Uma «gota de água no oceano da miséria»

Colin Powell, o demissionário chefe da diplomacia norte-americana, iniciou domingo um périplo pela Ásia para promover a ajuda dos EUA aos países devastados pelos «tsunamis». A visita foi antecedida por fortes críticas, tanto internas como externas, à resposta de Washington à catástrofe, cujo número de vítimas é calculado em mais de 150 mil mortos.
A ajuda dos EUA, classificada de «mesquinha» e de «ridícula», começou por ser de 15 milhões de dólares, passou depois para 35 milhões e acabou por se fixar nos 350 milhões de dólares anunciados por Bush no seu discurso de Ano Novo.
Uma das críticas mais duras veio do jornal The New York Times, que em editorial intitulado «Somos avarentos? Sim. » classificou a ajuda como «uma gota de água no oceano de miséria», sublinhando que os iniciais 15 milhões anunciados por Powell dois dias depois da catástrofe representavam «menos de metade do gasto previsto pelos republicanos nas celebrações pelo início do segundo mandato de Bush».
Também o jornal francês Le Figaro (conservador) não deixou passar em claro a sovinice norte-americana, fazendo notar que «quinze milhões de dólares é menos de metade das vendas diárias de alimentos para cães e gatos nos Estados Unidos».
Ao emendar a mão para 350 milhões de dólares, montante que Powell diz agora ser «apropriado e proporcional à magnitude do desastre», os EUA não calaram as vozes críticas. A resposta norte-americana é apontada como tardia e insuficiente, não só face às necessidades como às ofertas de outros países. No último sábado, o Japão anunciou que contribuirá com 500 milhões de dólares, enquanto o Banco da Ásia avançou com uma verba de 300 milhões.
No total, a ajuda internacional ascendia no início da semana a dois mil milhões de dólares, o que sendo uma ajuda «sem precedentes», segundo o subsecretário-geral da ONU encarregado da assistência às zonas flageladas, Jan Egeland, está muito longe das necessidades para a reconstrução, que podem ascender a «dezenas ou mesmo centenas de milhares de milhões de dólares».


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