Alunos do superior estiverem em greve ontem

Estudantes abrem ano lectivo com protestos

Os estudantes do ensino superior fizeram ontem uma greve às aulas em protesto contra o aumento das propinas e a Lei de Autonomia. Em Coimbra, a abertura solene do ano lectivo foi marcada pelos protestos dos alunos.

«Estamos a denunciar a frieza mercantil do Governo dos ricos»

Cerca de 20 representantes do Conselho das Repúblicas estudantis interrompeu a sessão solene da abertura do ano lectivo da Universidade de Coimbra em protesto contra o estado do ensino superior em Portugal, na quarta-feira da semana passada.
Pegando no microfone, o primeiro estudante cumprimentou o reitor, Seabra Santos, na sua qualidade de «presidente do conselho de administração da Universidade de Coimbra» e criticou-o pela fixação pelo senado do valor máximo das propinas.
«Ao desobedecer estamos, como nos ensinaram, a fazer perdurar o espírito contestatário dos académicos de Coimbra, a denunciar a frieza mercantil do Governo dos ricos, a reivindicar direitos e a resistir pela permanência do que ainda nos resta», afirmou Renato Teixeira, lendo o «Manifesto do Conselho das Repúblicas», aprovado uma semana antes.
«Foi-nos imposta a mais violenta das exclusões de Abril, o aumento brutal das propinas, arquitectado por este Governo a que ninguém reconhece legitimidade". A fixação do valor das propinas foi feita pelos professores e funcionários da Universidade, dando sequência a um «verdadeiro acto de terrorismo do Governo contra a sabedoria colectiva».
O reitor interrompeu a cerimónia, considerando que não havia condições para realizar a «Oração da Sapiência» e convidou todos os docentes a abandonar a sala.

«Gratuitidade é desenvolvimento»

Uns minutos antes, Miguel Duarte, presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), depois de terminar a sua intervenção na sessão, anunciou que iria sair da sala. «Resta-me abandonar esta abertura solene. O momento não é de solenidade, mas sim de crise», afirmou, cumprindo uma decisão aprovada na véspera pela Assembleia Magna.
O objectivo é levar a universidade a «reflectir sobre si mesma, sobre o seu rumo». Em declarações à Lusa, Miguel Duarte afirmou que as posturas de certos responsáveis e docentes da instituição, especialmente nos últimos meses, tornam urgente que a universidade «se repense no seu seio», considerando que, durante o processo de luta no seio do Senado para impedir a fixação da propina máxima, certos docentes «defenderam que os estudantes deveriam sair dos órgãos» de gestão e adoptaram «medidas anti-democráticas».
A universidade terá de reflectir «se continua a acatar a lógica imposta pelo mercado ou se quer ser mais ambiciosa e no futuro a marcar posição a formar cidadãos, e não ser uma mera fábrica de licenciaturas», acrescentou.
Durante a cerimónia, foram colocadas várias faixas de protesto na escadaria da Via Latina, defendendo que «Gratuitidade é desenvolvimento» e «Autonomia é democracia». Noutras faixas lia-se «Nem propinas, nem prescrições. Revogação já!» e «Prescrito? Só este Governo maldito».
A Assembleia Magna aprovou um novo ciclo de contestação na defesa de uma política educativa alternativa, que culminará na manifestação nacional que se realiza em Lisboa a 4 de Novembro. Na segunda-feira teve lugar o «Dia da Informação Geral», com a distribuição de panfletos sobre o ensino superior nas ruas e nos autocarros. Anteontem foi colocada uma «portagem virtual» na Rua Padre António Vieira, que liga a sede da AAC à zona universitária, simbolizando as propinas e os custos do ensino superior, que «deixam de fora 40 por cento dos jovens».


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