Textos intemporais

J. M. Costa Feijão

O con­teúdo é me­re­cedor duma atenta lei­tura quer pelas ob­ser­va­ções per­ti­nentes, quer pela de­nuncia cri­tica à pos­tura do go­verno por­tu­guês face ao mo­mento in­ter­na­ci­onal. Daí o termos res­pi­gado al­guns ex­certos do co­mu­ni­cado, su­ge­rindo-lhe um exer­cício, isto é, pro­pomos o pre­en­chi­mento dos es­paços nu­me­rados com a data, o nome do país ou países, da pessoa ou pes­soas que con­si­derar mais ade­quado. Se tiver di­fi­cul­dade, con­sulte as so­lu­ções no fim desta co­luna.

O de­sem­barque de forças ame­ri­canas e in­glesas no (2) , des­res­pei­tando as de­ci­sões da ONU, re­pre­senta uma in­ter­venção brutal na vida in­terna dos países árabes e cons­titui um aten­tado à so­be­rania e in­de­pen­dência dos povos.

Este acto de pi­ra­taria (...) visa (...) as­se­gurar a ma­nu­tenção dos mo­no­pó­lios ame­ri­canos e in­gleses sobre as ri­quezas pe­tro­lí­feras dos países do Pró­ximo e Médio Ori­ente.

Sé­rios pe­rigos ame­açam desde já a vida pa­cí­fica do povo por­tu­guês. A base das Lajes, nos Açores, en­tregue por (3) , aos norte-ame­ri­canos, está a ser uti­li­zada pelas forças dos Es­tados Unidos para o envio de tropas e armas que se des­tinam a es­magar a li­ber­dade e a in­de­pen­dência dos povos árabes.

A par­ti­ci­pação de (4) , nesta aven­tura guer­reira, os com­pro­missos as­su­midos pelo go­verno (...) e a en­trega de bases mi­li­tares por­tu­guesas aos im­pe­ri­a­listas co­locam Por­tugal (...) pe­rante o pe­rigo de re­pre­sá­lias (...) no caso do con­flito se ge­ne­ra­lizar.

A po­lí­tica de (5) , de apoio in­con­di­ci­onal a todos os actos de agressão dos cír­culos di­ri­gentes ame­ri­canos contra a in­de­pen­dência dos povos (...) é uma traição aos nossos in­te­resses na­ci­o­nais.

Todas as pes­soas de bom senso, todos os par­ti­dá­rios da Paz, todos os de­mo­cratas e pa­tri­otas por­tu­gueses têm o dever de juntar os seus pro­testos e a sua acção aos pro­testos e ac­ções dos ou­tros povos que con­denam os agres­sores norte-ame­ri­canos.

Se, con­sul­tadas as so­lu­ções, não con­se­guiu optar pelas res­postas al­ter­na­tivas, apenas lhe di­remos que o texto ori­ginal foi pu­bli­cado em 17 de Julho de 1958. Con­tudo, com­pre­en­demos as di­fi­cul­dades que ex­pe­ri­mentou, porque:

- os im­pe­ri­a­listas norte-ame­ri­canos e in­gleses não per­deram a ape­tência pelo do­mínio das pe­tro­lí­feras re­giões de­sér­ticas do Médio Ori­ente.

- os go­ver­nantes por­tu­gueses pros­se­guem, com de­ter­mi­nação, a po­lí­tica "de có­coras" pe­rante as or­dens dos seus ali­ados.

- o PCP per­ma­nece na van­guarda da de­nuncia da mo­bi­li­zação do pro­testo das massas em de­fesa da Paz.

Em sín­tese, entre 1958 e 2003, a ati­tude do im­pe­ri­a­lismo não se mo­di­ficou, as Lajes con­ti­nuam a ser o porta-aviões fixo em pleno Atlân­tico, unindo os go­ver­nantes de Washington e Lisboa, quais­quer que sejam os pro­ta­go­nistas dos fra­ter­nais abraços.

E o fu­turo ? Bem..., em ma­téria de fu­turo de uma coisa es­tamos ab­so­lu­ta­mente se­guros - o pe­tróleo vai acabar e, o ca­pi­ta­lismo não é o fim da His­tória.

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SOLUÇÕES:

(1) Julho de 1958 ou Março de 2003. (2) Lí­bano e na Jor­dânia ou Iraque. (3) Sa­lazar ou D. Bar­roso.

(4)-(5) Sa­lazar e Santos Costa ou D. Bar­roso e P. Portas.



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