Metade das crianças ameaçadas
Mais de 1000 milhões de crianças são privados de uma infância saudável e protegida, especialmente devido à pobreza, à guerra e à Sida, segundo a Unicef.
O número de pessoas que passam fome passou para 852 milhões em 2002
De acordo com o relatório da Unicef sobre o estado mundial da infância, apresentado na semana passada em Londres, o incumprimento por parte dos governos da Convenção dos Direitos da Criança causa danos permanentes e impede o progresso dos direitos humanos e da economia.
«Há demasiados governos que tomam decisões deliberadas e com conhecimento de causa que, na realidade, prejudicam as crianças», afirmou na ocasião a directora executiva da Unicef, Carol Bellamy. «A pobreza não surge do nada; a guerra não aparece por uma razão determinada; a sida não se propaga por si só. Tudo isto são decisões nossas», acrescentou.
Mais de metade das crianças dos países em desenvolvimento está gravemente privada de um ou mais bens e serviços essenciais à infância. «A qualidade de vida de um menino ou de uma menina depende das decisões que se tomem todos os dias nas casas, nas comunidades e nos gabinetes dos governos. Temos que tomar decisões inteligentes e tendo sempre presente a criança como interesse superior. Se não conseguirmos proteger a infância não conseguiremos alcançar objectivos mais amplos e gerais a favor dos direitos humanos e do desenvolvimento económico», defendeu Carol Bellamy.
Fome aumenta
Mais de cinco milhões de crianças morrem de subnutrição e fome anualmente, revelou entretanto o relatório da FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas), o que significa um custo para os países em desenvolvimento de milhares de milhões de dólares por perda de produtividade.
Todos os anos, mais de 20 milhões de lactantes nascem com insuficiência de peso no mundo, correndo mais perigo de morrer na infância e os que sobrevivem padecem de deficiências físicas e mentais durante toda a vida.
No documento, a organização lamenta o pouco que se faz para combater a fome, apesar de que os recursos necessários para a evitar com eficácia são minúsculos em comparação com os benefícios de investir nesta causa. A FAO afirma que, se não fossem os custos directos dos danos produzidos pela fome, haveria mais recursos para lutar contra outros problemas sociais.
«Uma primeira estimativa sugere que estes custos directos somam um total de 30 mil milhões de dólares por ano, mais do quíntuplo do valor do financiamento do Fundo Mundial de Luta Contra a Sida, a Tuberculose e a Malária», lê-se no documento. Os actuais níveis de subnutrição infantil traduzir-se-ão em perdas de produtividade e de receitas durante a vida destas pessoas, calculadas entre 500 mil milhões e um bilhão de dólares. A organização adianta ainda que cada dólar investido na luta contra a fome pode multiplicar-se por cinco e até mais 20 vezes em outros ganhos.
O número de pessoas que passam fome no mundo aumentou para 852 milhões entre 2000 e 2002, o que significa uma subida de 18 milhões de pessoas desde meados da década de 90. Segundo dados da organização, no total, passam fome 815 pessoas nos países em desenvolvimentos, 28 milhões nos países em transição e 9 milhões nos países industrializados.
A FAO sublinha que, nos países em desenvolvimento, a luta contra a fome crónica não está a cumprir os objectivos da Cimeira Mundial sobre a Alimentação, mas acrescenta que «mais de 30 países, que compreendem quase metade da população do mundo em desenvolvimento, não só deram provas de que um rápido progresso é possível, mas também mostraram como é possível alcançá-lo». Na década de 90, estes países – onde se inclui Angola, Brasil, Chile, China, Moçambique, Peru, Síria, Uruguai e Vietname – reduziram em pelo menos 25 por cento o número de pessoas com fome.
Conselhos para acabar com a fome
«Temos amplas provas de que é possível conseguir rápidos avanços mediante a aplicação de uma estratégia de dupla via, que ataque ao mesmo tempo as causas e as consequências da fome e da pobreza extrema. A primeira inclui as intervenções destinadas a melhorar a disponibilidade de alimentos e as receitas da população pobre, fortalecendo as suas actividades produtivas. A segunda via engloba os programas selectivos destinados a facilitar um acesso directo e imediato aos alimentos para as famílias mais necessitadas», adverte o relatório da FAO.
A organização recomenda que os países adoptem programas a grande escala para promover principalmente a agricultura e o desenvolvimento rural, de que dependem os meios de subsistência da maioria das pessoas pobres e que passam fome. Aconselha ainda a dar prioridade às medidas que tenham um impacto imediato na segurança alimentar de milhões de pessoas vulneráveis.
Os números da pobreza
640 milhões de crianças carecem de uma casa adequada;
500 milhões de crianças acesso ao saneamento básico;
400 milhões de crianças não consumem água potável;
300 milhões de crianças carecem de acesso à informação (televisão, rádio e jornais);
270 milhões de crianças não têm acesso a serviços de saúde;
140 milhões de crianças, a maioria meninas, nunca foram à escola;
90 milhões de crianças sofrem grande privações de alimentos.
«Há demasiados governos que tomam decisões deliberadas e com conhecimento de causa que, na realidade, prejudicam as crianças», afirmou na ocasião a directora executiva da Unicef, Carol Bellamy. «A pobreza não surge do nada; a guerra não aparece por uma razão determinada; a sida não se propaga por si só. Tudo isto são decisões nossas», acrescentou.
Mais de metade das crianças dos países em desenvolvimento está gravemente privada de um ou mais bens e serviços essenciais à infância. «A qualidade de vida de um menino ou de uma menina depende das decisões que se tomem todos os dias nas casas, nas comunidades e nos gabinetes dos governos. Temos que tomar decisões inteligentes e tendo sempre presente a criança como interesse superior. Se não conseguirmos proteger a infância não conseguiremos alcançar objectivos mais amplos e gerais a favor dos direitos humanos e do desenvolvimento económico», defendeu Carol Bellamy.
Fome aumenta
Mais de cinco milhões de crianças morrem de subnutrição e fome anualmente, revelou entretanto o relatório da FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas), o que significa um custo para os países em desenvolvimento de milhares de milhões de dólares por perda de produtividade.
Todos os anos, mais de 20 milhões de lactantes nascem com insuficiência de peso no mundo, correndo mais perigo de morrer na infância e os que sobrevivem padecem de deficiências físicas e mentais durante toda a vida.
No documento, a organização lamenta o pouco que se faz para combater a fome, apesar de que os recursos necessários para a evitar com eficácia são minúsculos em comparação com os benefícios de investir nesta causa. A FAO afirma que, se não fossem os custos directos dos danos produzidos pela fome, haveria mais recursos para lutar contra outros problemas sociais.
«Uma primeira estimativa sugere que estes custos directos somam um total de 30 mil milhões de dólares por ano, mais do quíntuplo do valor do financiamento do Fundo Mundial de Luta Contra a Sida, a Tuberculose e a Malária», lê-se no documento. Os actuais níveis de subnutrição infantil traduzir-se-ão em perdas de produtividade e de receitas durante a vida destas pessoas, calculadas entre 500 mil milhões e um bilhão de dólares. A organização adianta ainda que cada dólar investido na luta contra a fome pode multiplicar-se por cinco e até mais 20 vezes em outros ganhos.
O número de pessoas que passam fome no mundo aumentou para 852 milhões entre 2000 e 2002, o que significa uma subida de 18 milhões de pessoas desde meados da década de 90. Segundo dados da organização, no total, passam fome 815 pessoas nos países em desenvolvimentos, 28 milhões nos países em transição e 9 milhões nos países industrializados.
A FAO sublinha que, nos países em desenvolvimento, a luta contra a fome crónica não está a cumprir os objectivos da Cimeira Mundial sobre a Alimentação, mas acrescenta que «mais de 30 países, que compreendem quase metade da população do mundo em desenvolvimento, não só deram provas de que um rápido progresso é possível, mas também mostraram como é possível alcançá-lo». Na década de 90, estes países – onde se inclui Angola, Brasil, Chile, China, Moçambique, Peru, Síria, Uruguai e Vietname – reduziram em pelo menos 25 por cento o número de pessoas com fome.
Conselhos para acabar com a fome
«Temos amplas provas de que é possível conseguir rápidos avanços mediante a aplicação de uma estratégia de dupla via, que ataque ao mesmo tempo as causas e as consequências da fome e da pobreza extrema. A primeira inclui as intervenções destinadas a melhorar a disponibilidade de alimentos e as receitas da população pobre, fortalecendo as suas actividades produtivas. A segunda via engloba os programas selectivos destinados a facilitar um acesso directo e imediato aos alimentos para as famílias mais necessitadas», adverte o relatório da FAO.
A organização recomenda que os países adoptem programas a grande escala para promover principalmente a agricultura e o desenvolvimento rural, de que dependem os meios de subsistência da maioria das pessoas pobres e que passam fome. Aconselha ainda a dar prioridade às medidas que tenham um impacto imediato na segurança alimentar de milhões de pessoas vulneráveis.
Os números da pobreza
640 milhões de crianças carecem de uma casa adequada;
500 milhões de crianças acesso ao saneamento básico;
400 milhões de crianças não consumem água potável;
300 milhões de crianças carecem de acesso à informação (televisão, rádio e jornais);
270 milhões de crianças não têm acesso a serviços de saúde;
140 milhões de crianças, a maioria meninas, nunca foram à escola;
90 milhões de crianças sofrem grande privações de alimentos.