José Ricardo, presidente da AAUAv

«Não vamos discutir remendos»

José Ricardo, presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), diz que só falará com a ministra Maria da Graça Carvalho quando sentir «abertura para dialogar sobre as verdadeiras questões políticas do ensino superior. Defendemos um efectivo compromisso para o desenvolvimento do País. Se queremos avançar para questões como a competitividade, então que se faça um investimento efectivo.»
«Enquanto persistir o problema da propina e da desresponsabilização do Estado em relação ao financiamento do ensino superior, o contacto com a senhora ministra é infrutífero. Não vamos estar a discutir remendos, quando o mal já está feito e não se pensa corrigi-lo», sustentou José Ricardo em declarações ao Avante!, mostrando-se preocupado com o facto da «política para o ensino superior ser de cortes e cosmética financeira».
O dirigente estudantil desmente a ideia do Governo de que o investimento para o ensino superior aumentou e adianta que os orçamentos das universidades e dos politécnicos foram reduzidos entre 4 e 7 por cento. «É ridículo falar em investimento quando são estes os números.»
José Ricardo considera «insuficientes» os reforços para a acção social escolar apresentados pela ministra, pois «não vão chegar para cobrir todo espectro de alunos bolseiros, uma vez que o aumento da propina é bastante significativo, nem consideram uma série de estudantes que vão precisar de bolsa de estudo devido a este aumento».
No dia 17, a AAUAv abandonou uma reunião com Maria da Graça Carvalho, juntamente com a Associação Académica de Lisboa e a Associação de Estudantes da Universidade da Beira Interior. «Estávamos mandatados para discutir a revogação da lei de financiamento antes de passar à discussão dos novos pacotes legislativos que estão a ser ultimados. A senhora ministra não mostrou qualquer tipo de abertura a essa discussão, uma vez que, do seu ponto de vista, a partir do momento em que a lei é aprovada e promulgada, essa discussão deixa de fazer sentido. Em respeito pelos meus colegas, achei que a atitude mais correcta seria abandonar a reunião», explica José Ricardo.

«Não nos cansaremos»

A AAUAv conta levar algumas centenas de estudantes a Lisboa para participar na manifestação nacional, o que será «positivo» pois «há muitos anos que esta academia não se envolvia na luta. Temos de trabalhar para termos a maior manifestação dos últimos dez anos.»
Segundo José Ricardo, a manifestação é uma forma de «sensibilização, de passar a nossa mensagem e mostrar o nosso descontentamento e as nossas preocupações». Outras formas de protesto poderão surgir entretanto. «Não nos cansaremos até a lei ser revogada e o Governo fazer uma efectiva aposta na educação, e não um mero exercício demagógico de promessa política, como temos visto até agora», garante.
O dirigente destaca ainda a participação na greve de dia 21 e considera que os estudantes «estão muito mais alertados e informados». «Foi um dia intenso de luta. Uma onda de contestação varreu o País. Não estamos a falar de trocos, estamos a falar de políticas. O investimento no ensino superior tem falhado ao longo de sucessivos governos, que não fizeram a aposta correcta para o País.»


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