palavras que dão voz aos sentimentos. A água salgada que teima em correr nos rostos não apaga o brilhos dos olhares. As mãos trémulas de emoção que empunham os cravos são punhos cerrados de determinação.
É de luta este luto que saiu à rua vestido de vermelho.
Não poderia ter sido de outro modo o adeus a Álvaro Cunhal.
Quem viveu para o povo e pelo povo, quem lutou toda a vida pelo ideal comunista, quem esteve sempre na primeira linha do combate contra a exploração do homem pelo homem, só podia partir assim levado por um mar de gente que na hora da despedida veio dizer ‘Presente!’, garantindo que nada foi em vão e que em cada homem e em cada mulher, em cada pedacinho da terra que tanto amou e tão bem conheceu há uma semente a germinar, a certeza de que a luta continua.
Mas dói na alma perder a quem se ama. Abala pensar no vazio deixado por quem se admira. Por isso, por nós, choramos quando a morte nos toca assim tão próximo, quando um pedaço de nós é arrancado sem remédio. É da humana condição esta fraqueza, mas só não a ultrapassa quem não entende que a vida só tem sentido porque a condição humana vai para além da própria vida.
Da morte não têm remissão os que não souberam viver. Não foi o caso de Álvaro Cunhal, não é o caso de nenhum revolucionário, de nenhum homem ou mulher que fica na história dos povos pela sua obra e pelo seu exemplo.
A maré humana que acompanhou Álvaro Cunhal - ‘o Álvaro - deu testemunho disso mesmo, amassando a dor, a raiva, as lágrimas, a saudade, para fazer a matéria prima que dá corpo à vontade inabalável de prosseguir a luta com mais coragem, com mais entusiasmo, com mais convicção.
A admiração e o respeito partilhado por alguém que soube ser maior que a vida não é, não pode ser apenas motivo de orgulho. Tem de ser inspiração, e força, e vontade, e estímulo para levar por diante o ideal comum, para passar de mão em mão a bandeira que nos abriga e hasteá-la cada vez mais alto, honrando os que ficaram pelo caminho, sim, mas sobretudo mostrando que valeu a pena o sacrifício, que vale sempre a pena continuar quando a causa que nos move é a da fraternidade e solidariedade entre os homens.
É preciso ser capaz de ir mais além da utopia para que o sonho se torne realidade. Soube-o Álvaro Cunhal, sabem-no todos os que exigiram estar com ele na derradeira jornada.
A pé, enchendo avenidas, gritando palavras de ordem sentidas mas ancoradas na razão, o povo saiu à rua para mostrar que esta despedida é um ‘até sempre’ e que dirigentes como ‘o Álvaro’ têm lugar cativo no coração das gentes.
Foi a mais bela manifestação, o mais belo tributo, a mais sentida homenagem, a mais impressionante demonstração de camaradagem que se podia prestar ao combatente comunista.
É de luta este luto que cumprimos. Lançadas à terra as cinzas a que todos voltamos, como Álvaro Cunhal bem sabia, flores vermelhas vão nascer num qualquer Abril.
Vale a pena viver assim.
É de luta este luto que saiu à rua vestido de vermelho.
Não poderia ter sido de outro modo o adeus a Álvaro Cunhal.
Quem viveu para o povo e pelo povo, quem lutou toda a vida pelo ideal comunista, quem esteve sempre na primeira linha do combate contra a exploração do homem pelo homem, só podia partir assim levado por um mar de gente que na hora da despedida veio dizer ‘Presente!’, garantindo que nada foi em vão e que em cada homem e em cada mulher, em cada pedacinho da terra que tanto amou e tão bem conheceu há uma semente a germinar, a certeza de que a luta continua.
Mas dói na alma perder a quem se ama. Abala pensar no vazio deixado por quem se admira. Por isso, por nós, choramos quando a morte nos toca assim tão próximo, quando um pedaço de nós é arrancado sem remédio. É da humana condição esta fraqueza, mas só não a ultrapassa quem não entende que a vida só tem sentido porque a condição humana vai para além da própria vida.
Da morte não têm remissão os que não souberam viver. Não foi o caso de Álvaro Cunhal, não é o caso de nenhum revolucionário, de nenhum homem ou mulher que fica na história dos povos pela sua obra e pelo seu exemplo.
A maré humana que acompanhou Álvaro Cunhal - ‘o Álvaro - deu testemunho disso mesmo, amassando a dor, a raiva, as lágrimas, a saudade, para fazer a matéria prima que dá corpo à vontade inabalável de prosseguir a luta com mais coragem, com mais entusiasmo, com mais convicção.
A admiração e o respeito partilhado por alguém que soube ser maior que a vida não é, não pode ser apenas motivo de orgulho. Tem de ser inspiração, e força, e vontade, e estímulo para levar por diante o ideal comum, para passar de mão em mão a bandeira que nos abriga e hasteá-la cada vez mais alto, honrando os que ficaram pelo caminho, sim, mas sobretudo mostrando que valeu a pena o sacrifício, que vale sempre a pena continuar quando a causa que nos move é a da fraternidade e solidariedade entre os homens.
É preciso ser capaz de ir mais além da utopia para que o sonho se torne realidade. Soube-o Álvaro Cunhal, sabem-no todos os que exigiram estar com ele na derradeira jornada.
A pé, enchendo avenidas, gritando palavras de ordem sentidas mas ancoradas na razão, o povo saiu à rua para mostrar que esta despedida é um ‘até sempre’ e que dirigentes como ‘o Álvaro’ têm lugar cativo no coração das gentes.
Foi a mais bela manifestação, o mais belo tributo, a mais sentida homenagem, a mais impressionante demonstração de camaradagem que se podia prestar ao combatente comunista.
É de luta este luto que cumprimos. Lançadas à terra as cinzas a que todos voltamos, como Álvaro Cunhal bem sabia, flores vermelhas vão nascer num qualquer Abril.
Vale a pena viver assim.