A ponte da impunidade

O juiz responsável pela instrução do processo da queda da ponte de Entre-os-Rios decidiu, na passada quinta-feira, que o colapso da estrutura se ficou a dever exclusivamente a «causas naturais».
Como resultado da deliberação do magistrado Nuno Melo, os 29 arguidos constituídos no decurso da investigação - 22 areeiros, o então presidente do Instituto de Navegabilidade do Douro, quatro funcionários da extinta Junta Autónoma das Estradas (JAE) e dois técnicos de uma empresa de prestação de serviços à JAE – não serão presentes a tribunal, contrariando as pretensões do Ministério Público (MP) e dos familiares das vítimas.
A Associação dos Familiares das Vítimas manifestou-se revoltada com o arquivamento do processo e a consequente falta de apuramento das responsabilidades quanto ao sucedido e anunciou, à saída do tribunal, a intenção de recorrer para instâncias superiores.
Como forma de protesto realizou-se, quinta-feira à noite, em frente ao Tribunal de Castelo de Paiva, uma vigília em memória das 59 vítimas da queda da ponte Hintze Ribeiro. A concentração teve como objectivo «iluminar a justiça portuguesa, que está a trabalhar numa escuridão total e profunda», declarou o presidente da Associação, Horácio Moreira.
Entretanto, o Procurador-Geral da República anunciou que o MP também vai recorrer da decisão do juiz Nuno Melo.
Souto Moura recordou ainda que «houve um apelo em face da desgraça, da catástrofe que aconteceu em Entre-os-Rios, que sensibilizou especialmente uma mobilização de meios» e, como tal, continuou, «vamos interpor recurso e ver o que o Tribunal da Relação vai dizer».


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