Aniversário de morte no Iraque
Dois anos após ter atacado o Iraque, Washington saudou a «libertação» do país, onde no mesmo dia uma vaga de atentados fazia dezenas de mortos.
Prosseguem as negociações para a formar um novo Governo
«É uma coisa maravilhosa ver 25 milhões de iraquianos libertados. Ver a sua economia crescer como vem acontecendo. Ver o processo político avançar para a democracia. Ter celebrado eleições com êxito e, agora, (ver) sua Assembleia Constituinte a estabelecer-se».
As palavras são do secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, numa entrevista à estação Fox News, por ocasião do segundo aniversário da guerra contra o Iraque e consequente ocupação pelos EUA.
Longe de Washington, em Bagdad, o comando norte-americano informava ter abatido no domingo 24 iraquianos que atacaram as suas forças nos arredores da capital. Antes deste informe, as autoridades iraquianas anunciaram a morte de sete polícias, um soldado iraquiano, um soldado norte-americano, quatro rebeldes, sete civis e um motorista turco numa série de atentados em diferentes pontos do país.
Entretanto, no domingo à noite, uma fonte da polícia iraquiana dava conta que quatro polícias morreram e outras 19 pessoas ficaram feridas, entre as quais 14 soldados e dois polícias, em dois ataques simultâneos contra um posto policial e uma base militar iraquiana em Baquba, a Norte de Bagdad.
O «fogo da liberdade»
Nos EUA, Bush afirmava, assinalando a data, que «apenas o fogo da liberdade pode purgar a ideologia da morte, oferecendo esperança aos que desejam viver em liberdade». Estas palavras não parecerem ter entusiasmado ninguém no Iraque, onde entretanto prosseguem as negociações para a formar um novo Governo entre os representantes da Aliança Iraquiana de Xiitas Unidos (UIA) e a Aliança Curda, os dois vencedores das eleições de Janeiro. Ambas as partes, segundo informam as agências internacionais, concordam que a questão deve ser abordada segundo as leis que prevaleciam antes da invasão americana.
À margem dos jogos de palavras, quatro iraquianos morreram e dez ficaram feridos, segundo fontes médicas e da polícia, quando homens armados abriram fogo contra o cortejo fúnebre do chefe do Serviço Anticorrupção da cidade de Mossul, assassinado de manhã. No ataque suicida contra a sede da Comissão para a Integridade Pública morreram ainda dois agentes de segurança, segundo o Ministério do Interior.
Enquanto isso em Basra, no Sul do Iraque, um civil morreu e um polícia ficou ferido na explosão de uma bomba artesanal accionada à passagem de uma patrulha da polícia.
EUA condenados em todo o mundo
Os dois anos de guerra e ocupação do Iraque foram assinalados em todo o mundo com manifestações de protesto contra a administração Bush. Dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em Londres, Roma, Nova Iorque (ver páginas centrais), Estocolmo, Atenas, Ancara, Istambul, Sydney e Adana, só para citar as mais importantes.
No centro de Roma, a forte mobilização policial impediu os manifestantes de chegar às imediações do Palácio Chigi, sede do governo de Silvio Berlusconi, mas apesar da tensão criada não se registaram incidentes. Um grande cartaz lembrava que «70% dos italianos querem a retirada imediata das tropas» do Iraque.
«Estamos aqui para dizer o que pensa a maioria dos italianos: cada dia que passa de ocupação no Iraque é muito. É necessário retirar imediatamente as tropas italianas desse país», afirmou Claudio Grassi, do Partido da Refundação Comunista.
Recorda-se que, devido à forte pressão popular, Berlusconi anunciou recentemente a retirada progressiva das tropas italianas a partir de Setembro, mas acabou por dar o dito por não dito após uma conversa telefónica com Bush. O chefe do executivo italiano diz agora que a retirada só acontecerá de comum acordo com os aliados e com o governo iraquiano e quando houver condições de segurança necessárias no país árabe.
A atitude de subserviência de Berlusconi tornou-se ainda mais inaceitável nas últimas semanas devido ao rapto da jornalista Giuliana Sgrena e do controverso ataque dos EUA ao veículo no qual viajava após ser libertada, que matou o agente secreto Nicola Calipari.
Sob pressão está igualmente o primeiro-ministro Tony Blair. As dezenas de milhares de pessoas que desfilaram em Londres voltaram a exigir o regresso das tropas britânicas e lembraram aos EUA, colocando um caixão de cartão junto à respectiva embaixada, que o Iraque pode ser o Vietname do Bush.
Em Tóquio, os milhares de japoneses que saíram às ruas exigindo a retirada das tropas japonesas do Iraque contestaram ainda a presença da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, na capital do Japão.
Na Turquia houve manifestações em Ancara, Istambul e Adana, cidades onde os EUA têm missões diplomáticas.
As palavras são do secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, numa entrevista à estação Fox News, por ocasião do segundo aniversário da guerra contra o Iraque e consequente ocupação pelos EUA.
Longe de Washington, em Bagdad, o comando norte-americano informava ter abatido no domingo 24 iraquianos que atacaram as suas forças nos arredores da capital. Antes deste informe, as autoridades iraquianas anunciaram a morte de sete polícias, um soldado iraquiano, um soldado norte-americano, quatro rebeldes, sete civis e um motorista turco numa série de atentados em diferentes pontos do país.
Entretanto, no domingo à noite, uma fonte da polícia iraquiana dava conta que quatro polícias morreram e outras 19 pessoas ficaram feridas, entre as quais 14 soldados e dois polícias, em dois ataques simultâneos contra um posto policial e uma base militar iraquiana em Baquba, a Norte de Bagdad.
O «fogo da liberdade»
Nos EUA, Bush afirmava, assinalando a data, que «apenas o fogo da liberdade pode purgar a ideologia da morte, oferecendo esperança aos que desejam viver em liberdade». Estas palavras não parecerem ter entusiasmado ninguém no Iraque, onde entretanto prosseguem as negociações para a formar um novo Governo entre os representantes da Aliança Iraquiana de Xiitas Unidos (UIA) e a Aliança Curda, os dois vencedores das eleições de Janeiro. Ambas as partes, segundo informam as agências internacionais, concordam que a questão deve ser abordada segundo as leis que prevaleciam antes da invasão americana.
À margem dos jogos de palavras, quatro iraquianos morreram e dez ficaram feridos, segundo fontes médicas e da polícia, quando homens armados abriram fogo contra o cortejo fúnebre do chefe do Serviço Anticorrupção da cidade de Mossul, assassinado de manhã. No ataque suicida contra a sede da Comissão para a Integridade Pública morreram ainda dois agentes de segurança, segundo o Ministério do Interior.
Enquanto isso em Basra, no Sul do Iraque, um civil morreu e um polícia ficou ferido na explosão de uma bomba artesanal accionada à passagem de uma patrulha da polícia.
EUA condenados em todo o mundo
Os dois anos de guerra e ocupação do Iraque foram assinalados em todo o mundo com manifestações de protesto contra a administração Bush. Dezenas de milhares de pessoas saíram à rua em Londres, Roma, Nova Iorque (ver páginas centrais), Estocolmo, Atenas, Ancara, Istambul, Sydney e Adana, só para citar as mais importantes.
No centro de Roma, a forte mobilização policial impediu os manifestantes de chegar às imediações do Palácio Chigi, sede do governo de Silvio Berlusconi, mas apesar da tensão criada não se registaram incidentes. Um grande cartaz lembrava que «70% dos italianos querem a retirada imediata das tropas» do Iraque.
«Estamos aqui para dizer o que pensa a maioria dos italianos: cada dia que passa de ocupação no Iraque é muito. É necessário retirar imediatamente as tropas italianas desse país», afirmou Claudio Grassi, do Partido da Refundação Comunista.
Recorda-se que, devido à forte pressão popular, Berlusconi anunciou recentemente a retirada progressiva das tropas italianas a partir de Setembro, mas acabou por dar o dito por não dito após uma conversa telefónica com Bush. O chefe do executivo italiano diz agora que a retirada só acontecerá de comum acordo com os aliados e com o governo iraquiano e quando houver condições de segurança necessárias no país árabe.
A atitude de subserviência de Berlusconi tornou-se ainda mais inaceitável nas últimas semanas devido ao rapto da jornalista Giuliana Sgrena e do controverso ataque dos EUA ao veículo no qual viajava após ser libertada, que matou o agente secreto Nicola Calipari.
Sob pressão está igualmente o primeiro-ministro Tony Blair. As dezenas de milhares de pessoas que desfilaram em Londres voltaram a exigir o regresso das tropas britânicas e lembraram aos EUA, colocando um caixão de cartão junto à respectiva embaixada, que o Iraque pode ser o Vietname do Bush.
Em Tóquio, os milhares de japoneses que saíram às ruas exigindo a retirada das tropas japonesas do Iraque contestaram ainda a presença da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, na capital do Japão.
Na Turquia houve manifestações em Ancara, Istambul e Adana, cidades onde os EUA têm missões diplomáticas.