Depois da guerra, a polémica

Bush e Blair investigados

As mentiras de Bush e Blair para justificar o ataque ao Iraque estão a ser investigadas e continuam a gerar controvérsia nos EUA e na Grã-Bretanha.

A informação foi manipulada para exagerar a ameaça

A falta de provas sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque e a alegada utilização de provas falsas pela administração norte-americana e britânica para justificar a guerra contra o Iraque estão a gerar polémica nos dois lados do Atlântico.
No passado domingo, os programas televisivos dos EUA foram dedicados quase exclusivamente a esta questão. Na rede NBC, o senador democrata Carl Levin defendeu a necessidade de o Congresso levar a cabo uma nova investigação aos documentos em que Bush se baseou para apresentar o regime de Saddam Hussein como um perigo para a humanidade. «Dei instruções aos meus colaboradores para que investiguem a fundo tudo o que for relacionado com este assunto», afirmou Levin, suspeitando que os relatórios dos serviços de espionagem tenham sido manipulados.
Entretanto, John Lehman, antigo secretário da Marinha na administração Reagan e um dos cinco republicanos que integram a comissão de dez membros que investiga os atentados de 11 de Setembro, adiantou à revista Time a intenção de ouvir George W. Bush e Bill Clinton.
Na edição que estará nas bancas na próxima semana afirma-se que o objectivo da audição é apurar o que sabiam as administrações Clinton e Bush sobre os planos terroristas da Al’Qaeda e o que fizeram para os evitar.
Se neste caso são os próprios republicanos a apoiar o interrogatório de Clinton e Bush, já no caso do Congresso parece haver poucas possibilidades de se abrir uma nova investigação. A maioria republicana rejeitarou no passado dia 26 de Junho uma emenda da democrata Sheila Jackson nesse sentido, alegando que já está a decorrer uma investigação na Comissão de Inteligência, pelo que só resta esperar pelas suas conclusões.
Para ajudar à polémica, o jornal The New York Times, publicou no fim-de-semana um artigo do ex-embaixador dos EUA no Gabão, Joseph Wilson, segundo o qual parte da informação sobre o programa nuclear do Iraque foi manipulada para exagerar a ameaça. «Ou a administração tem informação que não compartilhou com o público ou fez um uso selectivo dos factos e da espionagem para apoiar uma decisão que já havia sido tomada, a de ir para a guerra», afirma o diplomata.

Críticas a Blair

Em Londres, por seu turno, o primeiro-ministro não conseguiu escapar às duras críticas da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros que considerou, num relatório apresentado esta semana no Parlamento, que Tony Blair deu excessiva relevância a informações sobre a ameaça iraquiana que não estavam devidamente confirmadas.
O relatório crítica Blair, designadamente, pela apresentação na Câmara baixa do Parlamento de um dossier cujas informações tinham sido, na sua maioria, plagiadas de um trabalho elaborado há anos por um estudante norte-americano.
«Ao elaborar este documento, o governo pôs em causa a credibilidade da sua argumentação a favor da guerra», sublinha o relatório. «Concluímos que o primeiro-ministro deu uma falsa imagem deste documento ao apresentá-lo à Câmara dos Comuns como “uma informação adicional”», refere o texto.
Já no que se refere ao governo, no seu todo, a comissão concluiu que, apesar de ter dado demasiada relevância ao citado documento, nenhum ministro «induziu o Parlamento em erro».
A comissão exige no entanto que o governo explique porque deu «tanta importância» à informação de que o Iraque apenas necessitava de 45 minutos para lançar as suas armas químicas e biológicas, quando tal informação era apenas «baseada numa única fonte de informação, não confirmada».


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