Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes

Contra o imperialismo e a guerra

Com o lema «Pela paz e a solidariedade, lutamos contra o imperialismo e a guerra», o 16.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (FMJE) foi marcado para 5 a 13 de Agosto de 2005, em Caracas, na Venezuela. Margarida Botelho, dirigente da JCP, fala sobre a preparação da iniciativa e antecipa alguns conteúdos.
O 16.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes realiza-se no Verão de 2005, mas está já a ser organizado. A primeira reunião preparatória normalmente marca a data e o local do festival, decide o lema, o logotipo e o apelo e programa o trabalho até ao festival. Neste caso foi mais longe. Em Brasília, no início do mês, avançou-se mais do que o habitual. «Como o Comité Preparatório Venezuelano está muito preparado e a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD) já visitou Caracas, foram apresentados os locais de reunião e os alojamentos, em residências estudantis», afirma Margarida Botelho, a dirigente da JCP que participou na reunião.
«A organização pretende ainda que alguns elementos de cada país vão com alguma antecedência para a Venezuela para que os voluntários locais aprendem melhor a língua e conheçam os hábitos culturais dos delegados», acrescenta.
As próximas reuniões preparatórias decidem os eixos de discussão, os seminários, as questões colocadas no «Tribunal Anti-Imperialista» e as taxas de participação em cada região do globo. A terceira reunião será feita em Portugal por «questões de mobilização, porque todos os voos passam pela Europa».

Quem vai?

Qualquer jovem pode participar no Festival desde que apoie o apelo e se organize nos comités nacionais. O pagamento inclui a viagem e a taxa de participação, cobrindo todas as despesas. Não existe um limite de participantes, dado que a Venezuela tem capacidade para receber entre 10 e 15 mil pessoas. O Brasil, por exemplo, pretende levar a maior delegação de sempre.
Margarida Botelho prevê que neste festival participem mais portugueses, «não só por contar com o Conselho Nacional de Juventude, mas por a Venezuela ser um país muito apelativo hoje em dia».
A Federação Mundial da Juventude Democrática é um dos parceiros fundamentais na organização do festival, mas existem várias organizações que tradicionalmente participam, como a Associação Internacional de Estudantes, a Associações de Estudantes Asiáticos, a Organização Pan-Africana de Juventude, conselhos nacionais e regionais de juventude.
Cada país organiza comités nacionais preparatórios. A JCP – a única organização portuguesa que participou na primeira reunião preparatória – está a pensar iniciar a construção do comité português com base no último, que contou com mais de 40 organizações. «Queríamos que o comité fosse o mais alargado possível. O Conselho Nacional de Juventude incluiu no programa de 2005 o FMJE, o que tem um valor especial porque o CNJ não participou no festival de 2001. Isso abre perspectivas de participação de outras organizações. Queremos que neste festival todos os jovens que se revejam no apelo, o maior número possível», afirma a dirigente.

Em festa

Os festivais incluem seminários subordinados a questões específicas, reuniões temáticas, iniciativas de solidariedade, o Tribunal Anti-Imperialista e clubes regionais, de cariz cultural e de convívio, apresentando filmes, grupos de dança e bandas de música dos vários países. Várias iniciativas decorrem ao mesmo tempo. O festival espalha-se por Caracas e os organizadores estão ainda a pensar como alargar para fora da cidade. O comité venezuelano pretende que haja uma grande interacção com a realidade local para os delegados conhecerem de facto o que se passa no país.
Margarida Botelho sublinha o convívio intenso. «Milhares de jovens de todo o mundo estão lado a lado. O festival de 1997, em Cuba, teve uma componente diferente, porque cada delegado ficou alojado em casa de uma família.»
No final do festival é aprovada uma declaração final que fala do «mundo que queremos», colocando a posição dos participantes sobre uma série de questões internacionais. «Chegar a consensos demoram bastante tempo, nem sempre é fácil, mas a existência de posições diferentes nunca foi impeditivo de tomar decisões», refere Margarida Botelho.


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