Retomar o projecto de Abril
Abril mostrou um modelo de desenvolvimento político, económico e social autónomo para Portugal que cumpre realizar, rumo ao socialismo. Lembrar o projecto de Abril é tanto mais importante, num fim-de-semana, em que se comemoram 20 anos sobre a assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à então CEE, que marcou um outro modelo de desenvolvimento para Portugal, que marcou o afastamento do projecto de Abril.
Na cerimónia que assinalou o evento, lá se juntaram muitos PS, portugueses mas não só, para fazer os balanços positivos do costume e jurar fidelidade ao projecto europeu, como fez José Sócrates, ou tecer elogios à dita «constituição europeia», rejeitando obituários precipitados, como disse Jorge Sampaio, que se tornou paladino deste nado morto, condenado ao fracasso pela força de dois «não» no coração da Europa, a que se junta a suspensão do processo de ratificação por parte do Reino Unido. O «não» francês e o «não» holandês bem mostram o divórcio entre as populações e as lideranças políticas.
Está para fazer um balanço sério da adesão, dos seus constrangimentos não só para a soberania e independência nacional, mas também para o desenvolvimento político, económico e social em Portugal. Mas não é preciso ter grandes graus académicos, para perceber que sendo a UE um instrumento de classe, do grande capital e da oligarquia financeira, o resultado não poderá ser positivo para os trabalhadores e povos da Europa, particularmente para Portugal.
O aprofundamento da integração alicerçou a política de direita e a regressão de direitos laborais e sociais. Se tirarmos uma radiografia rápida vimos o nosso aparelho produtivo destruído e os nossos défices a aumentar. Veja-se a agricultura, as pescas, mas também a indústria.
As deslocalizações, o encerramento e as reestruturações de empresas representam não só mais desemprego mas também mais dependência, subdesenvolvimento e progressiva periferização face ao alargamento da UE. Só a banca continua a crescer num país endividado e mergulhado numa crise profunda.
A riqueza de Portugal face à UE encontra-se ao nível de 1998. O nosso país não é só o mais pobre da UE dos 15, como já estamos em 17.º lugar na UE dos 25. O crescimento económico e convergência real desaceleram de década para década.
Dois milhões de pobres, um milhão de trabalhadores precários, 500 mil desempregados e 200 mil pessoas com fome são mais elementos de um retrato, onde se juntam as mais baixas qualificações e as mais elevadas desigualdades da distribuição do rendimento da UE a 25. Um país onde a economia informal pode atingir um quarto do seu produto. Este não é o Portugal de Abril.
Os «nãos» à dita «constituição europeia» ligaram as situações nacionais às políticas europeias. Veja-se o programa de estabilidade apresentado pelo Governo que segue o ABC da política de direita, já considerado pelo comissário Almunia como um exemplo a seguir e apoiar pelos governos da UE. Medidas que representam a mais forte ofensiva contra Abril. Uma ofensiva de classe patrocinada pelos socialistas.
O povo português nunca se pronunciou sobre nenhum passo da integração comunitária. O que se vende da UE são os fundos comunitários, como ouro do Brasil se tratasse, fundos que poderão estar em causa na negociação do próximo quadro financeiro de apoio.
Agora, prepara-se uma farsa de referendo, depois de uma farsa de pergunta ilegível e chumbada pelo Tribunal Constitucional e uma farsa de revisão constitucional. O PS, o PSD e o CDS-PP não querem realmente debater a Europa, pois sabem que o debate faz crescer o «não».
Enquanto isso, aguardamos os resultados do próximo Conselho Europeu de 16 e 17 de Junho e os seus impactos, para a UE e Portugal. Os «não» mostraram que outro rumo é possível e necessário para a Europa e para Portugal.
Precisamos retomar o projecto de Abril. Esta é a nossa luta no Portugal do século XXI. Esta é também uma forma de lembrar quem esteve e estará sempre na luta ao lado dos trabalhadores, na defesa intransigente dos interesses do país e da independência nacional.
Na cerimónia que assinalou o evento, lá se juntaram muitos PS, portugueses mas não só, para fazer os balanços positivos do costume e jurar fidelidade ao projecto europeu, como fez José Sócrates, ou tecer elogios à dita «constituição europeia», rejeitando obituários precipitados, como disse Jorge Sampaio, que se tornou paladino deste nado morto, condenado ao fracasso pela força de dois «não» no coração da Europa, a que se junta a suspensão do processo de ratificação por parte do Reino Unido. O «não» francês e o «não» holandês bem mostram o divórcio entre as populações e as lideranças políticas.
Está para fazer um balanço sério da adesão, dos seus constrangimentos não só para a soberania e independência nacional, mas também para o desenvolvimento político, económico e social em Portugal. Mas não é preciso ter grandes graus académicos, para perceber que sendo a UE um instrumento de classe, do grande capital e da oligarquia financeira, o resultado não poderá ser positivo para os trabalhadores e povos da Europa, particularmente para Portugal.
O aprofundamento da integração alicerçou a política de direita e a regressão de direitos laborais e sociais. Se tirarmos uma radiografia rápida vimos o nosso aparelho produtivo destruído e os nossos défices a aumentar. Veja-se a agricultura, as pescas, mas também a indústria.
As deslocalizações, o encerramento e as reestruturações de empresas representam não só mais desemprego mas também mais dependência, subdesenvolvimento e progressiva periferização face ao alargamento da UE. Só a banca continua a crescer num país endividado e mergulhado numa crise profunda.
A riqueza de Portugal face à UE encontra-se ao nível de 1998. O nosso país não é só o mais pobre da UE dos 15, como já estamos em 17.º lugar na UE dos 25. O crescimento económico e convergência real desaceleram de década para década.
Dois milhões de pobres, um milhão de trabalhadores precários, 500 mil desempregados e 200 mil pessoas com fome são mais elementos de um retrato, onde se juntam as mais baixas qualificações e as mais elevadas desigualdades da distribuição do rendimento da UE a 25. Um país onde a economia informal pode atingir um quarto do seu produto. Este não é o Portugal de Abril.
Os «nãos» à dita «constituição europeia» ligaram as situações nacionais às políticas europeias. Veja-se o programa de estabilidade apresentado pelo Governo que segue o ABC da política de direita, já considerado pelo comissário Almunia como um exemplo a seguir e apoiar pelos governos da UE. Medidas que representam a mais forte ofensiva contra Abril. Uma ofensiva de classe patrocinada pelos socialistas.
O povo português nunca se pronunciou sobre nenhum passo da integração comunitária. O que se vende da UE são os fundos comunitários, como ouro do Brasil se tratasse, fundos que poderão estar em causa na negociação do próximo quadro financeiro de apoio.
Agora, prepara-se uma farsa de referendo, depois de uma farsa de pergunta ilegível e chumbada pelo Tribunal Constitucional e uma farsa de revisão constitucional. O PS, o PSD e o CDS-PP não querem realmente debater a Europa, pois sabem que o debate faz crescer o «não».
Enquanto isso, aguardamos os resultados do próximo Conselho Europeu de 16 e 17 de Junho e os seus impactos, para a UE e Portugal. Os «não» mostraram que outro rumo é possível e necessário para a Europa e para Portugal.
Precisamos retomar o projecto de Abril. Esta é a nossa luta no Portugal do século XXI. Esta é também uma forma de lembrar quem esteve e estará sempre na luta ao lado dos trabalhadores, na defesa intransigente dos interesses do país e da independência nacional.