Governo subordinado a interesses militares

A estratégia da cedência

O PCP denunciou, em conferência de imprensa realizada na segunda-feira, que a política do Ministério da Defesa entra em confronto com os interesses nacionais.

Os negócios com a Lockheed prejudicam os interesses nacionais

«O Ministério da Defesa tem hoje como única estratégia claramente definida e assumida uma política de total subordinação ao poderoso complexo militar-industrial norte-americano», denunciou Rui Fernandes, do Secretariado do CC, na conferência de imprensa realizada na passada segunda-feira. Para o dirigente comunista – que surgiu ladeado por António Rodrigues e António Filipe –, tudo isto é feito «em confronto aberto com os interesses nacionais».
«No que respeita à Lei de Programação Militar, cuja maioria dos programas está parada, a sua execução continua a ser afunilada para os grandes negócios com os EUA, em especial com a Lockheed», acusou Rui Fernandes. Também os aviões de transporte militar serão cedidos pela mesma empresa, pois o Governo optou pelo C130-J em detrimento do A400M, que, através das OGMA continha grande participação nacional. Só mais tarde, lembrou o dirigente comunista, se descobriu que o avião norte-americano é mais caro do que o europeu.
Esta política tem como claro resultado o agravamento dos problemas das Forças Armadas, nomeadamente os financeiros, operacionais e de pessoal. O Grupo de Aviação Ligeira do Exército, afirma Rui Fernandes, «está a tornar-se num verdadeiro fantasma, dado que depois do investimento feito nomeadamente em pilotos, que não têm onde voar, o Ministro deixou cair os contratos de aquisição dos helicópteros previstos, sem que se conheçam alternativas».
Também a anunciada compra de fragatas usadas merece as críticas severas dos comunistas. Para o PCP, a compra destas fragatas poderá implicar maiores guarnições (num quadro em que a falta de pessoal é uma realidade) e avultados investimentos – dado o seu atraso tecnológico – sem qualquer sentido face ao seu prazo de duração.

Privilegiar as acções externas

Também a política de pessoal das Forças Armadas é alvo das críticas do PCP: bloqueamento de carreiras, distorções do sistema retributivo, atraso nos pagamentos de comparticipações e regime de férias mais punitivo do que na restante administração pública. Tudo isto, mais a aposta na profissionalização total – por falta de coragem em enfrentar a JSD, refere o dirigente comunista –, leva à carência de jovens nas fileiras. «Mas continua por resolver todo um conjunto de problemas ligados com os regimes de contrato e voluntariado», alerta o dirigente do PCP.
Os comunistas consideram ainda que para este Governo – que prossegue uma linha, «que se vinha acentuando mas que com este Governo foi eleita como a principal» – a utilidade das Forças Armadas está na sua participação externa. Por isso, acusa o PCP, apesar das dificuldades, a «nossa presença militar no exterior tem aumentado e Portugal é um dos países que, relativamente, mais participa em missões externas». Mas não em todas, afirmou Rui Fernandes, pois a cooperação com os PALOP tem sido «sujeita a cortes e a indecisões», o que tem permitido a crescente penetração da influência francófona e anglófona. Rui Fernandes questiona se o grande desígnio do Governo nesta matéria será a constituição de uma força militar vocacionada para intervir em África, como deseja o General Jones, comandante das forças dos EUA na região.


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