Ah, suas Malvinas!
Quando passa muito tempo - e o tempo, quando passa, é sempre relativo, como dizia o outro -, as coisas já não são o que eram quando foram. Perdoem-me a tirada, digna mais de La Palisse do que de um modesto escriba. Mas foi assim que me veio à ideia escrever sobre tardias revelações acerca do envio de armas nucleares para o então teatro de guerra que foram as Malvinas - em inglês Falklands -, uma ilhas geladas e desérticas então disputadas pela Argentina e pela Grã-Bretanha, no consulado da senhora Thatcher.
Passados que foram vinte anos, há quem já tenha esquecido esse conflito no fim do mundo. E há quem o relembre pelo seu carácter exemplar, de como os estados se aprontam a degladiar-se mesmo quando o que está em jogo são uns penedos esquecidos onde pastam ovelhas, e a levar o jogo tão extremadamente longe que pode fazer perigar não apenas as centenas de vidas que aí se perdem mas os milhões que somos todos.
Relembremos que as Malvinas, ilhas chegadas à Argentina, no extremo sul da América, eram de há muito território reivindicado por aquele país, mas que há muito também se encontravam sob soberania britânica - e bem se sabe como o poder britânico, saudoso dos tempos do império, lhe custa alienar nem que sejam uns penedos, depois de perderem a Índia, a África, a América e, em geral, uma quantidade de colónias.
Por seu lado, o Estado argentino, governado então por uma Junta militar de carácter fascista, chamou um figo a esta possibilidade de distrair o povo da opressão em que vivia, berrando que ia reconquistar as Malvinas. Batalhas sangrentas se desenrolaram então e as tropas de Sua Majestade ganharam. Asseguravam os militares argentinos que os britânicos haviam ameaçado com armas nucleares se o conflito lhes fosse desfavorável. Retorquiam os britânicos que não, senhores, nada disso, tudo mentira. Agora, ao fim de vinte anos, quando as coisas já não são o que foram, as autoridades do Reino Unido, chefiado hoje por um róseo Tony, admitem que os navios despachados para reconquistar as Malvinas às forças argentinas, iam apetrechados com armas nucleares e estas foram transferidas «por razões de segurança», de navio para navio.
Ao fim de vinte anos mostram-nos que havia, afinal razões para temer o pior. Talvez daqui a vinte anos se venha a confirmar que o Iraque não dispunha de armas de destruição maciça. Mas a Grã-Bretanha continua a possuí-las. E os Estados Unidos também.
Passados que foram vinte anos, há quem já tenha esquecido esse conflito no fim do mundo. E há quem o relembre pelo seu carácter exemplar, de como os estados se aprontam a degladiar-se mesmo quando o que está em jogo são uns penedos esquecidos onde pastam ovelhas, e a levar o jogo tão extremadamente longe que pode fazer perigar não apenas as centenas de vidas que aí se perdem mas os milhões que somos todos.
Relembremos que as Malvinas, ilhas chegadas à Argentina, no extremo sul da América, eram de há muito território reivindicado por aquele país, mas que há muito também se encontravam sob soberania britânica - e bem se sabe como o poder britânico, saudoso dos tempos do império, lhe custa alienar nem que sejam uns penedos, depois de perderem a Índia, a África, a América e, em geral, uma quantidade de colónias.
Por seu lado, o Estado argentino, governado então por uma Junta militar de carácter fascista, chamou um figo a esta possibilidade de distrair o povo da opressão em que vivia, berrando que ia reconquistar as Malvinas. Batalhas sangrentas se desenrolaram então e as tropas de Sua Majestade ganharam. Asseguravam os militares argentinos que os britânicos haviam ameaçado com armas nucleares se o conflito lhes fosse desfavorável. Retorquiam os britânicos que não, senhores, nada disso, tudo mentira. Agora, ao fim de vinte anos, quando as coisas já não são o que foram, as autoridades do Reino Unido, chefiado hoje por um róseo Tony, admitem que os navios despachados para reconquistar as Malvinas às forças argentinas, iam apetrechados com armas nucleares e estas foram transferidas «por razões de segurança», de navio para navio.
Ao fim de vinte anos mostram-nos que havia, afinal razões para temer o pior. Talvez daqui a vinte anos se venha a confirmar que o Iraque não dispunha de armas de destruição maciça. Mas a Grã-Bretanha continua a possuí-las. E os Estados Unidos também.