Entretanto o plano…
Entretanto vieram as eleições legislativas portuguesas de 2005… E lá tivemos o termo «tecnológico» a ser lançado mais uma vez para a arena. De início - na fase inicial da correspondente campanha eleitoral -, ainda se ensaiou dirimir, à maneira dos dirigentes e dos média da área futebolística, o tema como se fora participante de um torneio de Choques. Contudo, o único choque publicamente relevante - e que não foi transformado em programa ou «objectivo» -, o único choque a acontecer de facto nessa altura, foi o relativo à mudança de treinador de futebol no F.C.Porto! E logo, por coincidência numa área - o Futebol, perdão, o Desporto - que, ainda no governo Guterres, tinha visto, pela primeira vez, a sua elevação a nível de Ministério e como seu primeiro ministro o agora primeiro-ministro José Sócrates. Este logo depois seguido por José Lello, se não estou em erro.
Mas, estou a desviar-me do assunto que me levou a iniciar este escrito.
O termo «tecnológico», ou antes «plano tecnológico», foi então lançado como uma bandeira principal do PS para a campanha eleitoral. O nome «choque», no princípio servindo de âncora à [para nós] atirada como substancial e estratégica adjectivação tecnológica, desapareceu pois para ser substituído pelo nome «plano». E isto estranhamente - ou talvez não -, numa época em que parecia estar aí para durar, e a dominar sem apelo, o curto / curtíssimo prazo comandado por invisíveis e mercadejadoras mãos, marcado por «choques», mas também por bolhas a crescer e a rebentar, o seu efeito já a ser reabsorvido, etc., reapareceu agora, no nosso País, por obra das eleições, enquanto star principal, o conceito de «plano»; um conceito, direi, mais próprio de tempos de economias de direcção central do que de economias de mercado como têm de ser as de hoje, não é? - o linguajar neoliberal a deixar passar um lapso linguístico? Outros fossem os atrevidos a recuperar tais conceitos e teriam sido, com boa probabilidade, apodados de dinossauros, de gente do passado, talvez mesmo, em situações extremas, de estalinistas… Exagero? O facto é que não apareceram vozes sequer a referir esta questão. Sinal dos tempos?
A ver vamos
É verdade terem sido produzidos, em particular durante debates havidos na televisão e em artigos publicados em meios de comunicação social impressos - na rádio também terá sido assim; não sei, não testemunhei, não a tenho seguido -, certos comentários por algumas vozes, reflectindo a natureza do plano tecnológico apresentado pelo PS, comentários referindo-se as limitações impostas à sua aplicabilidade às empresas. Porque, afinal, a tecnologia ao serviço da produtividade/competitividade do tecido económico tem sobretudo a ver com as empresas. E, aparte as sobrantes empresas públicas que o Governo poderá, de facto, influenciar mais ou menos directamente, a gestão do resto tecido empresarial depende, em princípio, apenas dos seus donos. Assim aprendemos.
Sei. Poderá ser que sejam levadas por diante medidas como subsidiar projectos de I&D, em que as empresas participem conjuntamente com organismos do Estado. Ou outras, como colocar alguns quadros técnicos («doutores»), um milhar, em empresas, comparticipando por uns tempos para o pagamento dos seus salários? Crescerão as isenções de impostos? Etc. Mas, afinal de contas, como «controlariam» os meios lá colocados? E como poderão tais medidas ser concertadas com o funcionamento do mercado e da concorrência? As empresas preferidas serão escolhidas por concurso? De outro modo? E mesmo supondo que as questões deste tipo seriam resolvidas de um modo aceitável, como «controlaria» o Estado o bom uso dos meios de todos nós? Como mediria os resultados? Que transparência de contas, para que pudéssemos entender estas coisas, os cidadãos em geral, nomeadamente através dos seus representantes eleitos? Não acabaria por configurar tudo isto - incluindo o controlo de execução - uma espécie de intervenção do Estado em empresas? E eu a lembrar-me de outras épocas e de outras críticas, bem como da legislação europeia da concorrência existente, e sei lá que mais. E onde ficaria a tal dose de risco a assumir por empresas emancipadas do papá Estado, como tanto tem sido reclamado?
E será que a vontade de libertar fundos do Estado, em particular dos afectos a políticas sociais, a vontade de os transferir de um lado para outro, tem a ver com tais fins de subsidiação de empresas? Vamos a ver, mas desconfiado como pareço ser, não consigo evitar pensamentos deste último cariz.
Mas, estou a desviar-me do assunto que me levou a iniciar este escrito.
O termo «tecnológico», ou antes «plano tecnológico», foi então lançado como uma bandeira principal do PS para a campanha eleitoral. O nome «choque», no princípio servindo de âncora à [para nós] atirada como substancial e estratégica adjectivação tecnológica, desapareceu pois para ser substituído pelo nome «plano». E isto estranhamente - ou talvez não -, numa época em que parecia estar aí para durar, e a dominar sem apelo, o curto / curtíssimo prazo comandado por invisíveis e mercadejadoras mãos, marcado por «choques», mas também por bolhas a crescer e a rebentar, o seu efeito já a ser reabsorvido, etc., reapareceu agora, no nosso País, por obra das eleições, enquanto star principal, o conceito de «plano»; um conceito, direi, mais próprio de tempos de economias de direcção central do que de economias de mercado como têm de ser as de hoje, não é? - o linguajar neoliberal a deixar passar um lapso linguístico? Outros fossem os atrevidos a recuperar tais conceitos e teriam sido, com boa probabilidade, apodados de dinossauros, de gente do passado, talvez mesmo, em situações extremas, de estalinistas… Exagero? O facto é que não apareceram vozes sequer a referir esta questão. Sinal dos tempos?
A ver vamos
É verdade terem sido produzidos, em particular durante debates havidos na televisão e em artigos publicados em meios de comunicação social impressos - na rádio também terá sido assim; não sei, não testemunhei, não a tenho seguido -, certos comentários por algumas vozes, reflectindo a natureza do plano tecnológico apresentado pelo PS, comentários referindo-se as limitações impostas à sua aplicabilidade às empresas. Porque, afinal, a tecnologia ao serviço da produtividade/competitividade do tecido económico tem sobretudo a ver com as empresas. E, aparte as sobrantes empresas públicas que o Governo poderá, de facto, influenciar mais ou menos directamente, a gestão do resto tecido empresarial depende, em princípio, apenas dos seus donos. Assim aprendemos.
Sei. Poderá ser que sejam levadas por diante medidas como subsidiar projectos de I&D, em que as empresas participem conjuntamente com organismos do Estado. Ou outras, como colocar alguns quadros técnicos («doutores»), um milhar, em empresas, comparticipando por uns tempos para o pagamento dos seus salários? Crescerão as isenções de impostos? Etc. Mas, afinal de contas, como «controlariam» os meios lá colocados? E como poderão tais medidas ser concertadas com o funcionamento do mercado e da concorrência? As empresas preferidas serão escolhidas por concurso? De outro modo? E mesmo supondo que as questões deste tipo seriam resolvidas de um modo aceitável, como «controlaria» o Estado o bom uso dos meios de todos nós? Como mediria os resultados? Que transparência de contas, para que pudéssemos entender estas coisas, os cidadãos em geral, nomeadamente através dos seus representantes eleitos? Não acabaria por configurar tudo isto - incluindo o controlo de execução - uma espécie de intervenção do Estado em empresas? E eu a lembrar-me de outras épocas e de outras críticas, bem como da legislação europeia da concorrência existente, e sei lá que mais. E onde ficaria a tal dose de risco a assumir por empresas emancipadas do papá Estado, como tanto tem sido reclamado?
E será que a vontade de libertar fundos do Estado, em particular dos afectos a políticas sociais, a vontade de os transferir de um lado para outro, tem a ver com tais fins de subsidiação de empresas? Vamos a ver, mas desconfiado como pareço ser, não consigo evitar pensamentos deste último cariz.