Pátria alemã prisioneira do nazismo até ao fim
Em princípios do Verão de 1944 a conjuntura militar apontava com toda a clareza para uma catastrófica derrota da Alemanha nazi e, consequentemente, para um desastre sem paralelo em toda a História do povo germânico. Entretanto, havia, ainda, quem mantivesse esperanças num possível levantamento da Pátria de Goethe contra as extraordinárias circunstâncias do momento. Mas eram vãs essas esperanças. Alicerçadas na lógica política que os acontecimentos pareciam favorecer, não correspondiam à situação real de um povo que ainda caminhava na mais obscura das estradas.
Por um lado, após as históricas derrotas sofridas em Moscovo, Estalinegrado e Kursk (milhões de vidas humanas destruídas) a máquina de guerra nazi já não possuía o poderio que demonstrara nos primeiros dois anos da guerra e o Exército Vermelho, assim, preparava-se para entrar em território alemão e chegar a Berlim. Por outro, os anglo-americanos tinham desembarcado na Normandia. Paris estava a dias da sus histórica libertação. Vendo que um terrível desastre se aproximava, oficiais da Wehrmacht, oriundos em boa parte da velha nobreza prussiana, prepararam a tomada do poder. Mas tornava-se essencial que a diabólica figura de Adolf Hitler fosse exterminada. Então, seria possível pactuar com os anglo-americanos. Para tal, os novos governantes em Berlim suspenderiam os ataques com as novas armas voadoras V1 contra Londres e outras cidades britânicas. Isto, como é sabido, na esperança de que todos se voltassem, depois, contra o inimigo comum, a URSS.
Um dia no inferno
Assumida a eliminação do «Fuhrer», a 20 de Julho, Ludwig Beck ocuparia a chefia do Estado. Karl Friedrich Goerdeler seria chanceler. O conde Klaus von Stauffenberg (coronel da Wehrmacht que lutara no «Afrika Korps»), estava encarregado de colocar uma bomba junto ao lugar que Hitler ocuparia à mesa de uma conferência especial no Quartel General conhecido como «Covil do Lobo» (Wolfsschanze), em Rastenburg, Prússia oriental. Nessa conferência seria discutida a grave situação militar em que a Alemanha mergulhara. Presentes: Hitler, Heusinger, Korton, Brandt, Bodenschatz, Walzenegger, Schmundt, Borgmann, Buhle, Pultkammer, Berger, Achmann, Scherff, Voss, Gunsche, Below, Fegelein, Buchholz, Buchs, Sonnleithner, Warlimont, Jodl, Keitel, Stauffenberg. A colocação da bomba não foi feita com a necessária precisão. Quando se verificou a explosão, muitos dos participantes sofreram ferimentos. Mas Hitler, ligeiramente atingido por estilhaços, conseguiu sobreviver, como se sabe. «Valquíria» não estava ainda derrotada. As horas seguintes, porém, seriam dramáticas e fatais.
Entretanto, na convicção de que o «Fuhrer» perecera, Stauffenberg e Haeften afastaram-se do local e correram para um avião que os levaria a Berlim onde o golpe seria concretizado com outros conspiradores no Bendlerblock (edifício sede das forças militares internas). Mas o general Friedrich Olbricht não conseguira avançar com a operação «Valquíria» imediatamente após o atentado contra Hitler. Devido a problemas de comunicações, só quatro horas mais tarde foi possível dar ordens efectivas a unidades militares comprometidas no movimento. O ataque às estações de rádio, todavia, não se concretizou e seria possível, mais tarde, ouvir-se a voz do próprio Hitler a confirmar o atentado e a demonstrar que sobrevivera.
O general Fromm, que também estivera perto da conspiração, decidiu que, sendo de prever um grande desastre, seria melhor jogar pelo seguro e, por isso, assumiu o papel de defensor de Hitler chamando tropas comandadas pelo major Remer, um dos mais firmes apoiantes do «Fuhrer». Aos conjurados foi dada ordem de prisão e Beck seria intimado por Fromm a suicidar-se, mas ele só conseguiria desligar-se do mundo à terceira tentativa. Oficiais do Estado-Maior de Fromm entraram na sala onde Stauffenberg e outros se encontravam. Vozes de homens enlouquecidos gritavam: «Estão todos doidos! Houve um atentado, sim, Mas o "Fuhrer" está vivo!» Nessa noite, conduzidos à cerca do edifício militar, Olbricht, Stauffenberg, Albrecht Mertz von Quirnheim e Werner von Haeften foram autorizados por Fromm a escrever algo que lhes parecesse adequado naquelas infernais circunstâncias. Depois, foram executados.
Mais tarde, os marechais Kluge e Rommel suicidar-se-iam. O marechal von Witzleben, o general von Stulpnagel, o próprio Fromm e o almirante Canaris seriam, também, executados. E chegaria, depois, a vez de milhares de menos destacados apoiantes do golpe. A repressão a cargo da Gestapo e de tropas SS levou muita gente à barra do tribunal instituído por Hitler para julgar os que se lhe opuseram.
O fim, segundo Winston Churchill
«Os exércitos invasores penetravam a Alemanha com imenso poder. A distância entre eles diminuía, diariamente. Nos primeiros dias de Abril, Eisenhower atravessara o Reno e lançava-se contra um inimigo que em certos lugares ainda resistia, furiosamente, mas já não tinha capacidade para vencer. Quanto à Polónia, nada podíamos fazer por ela. Os exércitos soviéticos, a 13 de Abril, também já estavam em Viena. Outros agrupamentos do Exército Vermelho achavam-se a 35 milhas de Berlim. O 9.º exército dos Estados Unidos avançara tão rapidamente que, a 12 de Abril, chegava à vista do Elba, perto de Magdeburgo. Quatro dias mais tarde, o ataque soviético a Berlim começava. A 25, a capital do Reich estava completamente cercada por Jukov.
«A 30 de Abril, Hitler almoçara, tranquilamente, nos subterrâneos da Chancelaria. Às três e meia da tarde ouviu-se um disparo. Membros do seu pessoal mais próximo entraram no quarto do “Fuhrer” e encontraram-no prostrado num sofá, o revolver caído a seu lado. Tinha-se suicidado com um tiro na garganta e Eva Braun, que desposara dias antes, estava também morta. Havia-se envenenado. Os dois corpos foram queimados na cerca da Chancelaria. Com o troar dos canhões soviéticos, tudo isto equivalia a uma cena talvez irreal. Era o fim do Terceiro Reich.»
Um dia no inferno
Assumida a eliminação do «Fuhrer», a 20 de Julho, Ludwig Beck ocuparia a chefia do Estado. Karl Friedrich Goerdeler seria chanceler. O conde Klaus von Stauffenberg (coronel da Wehrmacht que lutara no «Afrika Korps»), estava encarregado de colocar uma bomba junto ao lugar que Hitler ocuparia à mesa de uma conferência especial no Quartel General conhecido como «Covil do Lobo» (Wolfsschanze), em Rastenburg, Prússia oriental. Nessa conferência seria discutida a grave situação militar em que a Alemanha mergulhara. Presentes: Hitler, Heusinger, Korton, Brandt, Bodenschatz, Walzenegger, Schmundt, Borgmann, Buhle, Pultkammer, Berger, Achmann, Scherff, Voss, Gunsche, Below, Fegelein, Buchholz, Buchs, Sonnleithner, Warlimont, Jodl, Keitel, Stauffenberg. A colocação da bomba não foi feita com a necessária precisão. Quando se verificou a explosão, muitos dos participantes sofreram ferimentos. Mas Hitler, ligeiramente atingido por estilhaços, conseguiu sobreviver, como se sabe. «Valquíria» não estava ainda derrotada. As horas seguintes, porém, seriam dramáticas e fatais.
Entretanto, na convicção de que o «Fuhrer» perecera, Stauffenberg e Haeften afastaram-se do local e correram para um avião que os levaria a Berlim onde o golpe seria concretizado com outros conspiradores no Bendlerblock (edifício sede das forças militares internas). Mas o general Friedrich Olbricht não conseguira avançar com a operação «Valquíria» imediatamente após o atentado contra Hitler. Devido a problemas de comunicações, só quatro horas mais tarde foi possível dar ordens efectivas a unidades militares comprometidas no movimento. O ataque às estações de rádio, todavia, não se concretizou e seria possível, mais tarde, ouvir-se a voz do próprio Hitler a confirmar o atentado e a demonstrar que sobrevivera.
O general Fromm, que também estivera perto da conspiração, decidiu que, sendo de prever um grande desastre, seria melhor jogar pelo seguro e, por isso, assumiu o papel de defensor de Hitler chamando tropas comandadas pelo major Remer, um dos mais firmes apoiantes do «Fuhrer». Aos conjurados foi dada ordem de prisão e Beck seria intimado por Fromm a suicidar-se, mas ele só conseguiria desligar-se do mundo à terceira tentativa. Oficiais do Estado-Maior de Fromm entraram na sala onde Stauffenberg e outros se encontravam. Vozes de homens enlouquecidos gritavam: «Estão todos doidos! Houve um atentado, sim, Mas o "Fuhrer" está vivo!» Nessa noite, conduzidos à cerca do edifício militar, Olbricht, Stauffenberg, Albrecht Mertz von Quirnheim e Werner von Haeften foram autorizados por Fromm a escrever algo que lhes parecesse adequado naquelas infernais circunstâncias. Depois, foram executados.
Mais tarde, os marechais Kluge e Rommel suicidar-se-iam. O marechal von Witzleben, o general von Stulpnagel, o próprio Fromm e o almirante Canaris seriam, também, executados. E chegaria, depois, a vez de milhares de menos destacados apoiantes do golpe. A repressão a cargo da Gestapo e de tropas SS levou muita gente à barra do tribunal instituído por Hitler para julgar os que se lhe opuseram.
Comunicação da Rádio Moscovo
ao povo alemão
(25.08.1944)
«Aproxima-se a vitória das Nações Unidas. Parece justo pedir a todos os alemães que cessem esta luta inútil evitando o derramamento de mais sangue antes que a guerra entre no seu próprio país. Só existem duas soluções: ou vos revoltais contra o regime hitleriano ou continuareis a combater contra os aliados, o que significa a morte para vós.
«Juntai-vos aos trabalhadores estrangeiros para a realização de uma greve geral! Liquidai as forças SS através de uma insurreição súbita e audaciosa! Aplicai golpes enérgicos e decisivos para que cesse a caça ao homem em que a Gestapo se emprega, actualmente! Ponde fim à guerra evitando que o sangue continue a correr, em breve no vosso próprio solo!».
O fim, segundo Winston Churchill
«Os exércitos invasores penetravam a Alemanha com imenso poder. A distância entre eles diminuía, diariamente. Nos primeiros dias de Abril, Eisenhower atravessara o Reno e lançava-se contra um inimigo que em certos lugares ainda resistia, furiosamente, mas já não tinha capacidade para vencer. Quanto à Polónia, nada podíamos fazer por ela. Os exércitos soviéticos, a 13 de Abril, também já estavam em Viena. Outros agrupamentos do Exército Vermelho achavam-se a 35 milhas de Berlim. O 9.º exército dos Estados Unidos avançara tão rapidamente que, a 12 de Abril, chegava à vista do Elba, perto de Magdeburgo. Quatro dias mais tarde, o ataque soviético a Berlim começava. A 25, a capital do Reich estava completamente cercada por Jukov.
«A 30 de Abril, Hitler almoçara, tranquilamente, nos subterrâneos da Chancelaria. Às três e meia da tarde ouviu-se um disparo. Membros do seu pessoal mais próximo entraram no quarto do “Fuhrer” e encontraram-no prostrado num sofá, o revolver caído a seu lado. Tinha-se suicidado com um tiro na garganta e Eva Braun, que desposara dias antes, estava também morta. Havia-se envenenado. Os dois corpos foram queimados na cerca da Chancelaria. Com o troar dos canhões soviéticos, tudo isto equivalia a uma cena talvez irreal. Era o fim do Terceiro Reich.»