Uma opção necessária e actual

Tempo de tomar partido

Quem participou, dia 6, no encontro com jovens inserido nas comemorações do centenário de Álvaro Cunhal e do aniversário do PCP, reforçou a confiança no êxito da luta dos comunistas.

Há generosidade de sobra nos novos militantes comunistas

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Mais de duas centenas de jovens encheram por completo o salão da Casa do Alentejo para o encontro com Jerónimo de Sousa. Se o dia não podia ser mais simbólico – dia do aniversário do PCP, fundado 92 anos antes bem perto dali – também o mote escolhido para o encontro não podia ser mais adequado: «Nas tuas mãos os destinos da tua vida. Toma partido!». Fora precisamente isso que tinha feito, não muito tempo antes, a grande maioria dos jovens ali presentes. Outros não acabariam a noite sem o fazer.

Foi este acto de aderir ao Partido Comunista Português e à Juventude Comunista Portuguesa que se pretendeu valorizar com a iniciativa. O mesmo que Álvaro Cunhal assumiu em 1931, quando tinha apenas 17 anos.

Entre essa data distante e os dias de hoje há muitas diferenças, é certo, mas então como agora os jovens vêem o seu futuro seriamente comprometido e posto em causa o seu inalienável direito a ser felizes. Mas então como hoje os jovens não estão condenados a ser espectadores das suas vidas. Pelo contrário, podem e devem assumir-se como protagonistas na construção do futuro.

Escreveu Álvaro Cunhal, nos anos 30 (mas as suas palavras mantêm hoje toda a actualidade), que o «momento não é favorável a longas hesitações. Cada qual tem que escolher um caminho: para um lado ou para outro. A história não pára e a humanidade segue. O grande problema é a direcção que ela seguirá. Aos homens cabe escolher e decidir.» Nesse tempo a opção colocava-se entre fascismo e democracia; hoje, situa-se entre o regresso a um passado de má memória, de empobrecimento e miséria, ou o retomar do caminho de progresso e justiça que Abril abriu e mostrou ser possível.

Este é, portanto, como sublinhou Jerónimo de Sousa, «um tempo de tomar partido». O Secretário-geral do PCP valorizou, por isso, «todos os que, adquirindo a consciência dos graves problemas que a humanidade enfrenta e das injustiças e dramas humanos de uma sociedade como a nossa, não hesitam em escolher e ser protagonistas na construção do caminho da luta pela sua transformação».

Fazer parte

Ser comunista é, sem dúvida, partilhar ideais tão nobres como a igualdade, a solidariedade, a justiça, a liberdade ou a paz. Mas é mais do que isso. É lutar por eles, de forma organizada e quotidiana, para que sejam mais do que meras aspirações e se tornem realidades palpáveis da vida.

Foi isso que fez Álvaro Cunhal desde o primeiro dia em que aderiu ao PCP; é o que, com avanços e recuos, faz o PCP desde o longínquo dia 6 de Março de 1921, com avanços e recuos; é também o que fazem diariamente as duas centenas de jovens que estiveram na noite de dia 6 na Casa do Alentejo.

Alguns deles partilharam de viva voz o que os levou a tomar partido, este partido. E falaram, todos, das injustiças que sentiam na escola, na universidade ou no trabalho. Da revolta que não cessava de crescer. Da necessidade que sentiam de fazer «alguma coisa». Mas também do boletim da JCP que lhes chegou às mãos ou do colega comunista que, com a sua entrega e persistência, com o seu exemplo, foram determinantes para transformar a revolta em consciência e esta em compromisso. Como salientaram também a força que o colectivo lhes deu para as lutas que travam, para resistir à pressão da polícia que procura impedir uma concentração numa escola secundária ou do patrão que chantageia com o despedimento os que ousam resistir ao aumento da exploração.

É que ser comunista, como alguém disse na sessão, é um acto de coragem, que não dá direito a «pancadinhas nas costas» mas, pelo contrário, dá tantas e tantas vezes azo a sofrer pressões e ameaças e a ser alvo de preconceitos. Mas é a opção certa para quem verdadeiramente quer transformar o mundo e a vida.

Naquela sala estavam estudantes do ensino básico, Secundário e Superior e trabalhadores dos mais variados sectores, com gostos diferentes e estilos diversos, mas unidos na opção que fizeram. É que, como justamente afirmou Jerónimo de Sousa, os comunistas são pessoas normais, diferenciando-se das outras apenas pelos ideais que defendem e pela forma de estar na política, resgatando o que ela tem de mais nobre: servir o povo.

A forma como terminou a iniciativa – com toda a gente a dançar ao som de gaitas de foles e bombos a «Grândola, Vila Morena», «A Internacional» e «A Carvalhesa» – comprovou que, na verdade, os comunistas têm uma enorme alegria de viver, a mesma que colocam na luta que travam no dia-a-dia.

 

Jerónimo de Sousa

Fazer do PCP um partido ainda mais forte

Na intervenção com que iniciou o encontro com jovens do passado dia 6, o Secretário-geral do PCP reafirmou a importância do Partido e de a ele aderir, num momento em que o mundo «está confrontado com a mais grave crise económica do sistema capitalista desde a crise de 1929». Uma crise que veio novamente mostrar que o capitalismo é um sistema «roído por enormes contradições, que gera crises mundiais com consequências devastadoras para muitos milhões de seres humanos».

Esta realidade, que tem actualmente em Portugal uma enorme expressão, demonstra uma vez mais a importância de existir um Partido «capaz de apresentar e concretizar um caminho alternativo que inspire confiança aos trabalhadores e ao povo no seu devir colectivo». Como salientou Jerónimo de Sousa, esse Partido existe e tem nome: Partido Comunista Português, um Partido que faz a diferença porque «diferente é a sua ideologia, a sua política, o seu projecto político».

Dirigindo-se aos novos – e futuros – militantes comunistas, o Secretário-geral lembrou que o PCP é o partido onde o «activista revolucionário entrega à luta o melhor do seu saber e das suas energias, no respeito e compreensão pela sua vida pessoal» e onde o trabalho colectivo «não exclui, antes implica, a contribuição individual e o aproveitamento do valor e das capacidades individuais». Um partido com uma «profunda democracia interna», com uma efectiva intervenção das organizações de base e dos membros do Partido, onde as opiniões diferentes são ouvidas e respeitadas e a direcção e o trabalho colectivos são uma realidade.

Foi a este partido, «determinado na defesa de elevados princípios morais», que tantos e tantos jovens aderiram nos últimos meses e anos. É a este partido que muitos outros deverão aderir para «fazer desta grande força, necessária e indispensável para o povo e o País que é o PCP, uma força ainda mais forte». 

 



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