Projecto censura (conclusão)
No número anterior fizemos referência a um conjunto de notícias deliberadamente censuradas para que não chegassem ao público e este não contasse com a informação necessária para tomar decisões sobre assuntos fundamentais da sua vida e da de outros povos.
Esta situação agudizou-se a partir de 2 de Junho do ano passado, quando a Administração Federal de Comunicações (FCC, iniciais em inglês) decidiu, pela mão de Michael Powell – filho de Collin Powell –, que uma só empresa podia controlar os jornais e as estacões de rádio e de televisão de uma mesma cidade. Esta decisão veio legalizar uma situação que, de facto, já existia, e atirou abaixo um conjunto de medidas que, desde 1940, tinham sido concebidas precisamente para evitar essa concentração de poder perigosamente antidemocrática. Uma assinatura, e o que ela significa em termos de eliminação das regras anteriores, permitiu a concentração do poder em seis grandes grupos mediáticos.
Vejamos alguns dos poderes que vão controlar o fluxo de (des)informação, além da General Electric e Clear Channels Communications, de que já falámos.
AOL Time Warner: dona da CNN, HBO, Times, People, Fortune, Warner Bros e
muito mais.
Hearst Corporation: quando dirigiu «O Cidadão Kane», Orson Wells, andava muito longe adivinhar até onde chegaria o poder da família Hearst, que hoje tem sob o seu controlo o San Francisco Chronicle, além de outros 12 jornais e 17 revistas de costa a costa dos EUA. O mesmo se passa com A&E, LifeTime e vários canais por cabo.
Viacom: proprietária, entre outras holdings, da CBS, UPN, MTV, Infinito, Paramount.
News Corporation: do Grupo Murdoch, controla o grupo Fox e 22 estacões de televisão. Controla também a Harper Collins e William Morrow (casas editoriais), assim como vários jornais, entre eles, The New York Post, Weekly Standard e muitos outros na Austrália e no Reino Unido. Domina igualmente um conjunto de equipas desportivas, entre elas Los Angeles Dodgers, Angeles King, New York Knicks e Rangers.
Walt Disney Corporation: pertencem-lhe a ABC e mais 10 estacões de televisão e 53 de rádio, que nos entram frequentemente pela casa: SPN, History Channel, Walt Disney Productions, Miramax Films e Miramax Livros e um longo etcétera.
Antes que se desse esta nova desregulação – e cada nova concentração atira milhares de trabalhadores para o desemprego –, este sexteto já controlava, directa ou indirectamente, 80% das estacões rádio e televisão.
Concentração de poder
na auto-estrada da informação
Do mesmo modo como temos uma metódica e inequívoca concentração da propriedade sobre os meios de comunicação tradicionais, sofremos um fenómeno semelhante na Internet.
As grandes corporações têm a porta aberta para controlar o acesso à rede, à TV por cabo, à telefonia e à comunicação via satélite e para impor a sua vontade. Podem decidir a velocidade dos sítios, bloquear conteúdos, negar serviços, subir/baixar os preços e, desta forma, pôr em perigo a vida de milhares de servidores ISP (Internet Service Providers) com menos músculo económico.
Em Slumming Shut Open Access, Arthur Stamoulis denuncia que os actuais sete mil servidores ISP ainda disponíveis estão a diminuir rapidamente, na medida em que são adquiridos por grandes monopólios, que beneficiam com as recentes decisões políticas contra as limitações legais de interesse público que impediam tais concentrações.
A actual política de acesso livre permite ao público escolher o seu servidor ISP mesmo entre os de longa distância. Entretanto, as companhias telefónicas querem utilizar o seu monopólio sobre as linhas para controlar totalmente o acesso à Internet, o que ainda não podem fazer porque há leis que o não permitem. Contudo, à medida que vamos passando da ligação dial-up à de banda larga, a FCC está a avançar com uma série de decisões que ameaçam a liberdade também na rede.
Em 2002, a FCC definiu como «serviço de informação» e não como «serviço de
telecomunicação», a ligação de alta velocidade via cabo à Internet, maioritariamente controlada pela AOL-Time Warner, AT&T e outras corporações.
Esta definição liberta-as da necessidade de respeitar as limitações das regras das telecomunicações de banda larga, e dá às companhias de cabo, proprietárias desse tipo de linhas, a possibilidade de negar aos pequenos servidores ISP o acesso às suas, deixando-os assim fora do mercado, já que na maioria das cidades o serviço via cabo é um monopólio, e se alguém quer Internet por essa via tem de cair nas fauces da companhia-tubarão.
É a conspiração contra a liberdade na Internet e a tentativa, não só de controlar o negócio, mas também de domesticar a informação, na rota de impor o pensamento único, tão do gosto de neoliberalismo actual.
Passaríamos a ter, na Internet, por agora relativamente livre, a mesma unicidade e pobreza de conteúdos que observamos na televisão via cabo.
Muitos canais e a mesma mediocridade confrangedora… com uma ou outra excepção.
Esta situação agudizou-se a partir de 2 de Junho do ano passado, quando a Administração Federal de Comunicações (FCC, iniciais em inglês) decidiu, pela mão de Michael Powell – filho de Collin Powell –, que uma só empresa podia controlar os jornais e as estacões de rádio e de televisão de uma mesma cidade. Esta decisão veio legalizar uma situação que, de facto, já existia, e atirou abaixo um conjunto de medidas que, desde 1940, tinham sido concebidas precisamente para evitar essa concentração de poder perigosamente antidemocrática. Uma assinatura, e o que ela significa em termos de eliminação das regras anteriores, permitiu a concentração do poder em seis grandes grupos mediáticos.
Vejamos alguns dos poderes que vão controlar o fluxo de (des)informação, além da General Electric e Clear Channels Communications, de que já falámos.
AOL Time Warner: dona da CNN, HBO, Times, People, Fortune, Warner Bros e
muito mais.
Hearst Corporation: quando dirigiu «O Cidadão Kane», Orson Wells, andava muito longe adivinhar até onde chegaria o poder da família Hearst, que hoje tem sob o seu controlo o San Francisco Chronicle, além de outros 12 jornais e 17 revistas de costa a costa dos EUA. O mesmo se passa com A&E, LifeTime e vários canais por cabo.
Viacom: proprietária, entre outras holdings, da CBS, UPN, MTV, Infinito, Paramount.
News Corporation: do Grupo Murdoch, controla o grupo Fox e 22 estacões de televisão. Controla também a Harper Collins e William Morrow (casas editoriais), assim como vários jornais, entre eles, The New York Post, Weekly Standard e muitos outros na Austrália e no Reino Unido. Domina igualmente um conjunto de equipas desportivas, entre elas Los Angeles Dodgers, Angeles King, New York Knicks e Rangers.
Walt Disney Corporation: pertencem-lhe a ABC e mais 10 estacões de televisão e 53 de rádio, que nos entram frequentemente pela casa: SPN, History Channel, Walt Disney Productions, Miramax Films e Miramax Livros e um longo etcétera.
Antes que se desse esta nova desregulação – e cada nova concentração atira milhares de trabalhadores para o desemprego –, este sexteto já controlava, directa ou indirectamente, 80% das estacões rádio e televisão.
Concentração de poder
na auto-estrada da informação
Do mesmo modo como temos uma metódica e inequívoca concentração da propriedade sobre os meios de comunicação tradicionais, sofremos um fenómeno semelhante na Internet.
As grandes corporações têm a porta aberta para controlar o acesso à rede, à TV por cabo, à telefonia e à comunicação via satélite e para impor a sua vontade. Podem decidir a velocidade dos sítios, bloquear conteúdos, negar serviços, subir/baixar os preços e, desta forma, pôr em perigo a vida de milhares de servidores ISP (Internet Service Providers) com menos músculo económico.
Em Slumming Shut Open Access, Arthur Stamoulis denuncia que os actuais sete mil servidores ISP ainda disponíveis estão a diminuir rapidamente, na medida em que são adquiridos por grandes monopólios, que beneficiam com as recentes decisões políticas contra as limitações legais de interesse público que impediam tais concentrações.
A actual política de acesso livre permite ao público escolher o seu servidor ISP mesmo entre os de longa distância. Entretanto, as companhias telefónicas querem utilizar o seu monopólio sobre as linhas para controlar totalmente o acesso à Internet, o que ainda não podem fazer porque há leis que o não permitem. Contudo, à medida que vamos passando da ligação dial-up à de banda larga, a FCC está a avançar com uma série de decisões que ameaçam a liberdade também na rede.
Em 2002, a FCC definiu como «serviço de informação» e não como «serviço de
telecomunicação», a ligação de alta velocidade via cabo à Internet, maioritariamente controlada pela AOL-Time Warner, AT&T e outras corporações.
Esta definição liberta-as da necessidade de respeitar as limitações das regras das telecomunicações de banda larga, e dá às companhias de cabo, proprietárias desse tipo de linhas, a possibilidade de negar aos pequenos servidores ISP o acesso às suas, deixando-os assim fora do mercado, já que na maioria das cidades o serviço via cabo é um monopólio, e se alguém quer Internet por essa via tem de cair nas fauces da companhia-tubarão.
É a conspiração contra a liberdade na Internet e a tentativa, não só de controlar o negócio, mas também de domesticar a informação, na rota de impor o pensamento único, tão do gosto de neoliberalismo actual.
Passaríamos a ter, na Internet, por agora relativamente livre, a mesma unicidade e pobreza de conteúdos que observamos na televisão via cabo.
Muitos canais e a mesma mediocridade confrangedora… com uma ou outra excepção.